quinta-feira, 30 de abril de 2009

Zimbreiros - Levada Nova-Levada do Moinho-22/03/2009


Domingo, dia magnífico para uma caminhada por duas das nossas Levadas . A levada Nova e a Levada do Moinho.
O dia como sempre começou bem cedo, de resto como para todos os elementos dos Pés Livres. Quando lá cheguei lá estavam como de costume os habituais madrugadores. Estranho este habito do Madeirense que gosta de levantar-se muito cedo desde que o objectivo seja passear. E diga-se de passagem que aquele momento de espera pela camioneta tem algo de parecido com a azáfama de quando era pequeno, nos preparávamos para uma das nossas tão típicas excursões. O momento de espera, a emoção de ver quem chega, quem são os atrasados, como vêm e qual a sua disposição em nada difere dos momentos iniciais destes meus passeios-excursões da minha infância, tão nossos.
Posto este breve momento de saudosismo, devo dizer-vos que munidos desta boa disposição, entramos para a camioneta que nos levaria para a nossa caminhada. Rumo á Ribeira Brava. Pelo caminho, o olhar duma perspectiva diferente do amanhecer na nossa ilha. O recorte perfeito feito no céu pelas montanhas mesmo que apreciado através dum vidro de um autocarro, tem um sabor especial. Talvez por o podermos apreciar sem a preocupação da condução do dia a dia, que faz com que não nos apercebamos que de facto habitamos uma “terra bendita” como diria meu pai.
Ribeira Brava. Tempo para o café da praxe e para alguns adquirirem o que falta para o farnel que nos deverá consolar o estômago ao longo da caminhada.
Posto isto, hora de subir até ao sítio da Apresentação, e aí tomarmos a Levada Nova para aí iniciarmos o passeio que se iniciou a beira dumas casas. Era domingo. Ninguém na rua ainda aquela hora por aquelas bandas. Certamente na missa e outros a aproveitar o silencio que reina naquelas paragens da Ribeira Brava.
A animação era grande. Afinal tratava-se de um percurso em levada o que por si só não se torna muito cansativo e proporciona a conversa quase em contínuo entre os caminheiros. Bom ouvir esta gente que fala sobre tudo um pouco, sobre a sua vida, a dos outros, da tão propalada crise, enfim da vida que nos envolve todos os dias. As vistas sobre a Lombada da Ponta do Sol são uma constante com a sua Igreja “plantada” entre a Ribeira da Caixa e a Ribeira da Ponta do Sol, para onde caminhávamos, em direcção á nascente da Levada Nova. Cerca de um quilómetro antes de chegarmos á referida madre da Levada, encontramos um túnel com cerca de 200 metros. Á saída desse túnel somos brindados com a bela visão duma queda de água que só não roça a perfeição, porque alguém se lembrou de lá colocar umas “mal amanhadas” folhas de zinco para “proteger” os caminheiros dumas gotas de de agua á sua passagem. A nossa crítica: a ter de ser feita esta protecção teriam de ser noutros materiais, nunca em zinco!
Mais uns metros além e somos confrontados com a nascente da Levada Nova! E meus amigos, digo-vos com toda a sinceridade: não fosse eu em grupo e permaneceria ali por largos minutos…a Ribeira da Ponta do Sol com as suas aguas límpidas a alimentar a Levada Nova, com toda a vegetação envolvente, Seixeiros, Salgueiros Chorões, Massarocos…enfim motivos mais que suficientes para lá deixar-se ficar mais do que realmente podemos quando vamos em grupo. A solidariedade assim o obriga, os horários a cumprir também.
Bem, apreciados os atributos da Ribeira da Ponta do Sol, hora fazer o caminho de volta. A Vereda que nos deveria trazer em desnível ao encontro da Levada do Moinho estava camuflada, logo o remédio foi seguir pelo leito abaixo da Ribeira da Ponta do Sol á procura da madre agora da Levada do Moinho. Percurso algo difícil este com os silvados a atrapalhar o percurso na levada. Toda a panorâmica é mais ou menos parecida á da levada que fizemos num nível superior, mas sempre aqui ou ali verificam-se novas perspectivas sobre a mesma paisagem. No fim da Levada já por detrás da Igreja da Lombada da Ponta do Sol, merece atenção um pequeno monumento ás pessoas que pereceram pelos direitos da agua: “nestas aguas correm sangue suor e lágrimas” – voltaremos a este tema um dia destes.
Chegados a Lombada junto a Igreja, tempo para apreciar o velho moinho, mais ou menos em bom estado e o antigo solar sede do Morgadio da Lombada da Ponta do Sol, mandado erigir pelo rico e abastado fidalgo Flamengo João Esmeraldo . Um edifício cor de rosa que não passa despercebido na paisagem deste sitio.
Por fim a camioneta já nos esperava para nos trazer de volta ao Funchal. Não sem antes fazer-mos um “assalto” a mais uma nespereira ali mesmo á mão. Não sem antes, de parar-mos no famoso “Santo António” no Lugar de Baixo para uma cerveja com “dentinho”
Tempo de voltar a casa.
Até a uma próxima caminhada na minha terra!


domingo, 26 de abril de 2009

Risco e 25 Fontes-15/03/2009






Domingo. Dia bonito. Cheio de sol. Prenúncio de um bom passeio. Num local já anteriormente visitado por algumas vezes. Passeio muito “turístico” dirão alguns. Mas sem dúvida um local a visitar vezes sem conta. Dos tais locais que, em cada visita algo se descobre de novo…de surpreendente.
A caminhada desta vez iria ser feita com um novo grupo: Os Amigos da Levada. Grupo de amigos que se reúne sensivelmente uma vez por mês para uns passeios “ligeiros”. Sendo assim, a concentração começou mais tarde. Por volta das 10 horas. Só por volta das onze horas iniciaríamos a caminhada. Levamos os nossos carros para o inicio da descida do Rabaçal. O inicio da caminhada far-se-ia logo de seguida. Em direcção a Casa de Abrigo do Rabaçal. Assim foi. Depois de chegados a Casa de Abrigo do Rabaçal, é só seguir em direcção ao Risco. O caminho é plano e até para pessoas menos capacitadas é facilmente percorrido. E digamos que vale realmente a pena. É um quilómetro digno de ser percorrido. A visão da queda de água que cai desde a Lagoa do Vento até ao Poço do Risco passando não muito distante do miradouro construído para isso mesmo, deixa qualquer um extasiado. Quem lá vai pela primeira vez ou quem como eu já lá foi algumas vezes.
Saboreada a visão do Risco é tempo de voltar para trás. De volta ao ponto de partida. A Casa de Abrigo. É tempo de seguir agora pela Vereda de acesso às 25 Fontes.
Após uma pequena descida encontrarmos uma levada. É nela que devemos seguir no sentido contrário ao seu curso. Depois de uma caminhada de sensivelmente três quartos de hora, chegamos a um local idílico. Uma lagoa envolvida duma beleza inigualável. Duma paz enorme, onde só o esvoaçar dos tentilhões faz-nos pensar que estamos num local que não faz parte dum quadro inventado por um pintor inspirado.
Refrescado o espírito é tempo de regressar. Para não regressarmos ao ponto de partida seguimos em frente. De encontro ao túnel que nos transportará para a vertente sul da Ilha. Depois de atravessado esse túnel seguimos pela estrada de terra batida. Ao encontro da estrada que desce até á Calheta onde estavam parte dos carros estrategicamente colocados antes do inicio da caminhada. Eram duas horas da tarde. Tempo de voltar ao Funchal. O dia continuava magnífico.
Até á próxima caminhada na nossa terra!




sábado, 25 de abril de 2009

Fajã da Nogueira-Montado Leacock-Cª de carga Central-Lvª Pico Ruivo-08/03/2009


Primeiro passeio do ano.
Era a primeira caminhada do ano. Iríamos caminhar nas serras da Fajã da Nogueira, local de verdadeiras preciosidades botânicas e não só e que fazem parte do Parque Natural da Madeira. Possuidora de um dos melhores núcleos de Floresta Laurissilva da Madeira que por sua vez e pela sua diversidade foi classificada pela UNESCO em Dezembro de 1999, Património Natural da Humanidade. Iríamos assim visitar um santuário.


O dia começou bem cedo. Mochila arrumada no dia anterior ás costas e rumei ao Funchal. Junto ao palácio da Justiça já alguns elementos habituais dos Pés Livres aguardavam em amena cavaqueira. Aguardei pelos meus amigos Lucélia, Gonçalo e o Miguel. Eram eles os parceiros mais chegados para a minha primeira caminhada do ano.

Pelas oito horas já o grupo estava bem composto. Aguardamos pela velha camioneta da CMF que nos iria levar á Fajã da Nogueira para aí iniciarmos a caminhada em redor da dita Fajã.
Parámos, como parece que é habito quando o passeio é por aquelas bandas, em Machico para o primeiro café matinal. Tempo para umas projecções para o que eventualmente nos esperava. O dia estava cinzento, carregado. E assim foi. Chegados a Fajã da Nogueira, mais propriamente, junto a ponte sobre a Ribeira da Metade, começou a chover ligeiramente. Impermeável vestido e estrada acima que se fazia tarde. Uma quebrada acabou por bloquear a estrada de acesso á central logo no inicio, pelo que deveríamos chegar lá acima, ao local de início da caminhada, como não podia deixar de ser, a pé. E assim foi. Uma hora depois, sensivelmente, estávamos junto á lagoa da Central. Começamos a subir. A chuva não parava de nos fazer companhia. Cada vez mais intensa. A subida íngreme, primeiro até a Casa dos Levadeiros, depois até a Câmara de carga da Central da Nogueira, fazia algumas pernas fraquejar. Pelo peso da chuva e não só. O silêncio imperava. Só ouvíamos os passos surdos sobre as folhas molhadas que cobriam o chão. Na casa dos Levadeiros, descansamos um pouco para logo depois seguirmos caminho. Foram cerca de duas horas a subir.

No miradouro no qual se deveria avistar as montanhas do Areeiro e o Pico das Torres, não pudemos usufruir dessas visões. O nevoeiro, alternado com a chuva não nos deixaram ver coisa nenhuma. Ficou, com toda a certeza o desejo de lá voltar e confirmar as vistas que os nossos companheiros de viagem não se fartavam de comentar.

A chuva era cada vez mais intensa e já junto á Levada que trás a água desde o Caldeirão do Inferno para a Central da Fajã da Nogueira, caminhando em direcção á sua nascente, podíamos verificar que ela vinha rasa. Cheia até á esplanada. Umas quedas de água lindas de morrer ajudariam a molhar o pouco que ainda tínhamos seco. Quase duas horas depois chegámos ao caminho de terra que nos traria de volta á Central. Pelo caminho de descida, uma visita incontornável aos dois tis gigantes (Ocotea foetens) que resistem ao tempo. Ao tempo anterior á descoberta da Madeira. Um momento de silêncio é obrigatório perante estes dois bons gigantes que muito já sofreram, mas que se mantêm de pé, como que a mostrar-nos a nós pobres humanos que a vida apesar das dificuldades e adversidades, pode ser vivida em cada nesga de oportunidade desde que haja perseverança. Continuamos a descer em direcção ao ponto de chegada. Deveria ter sido até ao Ribeiro Frio, mas a chuva aliada a quebrada que nos “obrigou” a um esforço suplementar acabou por mudar o ponto de chegada desta caminhada para exactamente o nosso ponto de partida. Diga-se de passagem que a chuva nem nos deu uma trégua para podermos apreciar o farnel tão gentilmente preparado em casa.

A vingança far-se-ia dentro já da camioneta enquanto esperávamos pelos caminheiros mais lentos e durante o percurso até ao Funchal: Malassadas a rodos com e sem mel para toda a gente. Ainda no caminho de regresso, paramos num bar no Faial. Foi, como disseram alguns para tomar o “xarope” para não adoecerem com gripe.

Chegamos ao Funchal pelas 17 horas. Depois das despedidas da praxe, voltamos cada um á nossa vida. Durante nove horas estivemos juntos. Num objectivo comum. Apreciando o santuário da Fajã da Nogueira. Com a certeza de ter de lá voltar. Sem chuva. Para convenientemente apreciar cada recanto deste lugar, destes caminhos.
Até á próxima Caminhada na Minha Terra.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Tópicos que valem sempre a pena lembrar

Antes de dar início ao relato das nossas jornadas convém lembrar algumas normas de conduta que nunca são demais lembrar, aos novos e aos mais experientes caminheiros:

Normas de Conduta:

-Mantenha-se dentro do trilho
-Evite ruídos e atitudes que perturbem o meio ambiente
-Não recolha nem danifique plantas
-Não perturbe os animais
-Não abandone lixo (não deite lenços de papel no chão, a sua decomposição é muito lenta)
-Não faça lume
-Se é fumador, não deite as beatas no chão, guarde-as para colocar no caixote do lixo
-Não destrua ou modifique a sinalética


Para sua segurança:

-Não caminhe só, leve sempre companhia
-Recolha previamente informação actualizada sobre o percurso
-Informe sempre alguém do trilho que vai fazer e hora prevista da chegada
-Certifique-se do tempo de caminhada e garanta que a finaliza antes de anoitecer
-Transporte alguma comida e água de reserva
-Utilize roupa e calçados apropriados
-Se possível leve um telemóvel consigo
-Em caso de fortes chuvas e ventos não faça o percurso ou volte para trás pelo mesmo caminho
-Não corra riscos

Feitas as devidas chamadas de atenção, só me resta desejar-vos do fundo do coração, boas caminhadas!

Tudo tem um princípio


Caminhadas na minha terra, será um espaço onde contarei as minhas curtas experiências como caminheiro, sem qualquer tipo de pretensão que não seja unicamente deixar passar sensações minhas. Pontos de vista meus. No fim de contas um olhar muito particular sobre a forma como olho cada canto da minha terra com os seus defeitos e qualidades. Em suma, uma “empreitada” que há muito me propunha mas que ao mesmo tempo adiava com a velha desculpa do tempo. Sempre o tempo. Mas, como disse há bem pouco tempo a um amigo meu, só não temos tempo para aquilo que não queremos. Sendo assim, aqui estou eu. De alma e coração. Aquilo que irão ler e ver daqui para a frente neste humilde espaço, será verdadeiro, do fundo da alma, do fundo do coração. Espero que gostem.