domingo, 23 de agosto de 2009

Vereda do Galhano (Fonte do Bispo) – Levada da Ribeira da Janela (Madre)- Lamaceiros (Porto Moniz) - 25-07-2009

Sábado 25 de Julho de 2009
Aqui estou eu de volta. De volta para relatar mais um dos meus magníficos passeios pela nossa linda terra.
Desta feita, a mim e ao J. juntaram-se mais cinco elementos. Tudo gente boa, com boa vontade de caminhar.
Combinamos o agrupamento em S. Vicente, na padaria ás oito horas da manhã. Atrasei-me um pouco contra o meu hábito. Cinco minutos. Nada do outro mundo. Já toda a gente estava a tomar o seu café matinal. O J. mal já me tinha ligado pelo caminho estava eu já em plena Vila. Quando cheguei á padaria já o meu “carioca de café” estava em cima da mesa á minha espera. Não havia tempo a perder. Uns cumprimentos á malta do costume e umas palavras aos elementos novos que se juntavam a nós pela primeira vez, consumiram os minutos que restaram antes de nos pôr-mos a caminho do início da nossa caminhada. Fomos em direcção ao Porto Moniz. O tempo estava bom. Um bom prenuncio portanto. Subimos até ás Portas da Vila e flectimos para a subida ao Paul da Serra. Ao chegar á Fonte do Bispo e no cruzamento onde podemos assim ter acesso á zona de lazer e Casa Florestal deste mesmo sítio, estacionamos dois dos nossos carros junto á berma da estrada. Dois carros já tinham assim ficado junto á Lagoa do Lamaceiros, onde terminaria mais tarde o nosso percurso.




O dia continuava magnífico.
Começamos assim a andar, eram nove horas e vinte cinco minutos. Começamos logo a descer num caminho de terra batida até atingirmos um barracão que deve ter servido em tempos de abrigo de materiais de construção eram dez horas e quarenta e cinco minutos. Aqui o caminho de terra termina e embrenhamo-nos numa vereda numa zona quem tanto de bonita como de traiçoeira para alguns caminheiros menos preparados. É a zona de acesso final á Levada da Ribeira da Janela. É a zona do Galhano. Levaríamos apenas vinte minutos a fazer esta descida final. A folhagem seca no chão dá um ar mágico aquele lugar! Daqueles sítios em que, se não fossemos acompanhados, convidaria certamente a uns momentos mais demorados de reflexão…mas, isso hoje não era possível! Tínhamos muito caminho pela frente! E que caminho!
Chegados á Levada foi tempo de eu o J. esperarmos pelo resto da “comitiva”! Um assalto ao farnel para uma maçã e um gole de água perfez assim o tempo de espera.

Todos reunidos novamente, tomamos a decisão de ir até á madre da Levada! Três quilómetros e dois túneis levam-nos á madre da Levada da Ribeira da Janela. Sou suspeito a falar de sítios com quedas de água, lagoas, nascentes…enfim…quem me lê há já a algum tempo sabe que eu sou “suspeito” quando falo destes sítios. Não há remédio! Qualquer descrição deste sitio soaria a tantos outros atrás descritos…desafio-os a verem com os seus próprios olhos! Eram doze horas e vinte minutos quando lá chegamos!
De regresso, paramos junto ao leito da ribeira para dar um pouco de paz ao estômago! Depois disso regressamos assim ao percurso da Levada. Tínhamos um longo e “penoso” (para alguns) caminho pela frente! As vistas desde a margem esquerda, sobre a qual a Levada transporta as suas águas para os Lamaceiros, são estupendas! Ravinas fabulosas! Alturas impressionantes
!



Tínhamos assim nove túneis para percorrer. O desagradável caminhar pelos túneis são compensados com a paisagem que nos espera ao fim de cada um deles! Tempo inclusive de nos rir-mos a bom rir pela reacção dos nossos companheiros á saída do túnel que tem um “limpa ouvidos” bem á medida para os menos preparados! O jacto de água que se solta de uma das paredes bem ao nível das nossas cabeças deixa os mais distraídos completamente “á nora” com a desagradável (?) surpresa!
Contornando assim cada vale chegamos á casa dos Levadeiros eram catorze horas e quarenta e cinco minutos! Aí paramos para novo lanche! Um “assalto” aos peros e algumas ameixas esquecidas junto desta casa fazem assim a delícia dos caminheiros! Os tentilhões acabam por nos ocupar o resto do tempo ao virem-nos literalmente “ás mãos” comer as migalhas das sandes preparadas de casa!
Eu, o J. e outro elemento combinamos assim “esticar” um pouco a partir deste sítio até ao fim da Levada! Vinte minutos depois passávamos por um sítio que só é descaracterizado por umas “mal amanhadas” folhas de zinco que protegem (?) os caminheiros duns pingos mais intensos!
Meia hora depois atingimos uma construção em ruínas que abrigava em tempos idos um motor que movimentava “um fio” de acesso ao leito da Ribeira lá no fundo!
Ás quinze horas e quarenta minutos atingimos uma zona em que uma mesa com uns bancos convidam-nos a apreciar calmamente a paisagem sobranceira á Ribeira da Janela! Não havia tempo para isso! Continuamos assim caminho! Dez minutos depois novo sítio magnifico para um farnel! E com peros á borla! Não podia ser! Tínhamos de continuar caminho! Ainda passamos por uma zona onde houve uma grande derrocada que descaracterizou toda aquela zona, embora reconheçamos que agora esta muito mais seguro!




Atingimos a Lagoa dos Lamaceiros eram dezasseis horas! Andamos seis horas e quarenta minutos!
Tivemos ainda tempo para fazer um reconhecimento pelo parque de merendas dos Lamaceiros! Está muito bonito! As vistas sobre a Ribeira da Janela são lindas de morrer! Uma sugestão mesmo para aqueles que não gostam de andar a pé! Uma deslocação até á lagoa dos Lamaceiros não custa nada, o carro vai até bem perto! Existe lá inclusive, um bonito restaurante/ snack bar no qual somos muito bem atendidos !
Foi aí que tomamos a nossa cerveja da praxe á espera dos caminheiros mais lentos! Diga-se de passagem que o tempo continuava esplêndido!

Não esquecer ainda uma visita ao moinho que aí existe!
Chegados os retardatários, seguimos novamente de encontro á Fonte do Bispo para aí recolhermos as viaturas que aí tinham ficado de manhã!
Na descida do Paul para o Lombo do Mouro ainda fomos presenteados com as nuvens sobre a Encumeada que proporciona um espectáculo magnífico! Escusado será dizer que me demorei novamente por lá para as inevitáveis fotografias!
Um dia em cheio! Com bons amigos, boa conversa e boa disposição!
Nós, já sabem, faça chuva ou faça sol, encontramo-nos por aí, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta terra que é nossa! Um abraço e até um dia destes!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Lombada Velha - Levada dos Moinhos - Portas da Vila (Feira do Gado) - 20-07-2009

Dia de novo passeio com os Amigos da Natureza. Desta feita o passeio seria na Levada dos Moinhos.
Como sempre a azáfama do costume para arranjar lugar marcado no autocarro. Como sempre ás sete e quarenta e cinco este seguiu em direcção á Ribeira Brava para o primeiro café matinal para muita gente. Tomado o café logo seguimos em direcção á Lombada Velha. Um longo caminho portanto pela frente dado que iríamos pelas “costas de baixo” da Ilha. No ritmo lento habitual do autocarro “da ordem” destacado pelos Autocarros do Caniço para os passeios dos Amigos lá fomos alegremente estrada dentro. Muitos comentavam que era de facto “muito tempo de autocarro” para um passeio a pé. Mas não havia nada a fazer. O passeio começava longe e havia que deslocar-se até ao inicio do percurso o mais breve possível. Paramos assim para o início da nossa caminhada junto ao Restaurante Bar “ A Carreta”. Iniciamos assim logo a subir. Primeiro num caminho florestal que liga este sitio á Fonte do Bispo. Não o haveríamos de fazer todo, como é óbvio. Não era esse o objectivo. Começamos a andar eram dez horas e cinco minutos. A subida demoraria uma hora e quarenta e cinco minutos. Paramos para um pequeno farnel antes de irmos ao encontro da madre da levada dos Moinhos na Ribeira da Cruz. O passeio vale meus amigos por este “quadro” da nascente da levada. É de facto um local muito bonito e que merece por si só ser visitado. Depois é só continuar levada dentro. O percurso a partir daí faz-se pela levada que, cerca de vinte e cinco minutos depois, muda de nível, obrigando-nos a uma engraçada descida para a seguirmos novamente.



Meia hora depois damos de caras com os restos dum velho moinho que se mantêm de pé teimosamente contra a má vontade dos homens. Marcas de um passado que deviam ser preservadas para memoria futura. Muita da nossa cultura etnográfica anda por aí na rua da amargura exactamente numa altura que precisamos de aflorar todos os nossos motivos de interesse no que toca á nossa identidade cultural. Uma breve paragem para apreciar as ruínas do único moinho que resta e que contribuiu para o nome desta levada.
Faltavam dez minutos para a três horas quando atingimos um local onde a levada tem uma nova descida de nível. Os caminheiros desta feita têm o prazer de acompanhar esta vertiginosa descida por umas escadas laterais. Algum lodo nas mesmas faz com que se redobrem os cuidados nessa pequena descida. Cinco minutos depois estamos nas Portas da Vila nomeadamente junto ao espaço onde se efectuam as feiras anuais do gado.



Á chegada os caminheiros tinham uma simpática surpresa proporcionada por um dos caminheiros mais antigos a todos os elementos participantes nesta caminhada. Para quem apreciasse o petisco, havia “ chicharros na brasa” e bom vinho da região para acompanhar. Confesso que não era dos meus petiscos preferidos, mas lá tive de provar o petisco gentilmente oferecido! Estavam bons sim senhor!
Assim terminou cedo a nossa curta caminhada. Confesso que “soube a pouco” mas quando caminhamos em grupo há sempre que respeitar a vontade de maioria.
Quanto á nós, já sabem, continuaremos por aí, num qualquer caminho num qualquer lugar deste paraíso que é a nossa terra.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Lameiros – Maruja - Lombada das Vacas – Topo da Queimada – Chão dos Louros – Lameiros - 05-07-2009

Domingo. Fazia dias que estava a pensar se iria acompanhar os “Amigos” nesta caminhada pelas serras de S. Vicente e Ponta Delgada. Tratava-se, segundo o programa de uma caminhada de “quatro botas” o que logo á partida fazia adivinhar um trajecto difícil.
Tudo se decidiu dois dias antes, quando em contacto com um dos elementos mais antigos do grupo, acertamos como iríamos deslocar-nos ao ponto de agrupamento que seria no Rosário, junto á igreja. Não havia transporte até ao inicio da caminhada portanto tudo fazia prever que pelo traçado da mesma e pela falta do mesmo transporte iriam comparecer muito poucos “Amigos”.
Ás sete e meia saímos de S. Martinho. Eu e o meu irmão, demos assim boleia a mais três “amigos” e seguimos viagem na companhia de mais cinco amigos que seguiram noutro automóvel.
A paragem para café matinal desta feita fez-se num dos cafés a caminho da Serra de Agua. O dia adivinhava-se bom para caminhar. Fazia já algum sol e a boca da Encumeada avistava-se clara!
Serviu para as primeiras conversas do dia e para trocar algumas impressões com alguns elementos mais experientes do grupo sobre o que nos esperava em S. Vicente.

Eram oito e meia da manhã e junto á referida igreja, já estavam alguns elementos dos amigos á nossa espera. Dois ou três diga-se de passagem. Entretanto chegaram mais, um ”assustou-se” com as descrições de alguns troços que teríamos de fazer e desistiu ali mesmo. Eu e o meu irmão estávamos decididos a fazer a caminhada. Custasse o que custasse. Ao todo, reunimos vinte e cinco elementos. Algumas mulheres de coragem á mistura.
Sendo assim, e porque nenhum “chefe” oficial compareceu á partida (uns andavam por terras açoreanas e outros com afazeres inadiáveis) dirigimo-nos ao ponto de partida “orientados” por dois ou três dos caminheiros “habituais da casa”.
Iniciamos a nossa caminhada eram oito horas e cinquenta minutos no Caminho do Foro em direcção aos Lameiros. Começamos assim logo a subir. O nosso primeiro objectivo era a Lombada das Vacas. Levamos assim cerca de uma hora e vinte e cinco minutos a fazer esta difícil subida. Algumas vezes a ter de recorrer ás “patas da frente” para sentirmo-nos em segurança de forma a tingir o patamar seguinte. Mas, como digo tantas vezes e aqui não é excepção, o que custa a conquistar tem sempre outro sabor e meus amigos o que se avista desde aquele sitio faz qualquer um perder a respiração! Todo o vale de S. Vicente com todo o seu esplendor, o caminho florestal dos Estanquinhos-Ginjas com o seu traçado ao zig-zag, lá ao fundo o Seixal, mais ao fundo o Porto Moniz…fantástico! Nunca eu alguma vez sonhava estar ali naquele sítio, quando, não poucas vezes visitava a simpática localidade dos Lameiros em S. Vicente!



Continuamos caminho agora nas serras sobranceiras á Ponta Delgada nomeadamente as três Lombadas. Foi duro ver a acção dos incêndios que têm devastado ao longo dos tempos esta zona. Alguns troncos de pinheiros completamente queimados mantêm-se teimosamente de pé como que a servirem de testemunha dos infernos passados. Uma imagem a reter. Para muito boa gente ver… Felizmente um loureiro aqui e ali fazem-nos acreditar que a regeneração pode ser um facto se não houverem mais “desgraças”.
Eram treze horas e cinco minutos quando alcançamos um sítio que eu lhe chamaria de “mágico” Um local magnífico donde se avista o Lombo do Urzal lá em baixo, bem no fundo! Por uns momentos as nuvens deixaram-nos maravilhar com as vistas do Pico Ruivo e o Pico Canário.
Foi tempo para descansar um pouco e dar-mos um “assalto” ao farnel trazido de casa. Tempo para ouvir já algumas queixas…mal sabíamos o que nos esperava ainda! Continuando na subida, foi-nos explicado por um dos caminheiros experientes, que a vereda por ali há dois três anos atrás encontrava-se numa perfeita “avenida” devido á limpeza efectuada pelos serviços florestais há quatro anos. Para isso foi-nos muito atentamente mostrado o local onde foi improvisado um heliporto que transportava os trabalhadores a partir deste local para a limpeza da Vereda da Maruja. Pena que esse trabalho não tivesse nenhum tipo de manutenção ao longo dos anos seguintes deixando o trilho quase que completamente escondido pelo meio da vegetação. Mas era neste trilho que devíamos seguir. Nem a giesta, nem o silvado (maldito silvado) nos faria desviar ou desistir da nossa rota!



A partir daqui o ritmo era mais lento…ouviam-se as queixas em alto som, a falta de água de alguns era colmatada prontamente por quem a tinha em maior quantidade. Impressionante o espírito de grupo desenvolvido neste tipo de situação. Eu continuava sereno. Cansado mas ao mesmo tempo satisfeito comigo mesmo. O silvado insistia em me “riscar a pintura”. Já não importava! Como dizia um camarada meu, “isso só doem os primeiros”! Assim foi!
A descida depois do Topo da Maruja, faz-se com muito cuidado por uma crista de rocha íngreme! A descida que se segue é também muito traiçoeira com muita pedra solta e muito musgo á mistura. Começamos a descer faltavam dez minutos para as duas horas da tarde. Atingimos o leito da Ribeira perto do Chão dos Louros eram dezasseis horas e trinta minutos. Foi bom descansar um pouco enquanto esperávamos pelos mais lentos junto ao leito da ribeira. O som da água límpida a correr era como um “bálsamo” para a nossa mente e nosso corpo! Foi óptima essa sensação! Foi bom partilhar esse sentimento com outros que ali mesmo sentiam o mesmo que nós!
Recuperado um pouco assim dessa “alma” perdida na descida, continuamos caminho até atingirmos uns “poços” junto ao leito da ribeira num patamar mais inferior. Levamos cerca de meia hora nessa descida. Faltava-nos ainda cerca uma hora e quinze minutos para alcançar-mos os carros deixados no começo do Caminho do Foro. Antes de aqui chegarmos, passamos ainda pelo Caminho do Cascalho/ Caminho da Ribeira Grande no sitio com este mesmo nome.




Foi uma caminhada magnífica! Com muita emoção, esforço e boa disposição á mistura! Diria eu uma caminhada completa! Das melhores feitas até agora por mim.
Não posso deixar de agradecer aos caminheiros “habituais da casa” do Grupo Amigos da Natureza” que tão bem nos guiaram pelas difíceis serras de S. Vicente e Ponta Delgada. Foram magníficos neste esforço. Embora saiba que fazem por puro gosto não custa nada agradecer estes “ricos ensinamentos” que nos vão deixando caminhada após caminhada!
Quanto a mim meus amigos cada vez continuo mais maravilhado com a minha terra e com as magnificas surpresas que ela me revela pouco a pouco…Sinto-me tão pequenino e com tão pouco tempo para absorver tanta beleza!
Um abraço e até um dia destes! Já sabem, vão continuar a encontrar-me por aí, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta abençoada terra que é a nossa!