quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ilha - Pico Ruivo (Santana) - Pico do Areeiro (07-02-2010)

Sábado, 7 de Fevereiro de 2010
Havia já algum tempo que queríamos fazer este percurso. Eu e o J. delineamos assim este dia para fazê-lo.
Trata-se de um percurso bonito que faríamos exactamente ao contrário daquilo que tínhamos previsto.
Sendo assim, levaríamos o carro até ao Poiso, para depois aí tomarmos o transporte que nos deveria levar á freguesia da Ilha em Santana.
Digo, deveria, porque realmente, não nos levou. Efeitos do mau tempo, que este Inverno parece não nos querer largar, com umas derrocadas pelo caminho de acesso a esta freguesia, fez com que ficássemos no início da estrada para a freguesia da Ilha. Teríamos assim mais uma hora de caminho pela frente!

Assim, levantamo-nos cedo como convém. Ás sete e quarenta já estávamos no sítio do Poiso a aguardar pelo autocarro da carreira. Pelo caminho, tempo ainda para observar as cores magníficas do sol quando nasce. Imagens que valem por mil palavras.


Uns minutos depois de chegarmos, o autocarro surgiu e daí seguimos viagem. Ribeiro Frio, Cruzinhas, Faial, e finalmente Santana. Aí, o autocarro, fez uma breve paragem. Um compasso de espera que nos serviu para tomar, um saboroso café matinal! Andar de autocarro da carreira por prazer, é uma maravilha! Faz-nos lembrar os tempos da infância e adolescência onde era este o meio de transporte mais utilizado. Daí para cá tudo mudou. Imenso. E nós também.
Depois o autocarro, lá nos deixou. No início do caminho para a Freguesia da Ilha. Ainda havia a esperança duma boleia até á zona da Igreja Matriz. Mas como a estrada estava, ninguém se atrevia a lá passar. Logo, o remédio era subir! Eram nove e meia quando iniciamos esta subida. Os efeitos das derrocadas no acesso a esta freguesia davam um ar desolador ao caminho de acesso.
Cerca de uma hora depois lá estávamos junto á igreja da Ilha.
Eram dez e meia quando começamos efectivamente na vereda de acesso ao Pico Ruivo. A vereda começa por entre umas casas e uns terrenos cultivados e outros por cultivar!
Continuando a subir lá vamos deixando a pouco e pouco a civilização e o pouco da presença humana vai ficando marcada unicamente nuns palheiros de gado!
As vistas sobre Santana e a Achada do Gramacho são soberbas! Continuamos a subir!
As recentes chuvas que caíram por estas bandas “lavaram” por assim dizer o trilho! Assim estavam salvaguardados dos escorregões no muito musgo que forra habitualmente este trilho. Estava magnífico!
Um quarto de hora depois, chegamos ao lugar do Granel.

Daí para cima o trilho é mágico! As paredes revestidas com musgo fazem-nos pensar que estamos num qualquer caminho encantado. Várias paragens obrigatórias para observar cada pormenor.
O silêncio só é interrompido pelos nossos passos. A contemplação, essa, é intensa!
Há que inspirar toda aquela paz. Continuamos a subir.
No entroncamento que nos indica a Casa Florestal do Vale da Lapa, flectimos para a nossa esquerda. Aqui temos um pouco de caminho mais ou menos plano. Optamos por não subir até á casa do Vale da Lapa.
As vistas a partir da vereda sobre Santana, devidamente emolduradas pelas árvores, fazem-nos parar por diversas vezes para contemplar tamanha beleza. Santana descansa lá ao fundo. Nós continuamos pelo Vale da Lapa até ao encontro de veredas. Da que vem das Queimadas para o Caldeirão Verde, e da que percorríamos desde a Ilha até ao Pico Ruivo.

Oportunidade para um pequeno descanso nesta zona aprazível. Trocamos ainda umas palavras com outros caminheiros que iam assim entrar no Túnel em direcção ao Caldeirão Verde. Impressionante o numero cada vez maior de pessoas da terra que resolvem ir á descoberta da sua Ilha.
Depois, continuamos. A subir. Cada vez mais íngreme a subida. Cada vez mais bela a paisagem envolvente. Os degraus devidamente arrumados, aqui e ali, denotam um percurso muito bem delineado. Curva após curva, degrau após degrau, algum cansaço vai se acumulando. O tempo, à medida que vamos subindo vai ficando cada vez mais fresco. Adivinhava-se o pior. A chuva iria fazer-nos companhia. Era uma questão de tempo! Era doze horas e cinco minutos quando saímos do cruzamento de veredas no Vale da Lapa. Levaríamos mais cerca de uma hora e meia a subir até á Vereda que liga a Achada do Teixeira ao Pico Ruivo. Quando atingimos esta vereda já o tempo tinha piorado substancialmente. O vento e alguma chuva, misturado com o nevoeiro faziam-nos já companhia. Pelo caminho deixamos um trilho bonito. Com recantos de abrigo completamente cobertos pelos musgos que davam aos locais um aspecto de terem sido “forrados” por um alcatifa verde.

Depois de atingida a vereda que nos liga ao Pico Ruivo, paramos uns breves momentos para comer e trocar algumas peças de roupa. Vestir o impermeável, era agora obrigatório. Cada vez mais porque, o tempo a partir de agora seria muito agreste. A tudo o que falei anteriormente juntava-se agora uma ventania de nos tirar o “chapéu” Ainda antes de sair deste abrigo, resolvi ligar(afinal o telemóvel serve mesmo para alguma coisa) ao meu irmão mais novo, para nos vir buscar ao Pico do Areeiro. A certeza de que iríamos passar um mau bocado desde o Pico Ruivo até ao Pico do Areeiro, fez-nos abandonar a ideia de fazermos a ligação a pé, desde este ultimo pico, até ao Poiso onde tínhamos o carro. Assim foi.
Foi desgastante o resto do caminho. Chuva, vento e nevoeiro foram os nossos companheiros inseparáveis até ao fim. As botas, a roupa, todo o corpo pesava. Pela água, pelas condições agrestes, pelo cansaço.

Diga-se mesmo que o ritmo foi mesmo muito lento por todas estas razões. Lá chegamos a muito custo. Fizemos como é óbvio a ligação pelos túneis. A mais fácil. A subida final com os ventos intensos não foi muito fácil. Houve mesmo necessidade de agarrarmo-nos “aos arames”.
Ao chegarmos ao Poiso um pouco depois da hora prevista, lá estava o meu irmão mais novo junto com a sua filhota , toda impaciente, á nossa espera. Antes de partirmos em direcção ao Poiso foi tempo de tomarmos um vigorante café e trocar, o que ainda era possível trocar de roupa. Ao entrarmos no pré-fabricado que agora serve de bar a este excelente ponto turístico, toda a gente olhou para nós com ar incrédulo! Dois loucos - devem ter pensado! A verdade é que ninguém imaginava que, metade do nosso percurso, tinha sido feito sob um tempo magnífico!
No fim de contas éramos unânimes em reconhecer, eu e o J. que tinha sido mais uma bonita caminhada! Quando a dose de esforço é maior, o sabor da conquista eleva-se!
Foi um resto de dia muito bem passado em amena cavaqueira.
Um dia em cheio! Com os condimentos em quantidade acertada!

Nós, continuaremos por aqui! Nos lindos trilhos da nossa terra! Sempre a procura de algo novo, de um recanto, de um pormenor, por mais insignificante que possa parecer! Daremos conta disso aqui, como sempre. Sempre que, as palavras e as fotografias consigam descrever, a beleza e a magia que esconde cada canto da nossa magnífica Ilha!
Abraço até á próxima caminhada!
(Os passeios continuam a fazer-se, o tempo para os colocar aqui é que, infelizmente, não tem sido muito. A ver vamos se, a partir de agora a situação muda. Neste passeio, desde o Pico Ruivo até ao Pico do Areeiro não existem fotos, pelas péssimas condições climatéricas que se fizeram sentir. Obrigado a todos pela força que me têm transmitido
)