domingo, 15 de agosto de 2010

Este Blog está de Luto, novamente...

Amigos,

Não existem palavras para exprimir o que me vai na alma...
Um misto confuso de dor e estupfacção chega até mim de todos os lados, impedindo-me, de uma forma estranha, de raciocinar direito...o que sinto neste momento é uma perda...uma perda imensa! Como aquela que sentimos quando perdemos alguém que nos é muito querido...
Depois de 20 de Fevereiro ultimo, uma vez mais a nossa querida terra e muito principalmente o "seu coração verde" foi e está a ser rudemente golpeada pelas chamas impiedosas!
As perdas são terríveis! O cenário é dantesco!
Deixo-vos com as palavras de alguém, que sente como ninguém a dor desta perda!

"Caros Amigos / Caríssimas Amigas,

Esta é uma notícia, que vos dou com o coração tão negro como solo calcinado das vertentes do Pico do Areeiro. Entre as 12 e as 13 horas o lume, impelido por rajadas devento da ordem dos 100 km / hora, subiu velozmente as vertentes da Ribeira do Cidrão, vindo do fundo do Curral das Freiras. Ao chegar ao Pico do Areeiro começou a descer e queimou tudo o que encontrou pelo caminho. A plantação dos Associação dos Amigos do Parque Ecológico não escapou à voracidade das chamas e muito do trabalho realizado nos últimos dez anos foi destruído em instantes.A extraordinária auto-regeneração da formação vegetal primitiva que estava a ocorrer na área do Poço da Neve, na vertente oriental da Ribeira de Santa Luzia, sofreu um forte revés. Os bombeiros e os funcionários do Parque Ecológico, apesar do trabalho abnegado, não conseguiram travar o fogo que transformou em cinzas uma parte significativa da vegetação do Chão da Lagoa e da vertente da Ribeira de Santa Luzia até à área da Casa do Barreiro, que também foi afectada. O Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, propriedade da Associação dos Amigos do Parque Ecológico, também foi atingido. Até este momento ainda não consegui avaliar a dimensão da área queimada. Logo pela manhã tentaremos lá chegar para fazer uma avaliação do que foi destruído e reflectir sobre a forma mais eficaz de iniciar a recuperação. Menos de seis meses depois da força arrasadora da água, as serras da Madeira são varridas pelo fogo. Mais uma vez os satélites meteorológicos registaram o fenómeno e já o difundiram na aldeia global. Esconder ou fazer demagogia não são bons remédios para minimizar as causas do terrível ciclo: aluvião no Inverno - fogo no Verão. É necessário reflectir e debater sem tibiezas, as causas naturais e antrópicas destes acidentes, que provocaram enormes feridas nos ecossistemas e na sociedade madeirense. Nesta hora de profunda dor, apelo a todos os companheiros da Associação para que não desanimem perante este duro golpe e que acreditem que com o seu trabalho voluntário o verde das espécies indígenas voltará a cobrir de esperança as serras do Areeiro.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal"