domingo, 15 de agosto de 2010

Este Blog está de Luto, novamente...

Amigos,

Não existem palavras para exprimir o que me vai na alma...
Um misto confuso de dor e estupfacção chega até mim de todos os lados, impedindo-me, de uma forma estranha, de raciocinar direito...o que sinto neste momento é uma perda...uma perda imensa! Como aquela que sentimos quando perdemos alguém que nos é muito querido...
Depois de 20 de Fevereiro ultimo, uma vez mais a nossa querida terra e muito principalmente o "seu coração verde" foi e está a ser rudemente golpeada pelas chamas impiedosas!
As perdas são terríveis! O cenário é dantesco!
Deixo-vos com as palavras de alguém, que sente como ninguém a dor desta perda!

"Caros Amigos / Caríssimas Amigas,

Esta é uma notícia, que vos dou com o coração tão negro como solo calcinado das vertentes do Pico do Areeiro. Entre as 12 e as 13 horas o lume, impelido por rajadas devento da ordem dos 100 km / hora, subiu velozmente as vertentes da Ribeira do Cidrão, vindo do fundo do Curral das Freiras. Ao chegar ao Pico do Areeiro começou a descer e queimou tudo o que encontrou pelo caminho. A plantação dos Associação dos Amigos do Parque Ecológico não escapou à voracidade das chamas e muito do trabalho realizado nos últimos dez anos foi destruído em instantes.A extraordinária auto-regeneração da formação vegetal primitiva que estava a ocorrer na área do Poço da Neve, na vertente oriental da Ribeira de Santa Luzia, sofreu um forte revés. Os bombeiros e os funcionários do Parque Ecológico, apesar do trabalho abnegado, não conseguiram travar o fogo que transformou em cinzas uma parte significativa da vegetação do Chão da Lagoa e da vertente da Ribeira de Santa Luzia até à área da Casa do Barreiro, que também foi afectada. O Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, propriedade da Associação dos Amigos do Parque Ecológico, também foi atingido. Até este momento ainda não consegui avaliar a dimensão da área queimada. Logo pela manhã tentaremos lá chegar para fazer uma avaliação do que foi destruído e reflectir sobre a forma mais eficaz de iniciar a recuperação. Menos de seis meses depois da força arrasadora da água, as serras da Madeira são varridas pelo fogo. Mais uma vez os satélites meteorológicos registaram o fenómeno e já o difundiram na aldeia global. Esconder ou fazer demagogia não são bons remédios para minimizar as causas do terrível ciclo: aluvião no Inverno - fogo no Verão. É necessário reflectir e debater sem tibiezas, as causas naturais e antrópicas destes acidentes, que provocaram enormes feridas nos ecossistemas e na sociedade madeirense. Nesta hora de profunda dor, apelo a todos os companheiros da Associação para que não desanimem perante este duro golpe e que acreditem que com o seu trabalho voluntário o verde das espécies indígenas voltará a cobrir de esperança as serras do Areeiro.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal"

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ponto - Rabaçal - Risco - 25 Fontes - Levada Rocha Vermelha - Central Hid. da Calheta -14-02-2010

Domingo, 14 de Fevereiro.


Dia dos Namorados. Nada melhor para este dia que “namorar a natureza” indígena da nossa terra neste dia.
Com os Amigos do costume, lá nos juntamos á hora do costume, no sítio do costume e partimos rumo á Ribeira Brava.
A noite tinha sido de pleno Inverno. A caminhada também se adivinhava cheia de água. Novamente. O inverno este ano tem sido rigoroso e como tal, já saímos de casa “armados de armas e bagagens” para fazer frente ao rigor do tempo.
Pela Ribeira Brava já se notavam resquícios da noite anterior. A ribeira vinha com muita água. Os patos lutavam para conseguir um pouco de terra seca junto do seu leito.
O café da manhã acaba por nos despertar desta letargia matinal de quem quer caminhar mas ao mesmo tempo sente-se “descrente” relativamente á ajuda do tempo.
Pouco a pouco a conversa sobre o percurso vai deixando de lado esse sentimento e vamos apenas nos concentrando naquilo que queremos ver. Naquilo que porventura iremos encontrar , dada a quantidade de chuva que caiu durante quase toda a noite!
Iríamos assim de encontro ao Paul da Serra!
Subimos pelos Canhas dado que a estrada da Encumeada – Paul da Serra em dias após a chuva torna-se algo perigosa pela queda de pedras.
A subida fez-se então calma e serenamente pela estrada que liga os Canhas ao Paul da Serra.
Ao chegar ao sítio do Ponto foi tempo de sair para o tempo agreste da chuva miudinha e vento misturado aqui e ali pelo nevoeiro.
A alegria era enorme. Notava-se pela cara de todos. Todos prontos para mais uma caminhada.


A descida a princípio faz-se algo agreste. Cedo se encontra o trilho da vereda. Ele faz-se por dentro das urzes que a princípio nos protegem das agruras do tempo. Alguns escorregões que fazem rir quem não se vê numa situação destas, dão um colorido especial a esta descida.
Vinte e cinco minutos são suficientes para atingir assim a levada Velha do Rabaçal. O percurso está limpo. Uma levada que merecia de facto ser recuperada. Parece que existem ideias no terreno para isso mesmo. A ver vamos!
Antes de iniciarmos o percurso junto a esta vereda, um pequeno desvio para observar o velho túnel que liga este sítio neste vale, até á Calheta. Dizem que está intransitável este túnel, com muita lama. Uma hora e meia depois já estamos na Casa de Abrigo do Rabaçal. Pelo caminho deixamos as vistas sobre o Risco lá ao fundo imponente, com agua tanta como nunca vi!
Tempo para descansar um pouco e comer alguma coisa do farnel trazido de casa. A chuva até aqui não tinha sido tão má como á partida poderíamos ter pensado. A ver íamos, daqui para a frente.
Momentos depois, foi tempo de seguir caminho, depois de satisfeito o estômago.
Iríamos ao Risco. As vistas sobre esta queda de água, são, apesar da saraivada que apanhamos entretanto, soberbas!









O Risco como nunca o vi! Com água de fartura! Lindo de morrer! Que bonita devia estar a Lagoa do Vento! Alguém ainda falou na ideia de subirmos até lá e ver como estaria. Mas infelizmente não passou da ideia. O tempo não estava para brincadeiras. Havia que continuar caminho.
Foi , ainda assim, engraçado ver toda a gente a aproveitar pequeníssimas tréguas da chuva, para as poses das fotografias. De facto o cenário era por demais, digno de ser registado!
Feito o percurso de volta, apanhamos um atalho a descer á direita que nos trás rapidamente ao trilho de acesso ás famosas 25 Fontes. Seguimos assim no sentido do seu percurso de acesso a este maravilhoso local. Estava lindo! A água escorria por todos os sítios! Estavam lindas as 25 Fontes! Perigosas e lindas!
Mas era tempo de continuar. No caminho de volta, até encontrarmos á direita a descida para a Levada da Rocha Vermelha.
Fizemos esta descida, literalmente a “correr”! Num ápice chegamos á referida levada, um pouco antes da casa dos Levadeiros!
Aí paramos um pouco para “reunir as tropas”. Depois foi seguir o sentido da água! De encontro ao longo túnel que nos leva directamente daquele vale á costa sul da Madeira!



A levada vinha a transbordar! Aqui e ali era “obrigatório” molhar os pés! Não existe bota que resista a tanta água!
Á entrada do túnel, uma linda queda de água faz-nos parar durante alguns momentos para apreciar a sua beleza! Definitivamente, as quedas de água, são o meu ponto fraco!
Vinte e cinco minutos, é o tempo que eu e dois camaradas, caminheiros circunstanciais, demoramos a atravessar o referido túnel. Á saída paramos para comer um pouco e ao mesmo tempo tornar a reunir parte do grupo.
Cerca de uma hora, é o suficiente para nos trazer ao sítio onde estava o autocarro á nossa espera.
Houve quem descesse por um trilho junto ao tubo de carga da Central da Calheta. Nós, seguimos em frente e acabamos por descer um caminho em muito mau estado! Nada como “complicar” um bocadinho a “coisa”!
Chegamos ao fim! Chega-se sempre a um fim!

Junto ao autocarro trocamos algumas peças de roupa para tornar mais agradável o regresso ao Funchal. E que alegre estava toda a gente!
Foi uma caminhada, mais uma vez, surpreendente!
É certo que o bom tempo é óptimo para caminhar! Mas nada como ter uma noite de chuva, para tornar toda a paisagem mais bela, mais nítida, com as inevitáveis quedas de água mais exuberantes!
Continuaremos por aqui, a transmitir sensações nossas, por caminhos, trilhos e lugares da nossa querida Ilha.
Abraço, e até á próxima caminhada na minha terra!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ilha - Pico Ruivo (Santana) - Pico do Areeiro (07-02-2010)

Sábado, 7 de Fevereiro de 2010
Havia já algum tempo que queríamos fazer este percurso. Eu e o J. delineamos assim este dia para fazê-lo.
Trata-se de um percurso bonito que faríamos exactamente ao contrário daquilo que tínhamos previsto.
Sendo assim, levaríamos o carro até ao Poiso, para depois aí tomarmos o transporte que nos deveria levar á freguesia da Ilha em Santana.
Digo, deveria, porque realmente, não nos levou. Efeitos do mau tempo, que este Inverno parece não nos querer largar, com umas derrocadas pelo caminho de acesso a esta freguesia, fez com que ficássemos no início da estrada para a freguesia da Ilha. Teríamos assim mais uma hora de caminho pela frente!

Assim, levantamo-nos cedo como convém. Ás sete e quarenta já estávamos no sítio do Poiso a aguardar pelo autocarro da carreira. Pelo caminho, tempo ainda para observar as cores magníficas do sol quando nasce. Imagens que valem por mil palavras.


Uns minutos depois de chegarmos, o autocarro surgiu e daí seguimos viagem. Ribeiro Frio, Cruzinhas, Faial, e finalmente Santana. Aí, o autocarro, fez uma breve paragem. Um compasso de espera que nos serviu para tomar, um saboroso café matinal! Andar de autocarro da carreira por prazer, é uma maravilha! Faz-nos lembrar os tempos da infância e adolescência onde era este o meio de transporte mais utilizado. Daí para cá tudo mudou. Imenso. E nós também.
Depois o autocarro, lá nos deixou. No início do caminho para a Freguesia da Ilha. Ainda havia a esperança duma boleia até á zona da Igreja Matriz. Mas como a estrada estava, ninguém se atrevia a lá passar. Logo, o remédio era subir! Eram nove e meia quando iniciamos esta subida. Os efeitos das derrocadas no acesso a esta freguesia davam um ar desolador ao caminho de acesso.
Cerca de uma hora depois lá estávamos junto á igreja da Ilha.
Eram dez e meia quando começamos efectivamente na vereda de acesso ao Pico Ruivo. A vereda começa por entre umas casas e uns terrenos cultivados e outros por cultivar!
Continuando a subir lá vamos deixando a pouco e pouco a civilização e o pouco da presença humana vai ficando marcada unicamente nuns palheiros de gado!
As vistas sobre Santana e a Achada do Gramacho são soberbas! Continuamos a subir!
As recentes chuvas que caíram por estas bandas “lavaram” por assim dizer o trilho! Assim estavam salvaguardados dos escorregões no muito musgo que forra habitualmente este trilho. Estava magnífico!
Um quarto de hora depois, chegamos ao lugar do Granel.

Daí para cima o trilho é mágico! As paredes revestidas com musgo fazem-nos pensar que estamos num qualquer caminho encantado. Várias paragens obrigatórias para observar cada pormenor.
O silêncio só é interrompido pelos nossos passos. A contemplação, essa, é intensa!
Há que inspirar toda aquela paz. Continuamos a subir.
No entroncamento que nos indica a Casa Florestal do Vale da Lapa, flectimos para a nossa esquerda. Aqui temos um pouco de caminho mais ou menos plano. Optamos por não subir até á casa do Vale da Lapa.
As vistas a partir da vereda sobre Santana, devidamente emolduradas pelas árvores, fazem-nos parar por diversas vezes para contemplar tamanha beleza. Santana descansa lá ao fundo. Nós continuamos pelo Vale da Lapa até ao encontro de veredas. Da que vem das Queimadas para o Caldeirão Verde, e da que percorríamos desde a Ilha até ao Pico Ruivo.

Oportunidade para um pequeno descanso nesta zona aprazível. Trocamos ainda umas palavras com outros caminheiros que iam assim entrar no Túnel em direcção ao Caldeirão Verde. Impressionante o numero cada vez maior de pessoas da terra que resolvem ir á descoberta da sua Ilha.
Depois, continuamos. A subir. Cada vez mais íngreme a subida. Cada vez mais bela a paisagem envolvente. Os degraus devidamente arrumados, aqui e ali, denotam um percurso muito bem delineado. Curva após curva, degrau após degrau, algum cansaço vai se acumulando. O tempo, à medida que vamos subindo vai ficando cada vez mais fresco. Adivinhava-se o pior. A chuva iria fazer-nos companhia. Era uma questão de tempo! Era doze horas e cinco minutos quando saímos do cruzamento de veredas no Vale da Lapa. Levaríamos mais cerca de uma hora e meia a subir até á Vereda que liga a Achada do Teixeira ao Pico Ruivo. Quando atingimos esta vereda já o tempo tinha piorado substancialmente. O vento e alguma chuva, misturado com o nevoeiro faziam-nos já companhia. Pelo caminho deixamos um trilho bonito. Com recantos de abrigo completamente cobertos pelos musgos que davam aos locais um aspecto de terem sido “forrados” por um alcatifa verde.

Depois de atingida a vereda que nos liga ao Pico Ruivo, paramos uns breves momentos para comer e trocar algumas peças de roupa. Vestir o impermeável, era agora obrigatório. Cada vez mais porque, o tempo a partir de agora seria muito agreste. A tudo o que falei anteriormente juntava-se agora uma ventania de nos tirar o “chapéu” Ainda antes de sair deste abrigo, resolvi ligar(afinal o telemóvel serve mesmo para alguma coisa) ao meu irmão mais novo, para nos vir buscar ao Pico do Areeiro. A certeza de que iríamos passar um mau bocado desde o Pico Ruivo até ao Pico do Areeiro, fez-nos abandonar a ideia de fazermos a ligação a pé, desde este ultimo pico, até ao Poiso onde tínhamos o carro. Assim foi.
Foi desgastante o resto do caminho. Chuva, vento e nevoeiro foram os nossos companheiros inseparáveis até ao fim. As botas, a roupa, todo o corpo pesava. Pela água, pelas condições agrestes, pelo cansaço.

Diga-se mesmo que o ritmo foi mesmo muito lento por todas estas razões. Lá chegamos a muito custo. Fizemos como é óbvio a ligação pelos túneis. A mais fácil. A subida final com os ventos intensos não foi muito fácil. Houve mesmo necessidade de agarrarmo-nos “aos arames”.
Ao chegarmos ao Poiso um pouco depois da hora prevista, lá estava o meu irmão mais novo junto com a sua filhota , toda impaciente, á nossa espera. Antes de partirmos em direcção ao Poiso foi tempo de tomarmos um vigorante café e trocar, o que ainda era possível trocar de roupa. Ao entrarmos no pré-fabricado que agora serve de bar a este excelente ponto turístico, toda a gente olhou para nós com ar incrédulo! Dois loucos - devem ter pensado! A verdade é que ninguém imaginava que, metade do nosso percurso, tinha sido feito sob um tempo magnífico!
No fim de contas éramos unânimes em reconhecer, eu e o J. que tinha sido mais uma bonita caminhada! Quando a dose de esforço é maior, o sabor da conquista eleva-se!
Foi um resto de dia muito bem passado em amena cavaqueira.
Um dia em cheio! Com os condimentos em quantidade acertada!

Nós, continuaremos por aqui! Nos lindos trilhos da nossa terra! Sempre a procura de algo novo, de um recanto, de um pormenor, por mais insignificante que possa parecer! Daremos conta disso aqui, como sempre. Sempre que, as palavras e as fotografias consigam descrever, a beleza e a magia que esconde cada canto da nossa magnífica Ilha!
Abraço até á próxima caminhada!
(Os passeios continuam a fazer-se, o tempo para os colocar aqui é que, infelizmente, não tem sido muito. A ver vamos se, a partir de agora a situação muda. Neste passeio, desde o Pico Ruivo até ao Pico do Areeiro não existem fotos, pelas péssimas condições climatéricas que se fizeram sentir. Obrigado a todos pela força que me têm transmitido
)

sábado, 3 de abril de 2010

Santa Páscoa a todos!

A todos os que por aqui passam, desejo, do fundo do coração, uma feliz e santa Páscoa!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Chão das Feiteiras – Ribeiro Frio – Lamaceiros – Santo da Serra - Ribeiro Serrão – Figueirinhas - 31-01-2010

Domingo, 31 de Janeiro de 2010
Apesar da noite de chuva que se tinha feito sentir, foi com surpresa minha que vi muita gente comparecer á caminhada de hoje.
O percurso delineado era fácil. O tempo, esse é que prometia não ajudar em nada. Assim foi.
Faltavam assim quinze minutos para as oito da manhã quando partimos em direcção ao Poiso.
Deveria ser aí que começaríamos a caminhada segundo o programa. Tal não viria a verificar-se porque a chuva tinha tornado demasiado escorregadio o Caminho Velho que passa pelo Chão das Feiteiras. Então desceríamos até a este chão para então aí iniciarmos a caminhada de hoje.
A chuva e o nevoeiro, conforme o previsto já estava “à nossa espera”! Estaria connosco até ao fim!
Sendo assim houve logo que colocar todos os impermeáveis possíveis e imaginários! Havia que retardar ao máximo a penetração da água!
Depois de devidamente (?) preparados, lá seguimos pelo caminho velho que atravessa o Chão das Feiteiras derivando logo abaixo á esquerda em direcção ao Ribeiro Frio. Eram oito horas e cinquenta minutos.
A chuva continuava. A vereda, essa, para nossa surpresa estava em muito bom estado. Não evitou alguns escorregões. Nada de especial. Um quilómetro de puro deleite! Até serviu para umas gargalhadas a sério!
Uns minutos depois chegamos ao Ribeiro Frio. Foi tempo para o primeiro café da manhã. E que bem que soube.
Depois de algumas conversas de circunstância lá seguimos em direcção á Levada da Serra do Faial ou do Furado. A chuva caia cada vez mais intensamente. O percurso decorria a bom ritmo apesar da água.


Continuamos caminho na levada. O percurso é bonito. A chuva e o nevoeiro não nos iria deixar desfrutar de quase nada. Digo quase nada porque, no que respeita a quedas de água, elas seriam por todo o lado, imensas. Qual delas a mais bela?
Cerca de uma hora depois e tempo de cruzarmos a Ribeira do Poço do Bezerro. Ela vinha cheia de água.
Pelo caminho algumas peripécias. Alguém que completamente distraído vai literalmente para dentro da levada e molha o resto de roupa seca que possuía! Risada geral! De facto só rimos com a desgraça alheia!


No Cabeço do Furado passamos por um pequeno túnel que nos dá algumas tréguas em relação á chuva! Por momentos não queremos sair dali! Mas há que continuar! E à saída, lá temos a chuva a cair copiosamente! Os precipícios são enormes!
Ao atingirmos a casa de divisão de águas dos Lamaceiros, paramos um pouco para reagruparmos e comermos um pouco. Sempre com a chuva por nossa companhia!
Logo de seguida encontramos a descida para a Portela, que passa pela casa Florestal dos Lamaceiros.
Continuamos caminho até á segunda caixa divisória de águas. Aí foi tempo de fazermos as despedidas do resto do pessoal. Eu e o J. Iríamos continuar caminho pela Levada da Serra do Faial. Faríamos assim o percurso delineado previamente. Iríamos assim passar pelo Ribeiro Serrão.
Com alguma surpresa dos nossos camaradas caminheiros, lá seguimos debaixo duma copiosa carga de água! Como já estávamos molhados, a roupa já não contava! Seriam á partida mais cerca de quinze quilómetros extra percurso!

Na minha óptica é um percurso algo monótono a partir daqui. A Levada quase sem água, com alguns troços onde a vegetação quase esconde por completo o trilho, misturado aqui e ali por algum excesso de lixo, deixado ao acaso após algumas provas de BTT deixa algo a desejar. A merecer melhor atenção por parte das autoridades locais responsáveis por estes percursos. Surpreendentemente alguns destes troços são muito frequentados por turistas que nos visitam. A ter em conta portanto.
Quatro estradas, João Frino, Águas Mansas, Ribeiro Serrão. Aqui, temos de sair do trilho junto á Levada e fazer o mesmo pela estrada.
Casais de Além, Vale Paraíso. Atravessamos aí a estrada nº203 e fomos até á Quinta com o mesmo nome para aí descermos pelo caminho em frente de encontro á estrada nº 102. Cruzamos esta estrada e descemos então até ao Pinheirinho, por uma vereda. Depois das Eiras, finalmente as Figueirinhas onde chegamos muito cansados. Faltavam quinze minutos para as cinco da tarde.
Foram oito horas a andar. Quase mesmo, sem parar.
Um percurso feito quase exclusivamente sob uma chuva persistente, teimosa. Mas teimosos também somos nós! Concluímos aquilo a que nos propusemos dias antes. O objectivo de completar este trajecto fora conseguido. As vistas sobre a paisagem, iriam ter de ficar para outra oportunidade.
Nós, meus amigos, continuaremos por aqui. Numa qualquer vereda, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta terra.
Abraço e até á próxima!


(Uma vez mais, poucas fotos! A fartura de água caída do céu assim condicionou – foi o que pôde arranjar, espero que gostem)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Poiso – Levada do Blandy – Lagoa do Blandy – Poiso - 24-01-2010

Como não era fim-de-semana de passeio com os Amigos, a falta da montanha fazia-se sentir com, muita intensidade.
Precisava respirar. Os afazeres da “vida normal” não deixam muito tempo disponível para deambular pelas serras. Havia que remediar isso. E é tão fácil por aqui, meus amigos. Em qualquer nesga de terreno se encontra um sítio mágico para apaziguar o espírito.
Sendo assim, então, nada como subir até às serras do Poiso e procurar um desses sítios.
Iria assim fazer parte da Levada do Blandy, até ao Poço – Lagoa e, se o nevoeiro me deixasse iria até ao Cabeço da Lenha.
Seria um percurso fácil. Feito em plena solidão. Perfeito. Eu e a Natureza.




Sendo assim, junto á grade metalica na estrada logo a seguir ao Poiso, a caminho do Pico do Areeiro, virei á direita pela pequena levada. Contra a direcção da água. O nevoeiro começou a fazer-me companhia ligeiramente. Até dava um ar especial, misterioso, a esta pequena caminhada. Eu até gosto do nevoeiro. É como se por momentos o mundo se limite a tudo o que vejo. Nada existe além deste. Coisas minhas.
A levada corre alegre por entre as Uveiras da Serra que, nesta altura, apresentam uma bonita cor avermelhada. O mês de Setembro já vai lá bem longe e as uvas da serra, tão boas para comer e para outros fins, já lá não moram.
O caminho faz-se com silêncio quase absoluto. Só o som da água a correr alegremente traz-me de volta á realidade do que me rodeia.
Continuo.
De encontro ao poço no Cabeço da Agua das Bicas. A vereda é fantástica. O ambiente que nos envolve, magnífico!




Ao chegar á lagoa, uma decepção. Esta estava vazia. Não consegui verificar a razão, mas toda a vida á volta desta mesma lagoa estava mais triste. Alguns arbustos, mesmo já sem vida. Uma pena! A visão estupenda que tive deste mesmo local aquando da minha última passagem fazem-me por momentos pensar que não estou no mesmo sítio. Enfim.
À procura de melhor sítio para pensar, resolvi continuar até ao Cabeço da Lenha. O caminho “mágico”, como lhe chama um meu amigo e eu agora também, hoje com nevoeiro quanto baste, estava sublime!
Os Pinheiros de Douglas (pseutotsuga menziesii) e os Pinheiros de Monterrei (pinus radiata) plantados pelos Serviços Florestais na década de cinquenta do século 20 dão um “ar” de “floresta encantada”, mais uma, a este sítio. O trilho é encantador e não apetece sair dali nunca!
Foi isso que fiz durante algum tempo. Mantive-me por ali. A “inspirar” aquele local e esquecer a vida.

Continuo. O nevoeiro também. Cada vez mais intenso. Começa a chover levemente.
A mudança de tempo foi repentina. Havia que voltar para trás. De volta ao Poiso.
Fica uma sensação boa. Da solidão perfeita. Da perfeita comunhão entre mim e aquele espaço mágico.
O espírito estava assim alimentado.
Era hora de voltar a casa. Para mais uma dura semana!
Abraço, até á próxima caminhada.

terça-feira, 9 de março de 2010

Ribeira Brava - Capela da Gloria - Vereda da Vigia - Vereda do Paço - Estrada M. das Fontes - Cabo Girão - Câmara de Lobos -17-01-2010

Domingo, 17 de Janeiro de 2010
Depois de passada toda a azáfama das festas de Natal e fim de ano, era tempo finalmente de voltar a caminhar pela minha terra!
Era tempo de “queimar “ alguns excessos acumulados com os encantos natalícios próprios da época.
Não pude acompanhar os Amigos na sua primeira caminhada do ano, dado que ela coincidia exactamente com o dia em que eu ficava “mais velho” um ano!
Não haveria autocarro para nos transportar ao início da caminhada deste fim-de-semana. Era assim que ditava o programa.
Sendo assim, previamente combinei com uns amigos boleia até ao sítio de início da caminhada. Ou seja, até á Ribeira Brava. O meu carro ficaria assim, á nossa espera, em Câmara de Lobos.
Sensivelmente á hora marcada, lá rumamos á Ribeira Brava. As conversas pelo caminho foram animadoras. Tratava-se de uma caminhada fácil. Própria para um início de ano, onde a preparação deixava muito a desejar. Enfim, cerca de vinte minutos depois, lá chegamos á Ribeira Brava pela via rápida.
Enquanto aguardávamos pelos camaradas caminheiros que vinham no autocarro da carreira, “vagueamos” pela baixa Ribeirabravense. Fomos assim ao bar do costume, á sandes e ao café do costume.
Um pouco depois, junto ás traseiras da igreja matriz da Ribeira Brava começaram a aparecer pouco a pouco os restantes caminheiros que fariam connosco grande parte da caminhada deste dia.
Tempo para alguns cumprimentos efusivos. Estranho este sentimento que une esta gente de diversos pensares! Votos de bom ano novo e de boas caminhadas também, acima de tudo!
Faltavam dez minutos para as dez horas quando iniciamos a referida caminhada.


Num grupo animado, próprio de amigos que não se viam há muito tempo, seguimos a subir pelo caminho antigo da Ribeira Brava.
Em direcção ao miradouro sobranceiro á Ribeira Brava onde temos uma panorâmica excelente sobre esta localidade. O grupo continuava animado. Foi tempo para algumas poses de grupo para as fotografias do costume.
Depois, continuamos caminho fazendo ainda parte dum troço da antiga Estrada Real e depois na Estrada Regional. Descemos assim o Caminho da Pedra Nossa Senhora de encontro á Capela de Nossa Senhora da Gloria. Faltavam vinte minutos para as onze horas.
Junto a esta simpática capela, descansamos um pouco e demos alívio ao farnel.



Logo depois, foi subir novamente. De encontro ao sítio da Vigia. Seria aí que tomaríamos a vereda com o nome deste sítio de encontro ao Calhau da Lapa. A vereda carece de algum cuidado por parte das autoridades competentes. Nota-se a olhos vistos a degradação da mesma relativamente a minha última passagem por ali no dia um de Maio do ano passado.
O lixo amontoado já lá não anda, mas a degradação, essa é, por demasiado evidente.
No Calhau da Lapa houve tempo para apreciar as ondas do mar que fustigavam o pequeno cais. A força da Natureza a fustigar o pequeno cais semi-destruído.
A Fajã dos Padres lá ao fundo, acantonada entre as rochas e o mar. Um pequeno paraíso de acesso difícil.


Depois de reunirmos mais uns elementos, foi tempo de começar a subir a penosa Vereda do Paço. Esta difícil subida só é atenuada pelas vistas sobre a cascata que desagua no Calhau da Lapa. É de facto uma cascata linda de se ver e as paragens quase que obrigatórias nesta subida em boa medida se devem também ao facto da sua existência. A propósito diga-se e bem que esta cascata já se encontra equipada para a pratica do Canyoning. Uma modalidade em crescente na nossa Ilha, mas desconhecida para a maior parte do chamado “grande público”. A merecer a nossa melhor atenção.
Chegados quase ao inicio da Vereda do Paço, o grupo digamos “partiu-se”! Os mais resistentes (?) continuariam a subir o morro que desembocaria na Estrada Municipal das Fontes.
Pela subida alguns poços abandonados denotam que por ali os terrenos devem ter sido cultivados em tempos idos.
Chegados ao cimo foi tempo de descansar mais um pouco. A subida tinha sido agreste para alguns. Havia que descansar um pouco para seguir caminho. Nuns terrenos junto á berma da estrada, um grupo de homens cavava a terra. Trazendo á luz do dia as batatas (semilhas) que depois de limpas eram espalhadas junto á estrada para serem arrumadas. A caminho dum qualquer mercado do Funchal.
Seguimos então por este caminho até a um sítio onde ele se bifurca com uma estrada sem saída á direita, ainda em construção.
No fim deste caminho subimos á esquerda, por um terreno que deve ter sido em tempos de cultivo. Agora é um bonito manto amarelo com o trevo em flor! A natureza com a sua simplicidade, consegue dar um ar da sua graça mesmo através desta erva comum em flor! Lá ao fundo o Campanário, mais ao fundo a Ribeira Brava.
No cimo deste morro há que transpor um pequeno núcleo de pedra para mais adiante tomarmos a Vereda das Fontinhas.
Mais abaixo, passamos por cima da Via Rápida de ligação do Funchal á Ribeira Brava para assim acedermos a estrada de acesso ao elevador da Fajã dos Padres. Aí, fizemos mais uma paragem.




Faltava-nos subir até ao Cabo Girão. Levaríamos cerca de meia hora a atingir este local. Atingíamos assim o segundo cabo mais alto do mundo! Com cerca de 580 metros de altura! Quem se debruça sobre a sua varanda colocada no promontório que também serve de Miradouro privilegiado, fica literalmente “sem respiração”!
Depois de usufruirmos das vistas magnificas que este miradouro natural nos proporciona, foi tempo de separar-nos e junto com um pequeno grupo já previamente acertado, rumamos agora, desta feita a descer, em direcção ao Caminho Velho do Rancho. Os terrenos cultivados na zona da Caldeira dão a este lugar um aspecto de um “jardim cuidado”. Impressionante como até os terrenos cultivados dão um ar tão bonito a estes socalcos dificilmente conquistados á “terra mãe”.


Fomos assim descendo este velho caminho de encontro ao sítio do Rancho. Aí deveríamos tomar a Vereda da Areia. Do sitio das Tabaibas seguimos pela Rua Ricardo Ferreira César, ilustre câmaralobense homenageado pela sua terra, com o nome dado a esta rua, pelo seu importante contributo na luta pela irrigação do seu concelho. Diga-se que, como sócio fundador do Sindicado Agrícola de Câmara de Lobos, juntamente com Dr. João Artur Soares Henriques, esteve nos primeiros esforços desenvolvidos para a irrigação do Concelho de Câmara de Lobos. Posteriormente com a vinda á Madeira da Missão Técnica de 1939 foi este homem de estrema importância, na elaboração dos planos da Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira, entidade construtora da Levada do Norte, inaugurada em 1 de Junho de 1952.
Descemos assim depois, pelo caminho das Preces, para a casa (lagar) de um Amigo, para onde tínhamos sido previamente convidados para provar um petisco previamente preparado.

Foi um final de passeio "comemorado" com muito boa disposição junto a um velho lagar de uma fazenda típica desta terra. Houve mesmo quem apreciasse por demasiado o petisco gentilmente oferecido, de tal forma, que foi o “cabo dos trabalhos” para encontrar o caminho de saída de encontro á Cidade Nova de Câmara de Lobos.
Tudo foi levado a bom termo.
Um passeio digno de permanecer na nossa memória. Pela disposição ao longo de todo o percurso. Pelo percurso diferente, sempre com o mar como cenário.
Amigos, resta-me agradecer terem estado comigo em mais esta caminhada.
Abraço e até á próxima caminhada, num qualquer caminho, numa qualquer vereda desta magnífica terra!