quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Levada do Norte (lanço - Boa Morte - Central Hidroeléctrica da Serra de Água)

Hoje, no dia Mundial da Fotografia, deixo-vos com um video. De muitas fotografias, provavelmente da levada mais bonita do mundo!
LEVADA DO NORTE 

terça-feira, 11 de agosto de 2015

50.000 Visitas!

Quando em Abril de 2009 iniciei este Blog para falar das minhas parcas experiências como caminheiro na Ilha da Madeira não fazia ideia da dimensão e do carinho que este mesmo espaço adquiriu com o passar do tempo. 
Nem sempre foi actualizado como eu pretendia ao longo destes seis anos. A vida aqui e ali não nos permitiu e a motivação falhou em alguns períodos. 
Foi sempre a vossa presença com as vossas visitas, comentários e mensagens que mantiveram este projecto que iniciei com o maior dos carinhos!
A todos agradeço, um por um!
Muito obrigado e até qualquer dia, numa qualquer vereda, levada ou caminho desta abençoada terra!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Levada Nova - Madre da Levada - Levada do Moinho - Igreja do Espírito Santo/Lombada -27-01-2015

O percurso de hoje que vos trago aqui, é um percurso fácil de verão, como convém por estes dias.
Trata-se de um caminho por duas das levadas mais emblemáticas da Ponta do Sol. Cada uma carregada de história que nem sempre foi pacífica entre elas. Tratam-se da Levada Nova e Levada do Moinho.
A difícil orografia da Madeira sempre levou a grandes disputas pelo bem precioso que é a água. Trazer a mesma dos sítios mais impensáveis até onde ela era precisa sempre foi um trabalho hercúleo. A sua defesa era uma constante. Podemos mesmo dizer que fez parte do dia a dia dos nossos antepassados.
Em 1958 a Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira começa a construção da Levada Nova. Tem como objectivo inicial trazer água da Calheta para a Tabúa. Mas o povo da Lombada desconfia que apenas se tratava de um ilícito acto para o Estado apoderar-se das águas que corriam livremente pela sua Levada do Moinho.  Defendendo um direito que lhes foi outorgado pela compra das terras de 'colonia', as gentes da Lombada insurgem-se contra as autoridades vigentes. Então, o "cabo da Levada do Moinho" ou simplesmente nascente da levada é defendido dia e noite pelo povo. Esta guarda durou entre os dias 6 de Maio e 21 de Agosto de 1962. Durante este período ocorreram prisões e alguns ataques dissuasores por parte das forças do Estado. No entanto, o povo continuou fiel à guarda da sua Levada mantendo-a sempre, até ao fatídico dia 21 de Agosto. Nesse dia, as forças da Polícia em numero desproporcionado, relativamente aos seus opositores, enviadas pela Junta Geral para desmobilizarem definitivamente as gentes da Lombada atacaram os resistentes defensores da Levada do Moinho. Um dos muitos tiros disparados tirou a vida à jovem 'Sãozinha' com apenas 17 anos. Ainda hoje é lembrada pelas gentes da Lombada como símbolo da sua própria resistência.
Depois de um breve apontamento histórico sobre a história destas duas levadas, sempre importante de lembrar, vamos ao percurso belo e sublime, todo ele percorrido numa das encostas da Ribeira da Ponta do Sol. 
Depois de revisitar o belo Solar dos Esmeraldos, que funciona como escola actualmente (durante a semana há essa possibilidade), foi tempo de visitar o velho moinho que deu nome a uma das levadas que hoje íamos percorrer. Lá encontramos a Dª Maria Ganança que duas vezes por semana borda e ensina a bordar quem por ali lhe quiser fazer companhia. O espaço encontra-se decorado com fotografias antigas da Lombada e Ponta do Sol e os bordados Madeira encontram-se ali espalhados, acabados de fazer pelas mão engenhosas das mulheres madeirenses. Foi um prazer falar com esta senhora de trato fácil. Foi delicioso saber que ela mesma também fez parte das pessoas que fizeram a 'heróica' guarda no Cabo da Levada.

Depois de uma amena cavaqueira, lá segui ao encontro da Levada Nova pelo íngreme Caminho das Pedras que fica nas imediações das traseiras da Igreja. Seria aí que deixaria o carro para posterior recolha. São cerca de 15/20 minutos de subida que valem bem o esforço. No início uma bela casa de provecta idade mostra as inconfundíveis marcas da construção madeirense! Continuando a subir, as vistas sobre as margens da Ribeira são lindíssimas.  



Chegado ao Caminho Novo da Lombada, virando à esquerda encontramos a levada Nova que corre assim debaixo do caminho. Tomamos o ramal da esquerda. É por ele que seguimos em sentido contrário à agua. 
Primeiro entre uns canaviais, resquícios de um tempo em que toda aquela zona era dominada por essa cultura, numa época em que o açúcar teve uma importância crucial para o povo da Madeira e para as gentes da Lombada em particular.
Minutos depois a levada abre-se sobre o belo vale onde corre a Ribeira Ponta do Sol. Na margem esquerda é possível ver o traçado da quase desactivada Levada do Coronel. É com ela sempre acompanhar-nos do outro lado da ribeira que vamos até ao fim do vale!



Nunca é demais chamar a atenção para os cuidados que esta levada mereceu ultimamente. Uns varandins (embora de ferro), protegem agora as passagens mais perigosas que fazem parte desta levada. 
Meia hora depois de iniciarmos o percurso, passamos sobre uma ponte metálica que evita ter de acompanhar a levada ao fundo da garganta. Não deixa de ser uma bela oportunidade para fotografar a mesma, numa posição privilegiada. Esta no Verão traz menos água, mas há sempre um fio que corre para manter o verde naquele corgo.













A levada agora corre como que, protegida pela encosta. Esta zona que era algo vertiginosa transformou-se num agradável percurso com vistas de valor incalculável sobre todo o vale da Ribeira da Ponta do Sol!
Cinquenta minutos depois de ter começado e depois de atravessar um pequeno túnel para o qual necessitamos de lanterna, dá de caras com o 'ex-libris' da Levada Nova. Trata-se do corgo do Ribeiro Frio que mesmo no Verão, não deixa de presentear os seus caminhantes com uma bela cascata! Por aí demore-se! O tempo que puder! Descanse, tire fotos, leia, medite ou simplesmente observe!









O corgo no entanto é facilmente ultrapassável por detrás/debaixo da cascata. Digo-vos que é uma sensação incrível! Eu que já perdi a conta as vezes que por ali já passei não deixo de sentir sempre algo de novo quando ali passo! Vale realmente a pena passar por ali, mesmo que mais motivos de interesse não houvesse! Mas não é definitivamente o caso! Continuamos então!
Vinte minutos depois, à esquerda vai notar a escadaria muito bem construída que agora que lhe dará acesso à Levada do Moinho e assim retornar à Lombada mais propriamente ao pé da igreja do Espírito Santo. No entanto não vamos descer por aí ainda. Seguimos em frente. Até à nascente da levada que, embora já tivesse conhecido melhores dias (as intempéries e as investidas do homem para a busca de areia e pedra descaracterizaram esta emblemática zona) por estes dias recupera a sua antiga beleza. Ao menos as infindáveis obras acabaram por ali. Se levou merenda demorada pode ver que na margem da ribeira (direita) foram construídos uns espaços onde pode merendar à sombra de umas belas árvores. 





Se preferir algo mais recôndito espere até que atinja a levada do Moinho no seu caminho de volta. Para o fazer, como já disse atrás só tem de recuar até à zona da escadaria e descer a mesma até à Levada do Moinho. Não levará mais que cinco minutos a fazer esta ligação entre levadas. Olhe que já foi bem pior! Este acesso era um autêntico quebra cabeças e mesmo quando o encontrávamos era o cabo dos trabalhos fazer o mesmo!
Sendo assim e então já na levada do Moinho é tempo de fazer o seu caminho de volta ao sabor da corrente. Não também, sem antes visitar a respectiva madre. Vale bem a pena! Quanto mais não seja em respeito pelo seu peso histórico atrás referido!



No caminho de volta, onde a levada ultrapassa o Ribeiro Frio, na sua margem direita há uma zona onde pode agradavelmente esvaziar o farnel. Só terá por companhia o cantar dos pássaros e o barulho murmurante da água que corre no ribeiro! Se puder e tiver alguma segurança de pés, vale a pena investir um pouco ribeiro acima! Existem uns pequenos lagos dignos de serem observados!





A partir daqui a levada corre por um pequeno núcleo de floresta muito agradável. A levada apesar de ter sido recentemente toda recuperada não possui o mesmo tipo de piso que a levada de cima (Levada Nova), aconselhamos assim um pouco de cuidado pela sua irregularidade embora não tenha qualquer perigo em termos de alturas vertiginosas.
Quando notar os terrenos agrícolas cuidados saberá que está perto de chegar ao fim. A silhueta da igreja não engana!






Não perca a oportunidade de visitar o monumento em honra dos resistentes da levada agora colocado em frente à igreja. Em tempos idos outro monumento esteve patente nas traseiras da igreja mesmo junto à levada da autoria do escultor madeirense Sílvio Cró mas, infelizmente, o vandalismo a que foi sujeito, destruiu-o sem dó nem piedade!



Um agradável passeio para estes dias de Verão (embora possa ser percorrido em qualquer outra altura do ano). Pessoalmente gosto de fazer este percurso a partir das 15 horas. A luz ilumina todo o vale e a vinda torna-se menos cansativa já que não tem de submeter-se ao sol escaldante destes dias principalmente na parte final da levada!
São cerca de 9 km de puro deleite que pode percorrer em tranquilamente em 2h30/3h00 horas, cerca de metade para cada percurso, o de ida e o de volta. 
Boas caminhadas! 

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Assobiadouros - Fio - Fanal (casa florestal) - 02/01/2015

Depois do Natal vivido em família como habitual, um convite de um amigo muito especial, fez-me iniciar as caminhadas deste ano um pouco mais cedo do que o previsto.
Era assim uma oportunidade de mostrar a uns amigos nossos, a beleza da vereda do Fanal em todo o seu esplendor, afim ser registada em filme e posteriormente utilizada num projecto cinematográfico.
Os avisos para a má preparação nestas "andanças" nas caminhadas pela serra, foram feitos desde muito cedo por este meu estimado amigo. Seria portanto um passeio, calmo e ao sabor dos muitos motivos "filmáveis" ao longo da vereda com cerca de 11 km.
Um passeio ao Fanal é sempre algo irrecusável!
Depois do complicado trabalho de reunir o pequeno grupo e respectiva logística para o passeio de hoje, lá partimos rumo ao Fanal, pela malfadada estrada que liga os Canhas ao Paul da Serra.
O caminho conforme já referido anteriormente, é penoso. O motivo era nobre. Captar momentos e sítios únicos para mais tarde ver e rever.
Faltavam  cerca de dez minutos para o meio dia, quando iniciamos a Vereda do Fanal, na zona mais conhecida pelos Assobiadouros.


O dia estava bom, apenas umas pequenas nuvens pairavam suavemente pelo ar.
Cerca de uma hora depois já estamos com as primeiras vistas sobre o Chão da Ribeira no Seixal. O dia lá em baixo está bonito e soalheiro,  óptimo para continuar a fazer daquele lugar um paraíso da agricultura para o povo do Seixal.


O caminho é sempre em frente, não há nada que enganar. Um percurso seguramente para toda a família.
Passamos por um zona onde os musgos invadem os loureiros dando aos mesmo um aspecto ancestral.
Uma hora depois, é tempo de passar por uma pequena ponte de madeira e voltamos a descer novamente até um pequeno corgo que, por esta altura, tem alguma água.




  


Os nevoeiros agora ameaçam, mas os meus amigos não desesperam. Há que aproveitar o ambiente místico que o nevoeiro sempre imprime.
Ás 15h50m atravessamos a estrada do Fanal e seguimos a vereda que está mesmo do outro lado da estrada que rompeu o isolamento daquele santuário. Descemos até a um ponto em que a vereda flecte à esquerda. É por aí que devemos seguir (pela direita iríamos encontrar a Vereda das Voltas de encontro ao Chão da Ribeira).




Tomado o caminho certo, continuamos. Com paragens e mais alguns planos filmados. Vinte minutos depois atinge-se um dos locais mais bonitos daquele troço. Aí meus amigos, misturam-se o nevoeiro, as pedras como que arrumadas encosta acima cobertas por musgos, e os loureiros que desafiam o nevoeiro para um "jogo de escondidos".
A vereda chega a uma zona onde uma pequena torneira por vezes deita água. Fica mesmo ao lado da estrada. É agora por um caminho de terra batida que devemos seguir em frente até que encontramos a derivação à direita ao encontro ao Fio e o seu miradouro. Iríamos então ver se eventualmente teríamos sorte.
Infelizmente não seria desta vez que mostraria aos meus amigos as vistas sem fim que temos deste o miradouro natural do Fio sobre a costa norte da ilha. Fomos então até ao fim do caminho para comprovar isso mesmo.
Voltamos assim ligeiramente atrás e derivamos à direita onde a vereda nos levaria até ao Fanal, mais propriamente junto à casa Florestal.
Mas antes de atingirmos a referida casa, haviam algumas surpresas. A partir da zona onde um incêndio há dois anos queimou uma vasta área daquele lugar, entramos num núcleo de Floresta Laurissilva muito bonito. Aí mesmo seriam captados uns bons planos para o filme que seria feito! Até o nevoeiro ajudou e apareceu na medida certa!







Até à casa, o percurso foi como andar num labirinto completamente envolvidos pelo nevoeiro. A orientação em direcção à casa florestal, no entanto, é fácil. Ficaram assim pelo caminho as vistas sobre a Ribeira Funda. Ficou a promessa destes meus amigos lá voltarem para comprovarem tudo o que lhes tinha dito durante a caminhada. Espero ao menos que os planos gravados sirvam os seus propósitos!




Assim foi meus amigos a primeira caminhada do ano.
Simples e com amigos como convém. Uma vereda que pode ser feita em qualquer altura do ano, embora num dia limpo seja muito mais proveitoso pelas vistas que se alcançam!
Nós, ficamos por aqui. Até à próxima caminhada na minha terra.