quarta-feira, 27 de maio de 2009

Encumeada - Relvinhas – Fajã Escura – Levada do Curral - Tanque - 24-04-2009


Domingo dia 24 de Maio de 2009. Dia algo cinzento.
Começou com mais um passeio com os Amigos da Natureza. Terceiro passeio com esta gente sempre bem-disposta, e sempre muito dispersa.
Mais uma vez um autocarro completo, com algumas pessoas de pé rumo ao inicio do nosso passeio. Rumo á Encumeada.
Como sempre, depois das sete e quarenta e cinco, rumamos á Ribeira Brava para o café matinal. O dia e eu parecíamos algo melancólicos. A vinda no dia anterior do continente, com uma aterragem um pouco ás avessas com o vento no nosso aeroporto, deixa qualquer um e eu principalmente num estado de letargia que é difícil de explicar. É como se escapássemos por um triz á morte certa e depois ficássemos naquela, tipo: “ já não sou deste mundo”.
Enfim, fobias que não são para aqui chamadas, porque o que nos esperava era um percurso bem terra a terra por uma das nossas mais bonitas veredas.
Depois do café lá seguimos no “compasso do Scania” já “cansado”, Encumeada fora.
Estranha a sensação cada vez que subo esta inclinação da nossa magnifica terra. Trazem-me sempre velhas recordações de infância que irremediavelmente voltam sempre! São incontornáveis estes sentimentos. A lentidão do autocarro na subida proporciona isso mesmo, excepto quando somos abordados por um qualquer camarada caminheiro que nos alerta para uma qualquer piada da “ordem”. Desta vez não faltavam comentários á possível chuva que iríamos apanhar na certa. Inclusive a dada altura houve mesmo quem confirmasse que chovia na Encumeada através duma chamada de telemóvel.
Nada, mas nada demove esta gente! Ou antes, o bom tempo acompanha de facto os Amigos da Natureza! Chegados a Boca da Encumeada a chuva parou! Um ligeiro nevoeiro, agora mais alto, era só o único atrapalho para que pudéssemos desfrutar das vistas sobre a paisagem.
Iniciamos caminho rumo ao Curral Jangão. Neste sítio recôndito verificamos que os palheiros de apoio á agricultura demonstram o abandono a que essa mesma agricultura foi votada. É algo desolador ver o estado de alguns destes palheiros bem como os poios circundantes.
O tempo melhorava substancialmente e já era possível ver o arco-íris sobre a zona onde fica a Residencial Encumeada. As vistas sobre a mesma e sobre toda essa zona cada vez mais magnificas. Ao longe e ao fundo a levada das Rabaças (em agenda para um dos próximos passeios).
Começamos a subir pela Fenda do Ferreiro. Uma subida algo íngreme, numa vereda ora difícil em mau estado ora em tão perfeito estado mas se calhar não executada da melhor forma. Penso mesmo que o percurso inverso em dias invernosos será deveras muito difícil de percorrer. Enfim, divagações minhas.




Nesta subida, as giestas em flor dão às encostas um toque mágico, que mais parece uma tela de um pintor inspirado! Se nunca viu este espectáculo, aproveite esta altura do ano. Vai ver que vale a pena. Fiquei estarrecido! Meu irmão e camarada caminheiro mais novo, “aproveitou-se” das minhas paragens demoradas para as necessárias fotografias e escapou-se lá mais para a frente. Agora a minha companhia seria o meu camarada J. até às Relvinhas e posteriormente até ao Curral.
Que vista esta das Relvinhas meus amigos! Este sítio é com certeza um dos locais mágicos a juntar a tantos outros por aí escondidos! O Curral lá em baixo aos nossos pés! O Pico Grande ali mesmo á nossa beira á espera de ser escalado. Meus amigos, a escolha é mesmo muito difícil!
Deixemos a escalada ao Pico Grande para outra ocasião. É hora de seguir o grupo até ao Curral das Freiras. O dia continuava bom para uma caminhada. A vereda de acesso á Fajã Escura sob os famosos castanheiros do Curral, faz-se debaixo de uma alegria imensa. Nem se sente a descida. A boa disposição com umas anedotas pelo meio torna esta tarefa um pouco mais suave.
Por fim a s cerejeiras carregadas de cerejas fazem o regalo de quem vinha cheio de sede! Uma tentação para os viandantes, diga-se de passagem!
Mas a sede tira-se verdadeiramente com uma “Coral” no primeiro bar que encontramos na Fajã Escura. Meu irmão já lá esperava pacientemente.



Havia de facto muito para esperar. Faltava muito para as duas horas e o autocarro só sairia dali pela quinze e trinta. Nisto uma ideia “luminosa” do meu irmão: em vez de esperar pacientemente pelo autocarro, iríamos seguir pela Levada do Curral e Castelejo até ao sítio do Tanque em Santo António. Fazia tempo que pretendíamos fazer esta levada. Eis o momento certo para a percorrermos!
Depois de encontrarmos a vereda de encontro á Levada, seguimos nesta. Que vistas sobre o Curral! Que abismos arrepiantes!
A levada que começa bem cuidada, cedo se mostra algo desprezada. O peso do tempo faz-se sentir por este trilho outrora muito importante para as gentes do Curral. A levada em certos pontos está a ceder e num determinado ponto está mesmo completamente suspensa por uma arvore que teima em cravar as suas raízes nas rochas segurando teimosamente este canal.
Foi um importante elo no passado entre esta freguesia de Câmara de Lobos e o Funchal. Por ela passaram gerações em busca das suas vidas fora daquele isolado núcleo.
Lembro-me em criança que numa fazenda junto á casa de meus pais, haviam dois curraleiros que trabalhavam nessa mesma fazenda durante a semana e era vê-los á sexta feira á tarde subir de encontro a esta mesma levada de volta á sua terra para o merecido descanso de fim de semana. Tempos difíceis esses que faziam um habitante do Curral, hoje a uns simples vinte minutos de São Martinho, ter de ficar uma semana longe da família para ganhar o pão de cada dia. Outros tempos sem dúvida!



Passamos ainda pelo sítio da Fajã do Poio, aldeia fantasma pertencente á Freguesia de Santo António do Funchal. Tempo para apreciar este núcleo abandonado há cerca de 30 anos, onde chegaram a viver cerca de trinta pessoas. As casas envoltas nos rolos de silvado dão um ar nostálgico ao local, mas compreendem-se as razões do abandono. Os terrenos outrora cultivados estão hoje também completamente abandonados nesta margem direita da Ribeira da Lapa, afluente da Ribeira dos Socorridos.

Chegamos ao sítio do Tanque em Santo António eram quatro horas e vinte e cinco minutos. Cansados mas contentes! Foram cerca de sete horas a andar!
Obrigado “brother” pela sugestão. Sem ela esta caminhada seria de certeza mais pobre tanto em emoção como em duração!
Um abraço e até á próxima caminhada na minha terra, num qualquer caminho, num qualquer lugar!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Portela - Espigão Amarelo - Boca do Risco – Machico - 10/05/2009


Domingo. Pela segunda vez iria juntar-me ao “entretido” grupo Amigos da Natureza. Sabia bem que não me iria arrepender.
Muita, mas muita gente logo pela manhã junto á antiga Avenida do Mar. Parece que toda a gente está a responder á chamada. E aparecem sempre os “intrometidos” como eu.
Como já disse no início do Blogue não haveriam pretensões especificas que não fossem transmitir sensações só minhas dos muitos caminhos e lugares desta minha terra.
E para quem conhece tão pouco, nada melhor que de vez em quando juntar-me a estes grupos de pessoas que fazem isto há anos a fio. Sem publicidades, sem vaidades, sem marketing, apenas movidos pela vontade de caminhar ano após ano. Caminhando por alguns trilhos repetidamente, vezes sem conta, obtendo em cada vez uma perspectiva nova, um degrau novo, uma nova descida, um novo desvio, um novo atalho por meio de uma qualquer urze.
A minha única pretensão é conhecer e louvar cada santuário que esta terra guarda no seu íntimo e ás vezes tão á nossa beira que nem nos apercebemos.
Posto isto, tempo voltar a descrição no nosso magnífico passeio.
O autocarro, como já seria de adivinhar, completou-se muito rapidamente. E lá seguimos, na azáfama habitual rumo a Machico para o primeiro café da manhã.
Em Machico muito rapidamente o grupo dividiu-se em pequenos grupos para o café matinal. Chegaram inclusive mais elementos habituais daquela zona que também costumam fazer caminhadas. Teriam que deslocar-se na “camioneta da carreira” ou então em carro próprio até á Portela, ponto do início da caminhada.
Chegamos á Portela pelas nove e meia. A subida até este local fez-se muito lentamente. Ao ritmo de um autocarro cheio de boa disposição. Um dia magnifico por aquelas bandas. Um vista sempre espectacular sobre o Porto da Cruz e em destaque sobre a Penha de Águia. Tempo ainda para umas “fotos de família” junto á nova zona de lazer deste local. Logo de seguida iniciou-se a descida rumo ás terras do Porto da Cruz. Alguns divergiram pelas Funduras, aliás como é habitual neste grupo. Eu continuei com o “grosso da coluna” rumo á Cruz da Guarda. Palmilhamos aí alguns metros em alcatrão. Contra meu gosto, digamos de passagem. Teríamos de encontrar uma pequena levada de encontro ao Larano. O dia e a boa disposição continuavam no auge! As anedotas e risadas surgiam em catadupa!






Tempo de subir a um pequeno promontório de onde se avista a o Porto da Cruz em destaque com a sua baía. Depois disso, começamos a subir novamente, de encontro a outro promontório. Desta feita juntei-me a um pequeno subgrupo de caminheiros da “casa”, com muito mais “rodagem” nestas andanças. Ainda bem que assim foi! Dali, fiquei com uma visão arrepiante do Curral do Mar que de outra forma não seria possível. O “grosso da coluna” seguira a vereda pelo caminho mais curto. Ainda bem que me deixei ficar!
Tempo de tomar ainda o caminho do Cabo Larano, que assim se chama por ter sido construído exactamente para dar acesso ao Teleférico Misto do Cabo Larano. Este teleférico foi construído para dar acesso aos difíceis terrenos agrícolas do Curral do Mar. Construído com apoios do Fundo Europeu de Orientação e de Garantia Agrícola e cujo o promotor foi a Associação de Agricultores da Madeira. Infelizmente ao que parece, nunca funcionou. Isto só por si justifica os terrenos agrícolas abandonados neste sítio de dificílimo acesso
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Continuamos caminho. Agora pela Vereda do Risco. Que paisagens arrepiantes! Que beleza fantástica! Apesar de alguma perigosidade do percurso, facilmente a esquecemos em detrimento das paisagens únicas! O som do mar a bater lá em baixo, só intervalado com o silencio ensurdecedor das ravinas!
No trilho, destaque ainda para a boa disposição deste pequeno grupo no qual me “incluí” eu e o meu irmão companheiro nestas andanças. É impressionante o espírito desta gente! Fantástico mesmo! Ganharei eu alguma vez aquele espírito? Sabe-se lá. Talvez daqui a uns anos!

Tempo para descansar um pouco e descarregar o farnel. Á sombra. O sol continuava esplêndido! As vistas sobre o Cabo Larano e sobre o mar eram meus amigos, fenomenais! A Vereda estava segundo os mais entendidos “uma avenida”! Trabalho cuidado da Câmara Municipal de Machico para recuperar um dos mais bonitos trilhos turísticos da Madeira! A quem promoveu esta iniciativa o meu bem-haja!
Paramos um pouco na Boca do Risco. Continuávamos atrás do “grosso da coluna”. Começamos a descer para Machico. Ao encontro da Levada do Caniçal. Esta levada que começa em Machico nas Fontes Vermelhas, corre nesta freguesia ao longo de 10 quilómetros. Dela obtêm-se óptimas vistas sobre o vale de Machico. Mais seis quilómetros já em terras do Caniçal completam esta levada. (um percurso já registado em agenda para fazer um destes dias)



Encontrada a levada do Caniçal, a qual não iríamos fazer na totalidade, seguimos em passo apressado até a “boca” do velho túnel de ligação Machico – Caniçal. Impressionante a ligação que este pequeno grupo mantém entre si. Foi muito bom acompanha-los nesta fase do percurso. Transformaram o que seria um passeio” normal” num passeio mais “empolgante” e ritmado! Pelos desvios ao longo deste mesmo percurso e pela maior velocidade imprimida ao longo desta ultima fase da caminhada!
Depois de atingida esta etapa seguimos sempre em frente numa vereda bem recuperada até á zona da Santa Casa da Misericórdia de Machico. Descemos daí pelo caminho da Quinta Palmeira. Depois foi só encontrar o resto do grupo que já se encontrava a “confraternizar” nos jardins junto Parqueamento do Autocarros em Machico.
Foi uma caminhada muito boa. Pelo bom tempo que sempre nos acompanhou (chegaram noticias ao longo do percurso que chovia no Funchal), pelo percurso em si e pela companhia destes bons caminheiros! A todos eles o meu sincero agradecimento por esta “intromissão”.
Até um qualquer dia destes, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta linda terra!

domingo, 17 de maio de 2009

Vereda do Pináculo – Ginjas (02-05-2009)


Sábado. Dia cinzento. Aceitando a sugestão de um amigo, resolvi neste dia fazer a caminhada que tinha planeado para ontem.
O destino seria a Vereda do Pináculo – Monte Medonho. Tenho de facto de agradecer a quem me aconselhou este percurso. Obrigado M.
O dia começou cedo como convém quando nos aprontamos para uma caminhada. Dirigi-me á Encumeada. Tomei o meu primeiro café da manhã. O nevoeiro, estava visto, iria fazer-me companhia. Depois do café, dirigi-me ao Lombo do Mouro, um pouco depois do terceiro túnel na estrada que sobe da Encumeada para o planalto do Paul da Serra. Ameaçava chover. Caíam inclusive alguns pingos ameaçadores. Nada que me fizesse demover do meu objectivo. Havia que encontrar a Levada da Serra que me iria acompanhar em boa parte do percurso. Foi fácil. Estacionei o carro no desvio posterior na estrada onde se encontra a placa de informação para este percurso. O percurso começa algo atribulado, com alguma chuva e muito nevoeiro
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O impermeável resolve este pequeno problema nesta fase inicial. E de qualquer forma ele iria ser necessário. Uma queda de água mesmo para cima do percurso na fase inicial acabaria por encharcar qualquer que fosse a roupa seca. A primeira fase faz-se a em plano. Depois a subir. Ora acompanha a levada, ora desvia-se até deixarmos de a ver. Vistas soberbas, devo mesmo as ter perdido. O nevoeiro definitivamente não me largava. Ficava a magia do que estaria por detrás deste nevoeiro. Que paisagens? Pelos vistos um percurso que terei de fazer novamente. A chegada ao Pináculo é algo magica. O Pináculo, envolvido por uma bruma que o transformava quase fantasmagórico, dava ao local um aspecto deveras surreal. Mas eis que a solidão do local foi prontamente quebrada por um casal de franceses. Estavam hospedados na Encumeada. Tinham feito no dia anterior Pico Ruivo - Encumeada e estavam hoje ali. Fantástico. Continuamos caminho. Deixei-os avançar. Queria sentir aquela bruma, aqueles sons, sozinho. Assim foi. Ainda pensei subir até á Bica da Cana. Mas o nevoeiro continuava intransigente. Não deixava simplesmente ver nada. Só o trilho, e pouco mais.
Cheguei á estrada florestal Estanquinhos-Ginjas, em pouco tempo. Encontrei-me novamente com os franceses. Tempo para o “exercitar” o meu francês mais um pouco. Um conversa ligeira. Tempo para eu aproveitar e elogiar a minha terra “bendita” junto daqueles que vinham da terra mãe da democracia. Notaram logo que era madeirense. Indisfarçável!






O nevoeiro contra-atacava novamente. Era tempo de encontrar a Levada Velha do Caramujo. Desisti. Não havia condições. Resolvi descer até á Levada do Norte pelo caminho florestal. Uma brecha no nevoeiro ainda me animou. Mas logo de seguida tudo voltou á situação inicial. Voltei atrás. Deixei este percurso para outro dia. Resolvi então descer até ás Ginjas pela estrada florestal. A paisagem só é compensadora pelas vistas sobre o vale de São Vicente. De resto são cerca de seis quilómetros de descida algo maçadora até junto da estrada regional junto ao Centro de Saúde de São Vicente. Enfim, uma mudança de percurso á ultima da hora por causa do tempo. Não faz mal, hei-de lá voltar. Com bom tempo por companhia.
Tempo ainda de arranjar boleia até ao local de inicio da caminhada. Uma chamada de telemóvel (afinal servem mesmo para alguma coisa!) á minha irmã e ela veio logo a correr em auxílio do mano mais velho!
O tempo no Lombo do Mouro tinha piorado substancialmente! Agora o nevoeiro era cerrado e a chuva insistente!
Não havia mesmo mais nada que pudesse fazer!
Tempo ainda para um “café” retemperador em família! (a minha mãe acabou por se juntar á maninha na recolha do menino mais velho e mais destrambelhado!)
Até a uma próxima caminhada da minha terra! Num qualquer caminho, num qualquer lugar desta terra!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Vereda do Paço – Calhau da Lapa – Vereda da Vigia - 01-05-2009

Sexta-feira, 1º de Maio dia do Trabalhador. Portanto, também meu.
Levantei-me cedo. Um princípio de otite, afastou-me do passeio programado. Resolvi então ir ao encontro de algo mais fácil. Tinha na minha agenda a descida ao Calhau da Lapa por um destes dias em que o tempo disponível fosse menor. Seria então hoje o dia.
Sendo assim deixei o carro junto á Escola Básica Cónego João Jacinto Gonçalves de Andrade. Depois foi só andar mais uns metros á frente até encontrar a Vereda do Paço, que infelizmente não está devidamente assinalada.

Uma primeira parte do percurso faz-se numa agradável e suave descida paralelamente á Ribeira da Lapa. Alguns detritos no entanto mancham o leito da referida Ribeira. Esperemos que tudo seja devidamente limpo, até porque se prevê, e muito bem, aproveitar as duas cascatas da Ribeira da Lapa para a prática do canyoning. É, meus amigos. Existem cascatas naquela zona. E bem bonitas por sinal.
Depois é tempo de descer a parte mais íngreme da Vereda do Paço. Uma escadaria leva-nos como que de encontro ao mar! É linda e atrevida esta descida! Cerca de vinte minutos depois, estamos finalmente no magnífico Calhau da Lapa. Eram cerca das dez horas quando cheguei lá abaixo ao calhau. Uma criança brincava á bola sem camisa em frente ao pequeno bar-restaurante existente nesta localidade. Mais junto ao calhau, três outras aproveitavam a maré baixa para a apanha da lapa. Um adulto junto á porta de uma das quarenta e duas grutas existentes, preparava o petisco para o almoço, com a panela a tiracolo
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As grutas, outrora utilizadas para guardar ao apetrechos relacionados com a pesca bem como armazém dos produtos que aí chegavam e partiam, servem, hoje em dia para isso mesmo e outras como “casa de praia” de algumas pessoas.
Uma paz imensa. Nem as crianças faziam barulho. Só as ondas do mar. E estava manso o gigante. Um pouco mais de atrevimento e far-se-ia a travessia apeada até á famosa Fajâ dos Padres. Fica para uma próxima. Agora, era a vez de descobrir o cais do calhau da Lapa. Outrora de grande importância, votado quase ao abandono, hoje, mantém somente uma parte do pontão que tinha sido inaugurado em 2004. A outra parte desapareceu num temporal há cerca de dois anos. Pensamos que a sua regeneração, será o ponto fulcral para o desenvolvimento deste pequeno núcleo. A ver vamos.





Quando estava no pontão, “ meti” conversa com um homem que pescava pacientemente sentado. Perguntei-lhe pelo estado da Vereda da Vigia (ou do Calhau). Disse-me com prontidão que estava, em relativo bom estado, porque até tinha sido por ali que tinha descido logo pela manhã. Continuou conversa, para dizer-me que encontrou esta vereda quarenta anos depois no dia de hoje. É meus amigos. Aquele homem há cerca de 40 anos não visitava a Madeira e o Calhau da sua meninice. Disse-me inclusive que para fugir á escola, no seu tempo, ele e mais uns amigos passavam o dia inteiro no calhau, voltando só á noite para suas casas. Revelou-se ainda com uma boa memória de toda aquela zona, confirmada pela senhora do Bar que confirmou prontamente a descrição do seu vizinho emigrante.
Confirmou-me o Sr. Alexandre (era assim que se chamava) que, inclusive, havia uma terceira vereda pelo meio da escarpa do calhau, com inicio junto á foz da Ribeira, logo a seguir á pequena ponte para o lado da Vereda da Vigia. Pude verificar alguns vestígios da mesma, mas grande parte desaparecida por entre a vegetação e algumas derrocadas. Via-se um brilho especial nos olhos de este homem ao falar daquele sítio na sua meninice. A alegria de ali voltar tanto tempo depois também era patente. Tivesse eu mais tempo e contar-me-ia histórias fabulosas da Madeira naquela zona nos anos setenta. As dificuldades, as razões da sua emigração, juntamente com o pai. Enfim. Muito teria para contar este homem conhecedor já de muitos “mares”.
Finda a conversa, era tempo subir a Vereda da Vigia. É de facto mais “suave”, mas também encontra-se de igual modo muito maltratada. Varandins destruídos, calcetamento que em alguns locais desaparece. A merecer também um olhar atento por parte de quem de direito. Encontrei inclusive restos de móveis velhos semi-consumidos pelo fogo junto á berma da vereda, na parte final junto á Estrada da Amoreira. Uma pena. Uma subida com vistas soberbas de paisagem, nomeadamente sobre o ilhéu que deu o nome á freguesia, deveria merecer outro tipo de atenção.
Depois, foi só ir buscar o carro ao inicio da outra vereda e rumar a casa.
Um passeio simples mesmo “á nossa mão” num local certamente muito desconhecido para muita gente.Um abraço e até á próxima caminhada na minha terra, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta terra!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Paul da Serra - Cruzinhas - Chão da Ribeira (26-04-2009)

Domingo.
Desta feita, pela primeira vez iria juntar-me a um grupo de caminheiros chamado Amigos da Natureza. Descobri-o através de uns amigos. Diziam-me que era um grupo muito “entretido” e muito numeroso. Tive a honra e a oportunidade de verificar tudo isso.
A saída desta feita iria ser feita junto á antiga Avenida do Mar. Em frente ao antigo edifício da Empresa de Electricidade da Madeira.
Quando lá cheguei, pelas sete e vinte, já alguns elementos aguardavam pacientemente a chegada do autocarro que nos iria levar ao início do percurso. E afinal não seria só um autocarro! Dada a afluência de última hora a caminhada deste dia houve que providenciar uma segunda viatura afim satisfazer toda a gente. Como dizia um amigo meu, “normalmente” ninguém fica em terra. Assim foi.
Depois de toda a gente instalada nos seus lugares houve que “aliviar” o peso do primeiro autocarro que já estava, digamos “ á cunha”. Coube-me a mim e ao meu irmão, entre outros, irmos na “segunda leva” ou seja no segundo autocarro. Boa opção esta porque o segundo autocarro era mesmo no dizer de uns, um autentico “avião”. Mas o “avião” tinha de respeitar a marcha lenta do chefe “Scania” que ia á frente. E tal como nos caminheiros, nos autocarros, a idade, nunca é sinónimo de velocidade embora como se costuma dizer “chega sempre onde tem de ir”.
Voltando um pouco atrás. Como o primeiro autocarro partiu mais cedo em direcção á Ribeira Brava para o primeiro café da manhã, havia que ir ao encontro destes. E assim foi. Lá chegados, já os caminheiros do primeiro autocarro enchiam os cafés da simpática localidade. Foi assim desta feita a nossa vez. E tínhamos que ser rápidos. Tínhamos partido do Funchal com 15 minutos de atraso. Tempo ainda para uma amena cavaqueira com alguns amigos e conhecidos.
Tomado o café da manhã, foi hora de nos colocarmos de novo á estrada, e agora sim resignados” á ditadura da lentidão do autocarro da frente” .O sofrimento foi maior assim que começamos a subir a estrada da rumo á Encumeada! Por momentos lembrei-me de quando era pequeno. Pela lentidão da marcha, lembrei-me de quando subíamos a referida Encumeada num velhinho Volkswagem Carocha 1100 do meu tio, que no antigo empedrado não conseguia passar a velocidade de vinte quilómetros hora. Ou seja como dizia meu tio, era engrenar a primeira velocidade na Serra de Agua e acabar no cimo ao mesmo ritmo! Que proeza para altura, porque pelo caminho encontrávamos os não menos famosos Peugeot 403 e os Opel kadett(carros ditos “mais avançados para a época) a ferver pelo radiador de capon aberto e toda a família cá fora a olhar para o fenómeno!
Posto este interregno saudosista, cabe-me dizer que atingida a Encumeada continuamos a subir para o Paul da Serra. Lombo do Mouro, Bica da Cana, Estanquinhos e finalmente o início da estrada do Fanal , onde iríamos começar a nossa caminhada. O dia estava carregado. Com nevoeiro e alguns pingos á mistura que, digamos, não assustou ninguém.
Vestidos os impermeáveis mais por conta do frio que por conta da chuva, pusemo-nos a caminho. Primeiro pela estrada de alcatrão, depois flectindo para a direita ao encontro da Vereda do Fanal que nos iria guiar pela “beira” do planalto do lado da Vale da Ribeira da Janela. O nevoeiro continuava. Não era intenso, mas o suficiente para “roubar” as vistas aos caminheiros que, como eu, ansiosos, aguardavam um aberta milagrosa para confirmar o que de bonito se falava daquelas paragens. Pena. Há-de ficar para um próxima com toda a certeza
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Findo este troço de vereda cruzamos novamente a Estrada do Fanal. Aproveitamos para dar o primeiro assalto ao farnel. Feito o descanso e o reagrupamento, tomamos a Vereda das Voltas ao encontro do Chão da Ribeira no Seixal.
Uma vereda algo íngreme por debaixo duma floresta típica da Laurissilva. Muito húmida propícia á algumas quedas, mesmo ao mais experientes.
A descida fez-se muito lentamente. Ao ritmo dos caminheiros da frente digamos. O nevoeiro a principio ainda a perseguir-nos, mas logo depois a deixar observar algumas nesgas de paisagem sobre o vale do Chão da Ribeira.





Viemos sair junto á entrada do novo e bonito Restaurante “Laurissilva”. Lá tivemos de provar o “remédio” do Sr. Correia que, muito bem soube às gargantas sedentas.
Junto ao autocarro, nas imediações do Restaurante Justiniano, já estavam uns companheiros. Os que tinham seguido na frente, e uns “dissidentes” que muito bem resolveram prolongar a caminhada descendo pela Vereda da Cavaca.
Após mais uns momentos de confraternização no Restaurante atrás referido, seguimos para S. Vicente, fazendo assim a última paragem antes de definitivamente rumarmos ao Funchal. Momentos de muito boa disposição tanto em S. Vicente, como dentro do autocarro. Esta malta é mesmo animada!
Um passeio diferente, com um grupo diferente. Num grupo que como me diz o meu amigo J. é uma perfeita “desorganização organizada”! Faço minhas as suas palavras! Gostei imenso!
Um grupo a repetir sem dúvida!
Fazendo eco das palavras dos chefes do grupo, nunca é demais lembrar que para ajudar na logística, seria sempre bom as pessoas confirmarem a sua presença nas caminhadas com alguma antecedência (até quinta-feira anterior á caminhada) afim evitarem situações como a que acabamos por passar.
Resta-me agradecer a algumas pessoas (elas sabem quem são) a ajuda dispensada na integração no espírito dos Amigos da Natureza.
Um abraço e até á próxima caminhada, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta bendita terra!