domingo, 28 de junho de 2009

IN MEMORIAM (Anabela - 1966-2009)

Tenho frio de mais. Estou tão cansado no meu abandono. Vai buscar, ó vento, a minha Mãe. Leva-me na noite para a casa que não conheci…Torna a dar-me, ó silencio imenso, a minha ama e o meu berço e a minha canção com que eu dormia…”
Fernando Pessoa – Livro do Desassossego

Despedimo-nos hoje de ti cunhada. Da tua forma terrena. Do teu sorriso contagiante. Da tua alegria pela vida. Lutaste até onde te foi possível. O dia entristeceu-se. Por ti, por nós todos. Uma tristeza imensa invade os nossos corações. Olha por nós lá, donde estiveres. Guardar-te-emos nos nossos corações. Até já Anabela.
(porque este também é um caminho que todos teremos de percorrer e que nos levará decerto a algum sitio, a algum lugar…)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Encumeada - Folhadal - Lombo Barbinhas - Paul da Serra -Rabaças - Encumeada - 10-06-2009

Quinta-feira, 11 de Junho de 2009.
Hoje seria um dia para aproveitar na íntegra! Eu o J. Tínhamos o dia por “nossa” conta!
Combinamos no dia anterior, que iria buscá-lo a casa pelas sete e trinta. Assim foi. Seríamos só nos dois para esta caminhada. A “quota mínima” para uma boa caminhada pela serra!
Dirigimo-nos á Encumeada. Era lá que iniciaríamos o nosso percurso. Tomamos um café no bar da Encumeada e preparamo-nos para o arranque. Eram oito e vinte da manhã quando
começamos a caminhar.


Começamos na Levada do Norte junto á Boca da Encumeada, no percurso que aí se inicia. O dia estava bom. O entusiasmo em alta. O percurso, parte eu conhecia dos livros, parte estava na “cabeça” do J.
A primeira parte decorre na levada ainda com as vistas sobre o vale da Ribeira Brava, com a Pousada da Encumeada sempre em primeiro plano. Paus brancos, tis, cedros da Madeira e faias europeias acompanham-nos ao longo destes primeiros metros do percurso. E que bela companhia nos fazem! O sentimento é o de quem está prestes a entrar numa “floresta mágica”. E não é afastar-se muito da verdade se o afirmarmos!




Cerca de um quilómetro depois de termos iniciado o percurso junto á Encumeada, a levada divide-se em dois canais. O J. diz-me para fixar bem aquele local! Mais á frente vão saber porquê. A orientação era para entrarmos no túnel de cerca de trezentos metros que nos leva ao “outro lado” da ilha. Depois desta travessia meus amigos, a paisagem que vínhamos a acompanhar, muda radicalmente! A juntar aos tis da costa sul, aparecem os loureiros, vinháticos e os famosos folhados! Esta zona é mesmo conhecida pelo Folhadal. Entre o início do percurso e as casas dos levadeiros junto ao caminho florestal das Ginjas, são seis túneis. Faltavam então percorrer cinco. O percurso ao longo da levada é deveras dos mais bonitos que conheci até agora. E não é exagero! Ao longo de cada vale, cada lombo as cascatas sucedem-se fazendo do “quadro” algo do outro mundo! O “sacrifício” de passarmos por túneis, é compensado pelas “visões” que temos em cada um destes recantos. Não existem palavras!
Chegamos ás casas dos levadeiros eram nove horas e quarenta minutos. Aproveitamos para fazer as pazes com estômago junto a estas casas. A envolvência das mesmas assim o convidam.
Depois era continuar caminho. Sempre na Levada do Norte. A passagem pelo Lombo Barbinhas é fenomenal! Paisagens arrepiantes! O chão da Ribeira no Seixal aos “nossos pés”. Impressionante a perspectiva da zona dos viveiros das trutas e do restaurante Laurissilva. Como me dizia o J. “quando andares lá em baixo vais olhar cá para cima com outros olhos”
Uma nota negativa para as obras e respectiva pintura da casa dos levadeiros neste sitio. Volumetria adulterada, bem como as cores algo desenquadradas, na minha opinião.
Eram onze e cinquenta quando começamos a subir a vereda que nos levaria á Beira do Queimado no bordo do Paul da Serra. A subida faz-se a uma cadência mais lenta. A conversa animada faz com que a subida se torne mais “suave”.




O tempo no Paul estava magnífico! Sol quanto baste para uma caminhada serena e segura.
Lá estava ele, o Pico Ruivo do Paul mesmo á nossa direita, e a Santinha do Paul á nossa frente como nossos pontos de referencia. Seguimos pelo planalto flectindo um pouco para a direita, de encontro ao cruzamento onde se encontram a Estrada para o Fanal, Porto Moniz, Estanquinhos e Calheta. Seguimos por este ultimo troço. Ao encontro da estrada antiga de acesso ao Paul. Levamos cerca de uma hora a atravessar o Planalto do Paul da Serra. O sol fazia-nos companhia. O ar fresco também ajudava na caminhada.
Seguimos uns metros abaixo ao encontro da Levada do Paul. Seguimos nela durante algum tempo. Até encontrarmos uma estrada de cimento. É nela que devemos descer ao encontro da Levada das Rabaças. Magnífico este sítio. Dos únicos pontos da costa sul da ilha onde se encontram vestígios da floresta Laurissilva. Aqui o tempo fez-nos uma “partida” dado que o nevoeiro iria fazer-nos companhia durante algum tempo. Lá se iriam as vistas sobre a costa sul da Madeira. Sobre a Ponta do Sol. Não faz mal. Fica para uma próxima “investida”, em sentido contrário quem sabe.
Atingimos o Túnel das Rabaças faltavam cinco minutos para as três horas. Atravessamos este Túnel. Levamos cerca de vinte e cinco minutos para atravessar os cerca de dois quilómetros.



Depois deste, das vistas sobre algumas montanhas da cordilheira central, novamente com um tempo magnífico, atingimos a casa dos levadeiros. Em avançado estado de degradação. Uma pena ver uma casa daquelas naquele estado. A não ser precisa para o fim para que foi criada, outra utilidade poderia ser-lhe dada a meu ver.
Mais um pequeno túnel e as paisagens imponentes sucedem-se. Fenomenal!
Atingimos o local onde praticamente iniciamos a nossa caminhada. Ou seja, junto ao túnel que nos levou no inicio ao Folhadal. Era tempo de fazer o caminho de volta até á Encumeada. Eram quatro e vinte da tarde.
Estranhamente não estávamos cansados. Eu e o J. tínhamos feito este percurso em oito horas e sentíamo-nos bem. Pelas nossas contas foram mais de quarenta quilómetros. E sentíamo-nos prontos para mais!


Atrevo-me a dizer que caminhar por percursos tão belos, como este que acabávamos de fazer, não cansa! Não existem palavras para descrever a beleza deste percurso. Espero que com as minhas palavras consiga pelo menos motivar mais alguém, um que seja para conhecer estas maravilhas da nossa terra!
No bar da Encumeada esperava-nos a “cerveja” do costume. Servida pela “moça” do costume.
Um dia em cheio. Num percurso magnífico. Na boa companhia do meu amigo J. Obrigado J.
Um abraço e até qualquer dia. Num qualquer caminho desta terra, num qualquer lugar desta magnífica terra.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Miradouro do Rabaçal - Levada do Alecrim - Ribeira do Lageado - 10-06-2009

Quarta-feira 10 de Junho de 2009
Neste dia, primeiro dia de umas curtas férias resolvi fazer um passeio “higiénico” como diz o meu amigo J.
Já algum tempo atrás, este percurso tinha-me sido sugerido por um outro amigo de caminhadas. Hoje era o dia perfeito para fazê-lo.
A caminho da Encumeada e depois no Paul, a chuva miudinha e o nevoeiro faziam adivinhar um péssimo dia para passeios.
Mas, e porque alguém lá por cima pedia por mim, ao chegar ao sítio dos Estanquinhos, eis que o Sol apareceu! E que dia ficou meus amigos! Perfeito!
Ao chegar ao miradouro do Rabaçal, este encontrava-se cheio de carros de turistas. Aquela zona é de facto um ex-líbris para o turismo madeirense.
Muita gente a caminho da Casa do Rabaçal para fazer um passeio até ao Risco e até as 25 Fontes. Não era o meu objectivo para hoje. O meu objectivo era a Levada do Alecrim até á sua madre: a Ribeira do Lageado.

Esta levada foi construída com o objectivo de captar e transportar as aguas desta Ribeira para a câmara de carga da Central Hidroeléctrica da Calheta . Foi concluída em 1961.
Diga-se de passagem que é um local magnífico para um passeio refrescante!
O percurso é feito nas calmas. São três quilómetros até á madre da Levada. Primeiro com as vistas sobre o Rabaçal e o seu Miradouro apinhado de carros. Depois embrenhamo-nos no urzal. Após o Urzal, as arvores aparecem e quase que abraçam este percurso. Com um dia magnífico, agora cheio de sol torna-se num percurso mágico!
A chegada á madre da levada é muito bonita. Logo por baixo da represa que faz a recolha da água da ribeira para a levada, existe um lago muito bonito! Acima deste uma pequena, mas linda queda de agua completam este quadro!
Perfeito para uma merenda, com os “ tentilhões” a esvoaçarem a nossa volta á procura das apetecidas migalhas. Bonito foi também ver um “papinho” a disputar as migalhas com os tentilhões! Perfeito quem sabe, num dia um pouco mais quente, para uma banhoca!
Para nossa surpresa, surgiram por cima desta queda de agua um grupo espanhol a praticar canyoning! Que fascinante! Que adrenalina!
Ficamos um pouco a observar a descida destes até ao lago inferior! Gente muito simpática por sinal esta gente!



Tempo de regressar ao ponto de partida. Até ao miradouro. Era cedo ainda. Resolvemos descer até á casa do Rabaçal e fazer a Vereda até ao Risco! O dia continuava perfeito!
Subimos depois até ao miradouro do Rabaçal onde tínhamos deixado o carro.
Muita gente para subir na carrinha que faz o transporte desde a casa até cá cima!
Segundo um dos motoristas destas carrinhas, a diferença entre as descidas e subidas é abismal! São cerca de 20 a 25 pessoas a descer e cerca de 100 para a subida por dia! Entende-se a razão perfeitamente!
Resumo, um passeio simples, fácil de fazer. Acessível a qualquer pessoa.
Experimente e vai ver que gosta com toda a certeza!
Encontramo-nos por aí, um dia destes, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta terra!


segunda-feira, 15 de junho de 2009

Boaventura - Levada do Tornos - Lombo do Urzal (07-06-2009)

Domingo, 07 de Junho de 2009.
Uma vez mais juntei-me ao Amigos da Natureza. Começa a ser um hábito. Um bom hábito, diga-se de passagem.
O dia como sempre começou bem cedo. Pelas sete e quarenta da manhã, já muita gente alinhava junto ao autocarro habitual, com o motorista habitual.
Cheguei, contra meu gosto um pouco atrasado. Já toda a gente estava com os seus lugares “marcados” dentro do autocarro. Eu também, felizmente, já tinha o meu marcado. Pelo meu irmão e companheiro de caminhadas que já trazia o meu marcado desde o Caniço.
Nem houve tempo para os cumprimentos da praxe. Foi “ver e aviar” e num ápice já estávamos a caminho da Ribeira Brava onde faríamos a habitual paragem para o café matinal.


Foi uma paragem maior que a habitual. Havia uma razão especial. Afinal eu “novo” nestas andanças nem tinha desconfiado que os seniores do grupo preparavam um repasto tradicional madeirense para o fim da caminhada. Nada mais, nada menos que uma espetada! Agora sim estava explicada muita coisa.
Feitas as compras, pusemo-nos a caminho da Boaventura.
Começamos a andar já passava das dez horas da manhã. Mas, também segundo diziam os mais experientes o percurso seria curto. Teria de haver tempo para o convívio. Fiquei contente por um lado e triste por outro. Contente, naturalmente pelo convívio. É sempre bom termos uma oportunidade extra para conhecer um pouco melhor a malta que nos acompanha. Triste porque a minha “sede” de conhecimento deixa-me sempre a pensar no tempo que eventualmente poderia ser aproveitado para conhecer um pouco mais dos trilhos que nos rodeiam.
Enfim, não podemos ter tudo e havia então que aproveitar ao máximo o me era proposto.
Foi o que fiz.
O autocarro deixou-nos na estrada que desce para São Cristovão ao encontro da vereda da Entrosa. Passamos por cima duma bonita ponte sobre a Ribeira do Porco e foi bonito olhar para trás e ver tanta gente em fila e tão bem disposta.
Subimos até á Fajã do Penedo ao encontro da Levada das Faias. Nisto, e depois de uma breve paragem para comer alguma coisa, fui abordado por um grupo de caminheiros amigos para um possível “desvio” do percurso inicial. Dito e feito.
Em boa hora o fiz. Foi uma subida um pouco cansativa pela estrada florestal que liga a Fajã do Penedo á Levada dos Tornos no troço onde ela se encontra com o Túnel que vem desde o Caldeirão Verde de Baixo.




Fizemos uma pequena paragem junto á casa dos Levadeiros para nova merenda. Seguimos logo depois pela Levada dos Tornos. A caminho do Lombo do Urzal. As vistas pelo caminho sobre todo o vale, primeiro com a Falca de Cima e Falca de Baixo com a sua pequena Igreja em destaque merecem por si só uma caminhada neste troço deste canal. A conversas pelo caminho surgiam em catadupa. Os caminheiros que eu acompanhava, todos eles experientes caminheiros, falavam de caminhadas “de outro mundo”. Por exemplo, apontavam-me ali mesmo á nossa frente uma subida á Boca da Achadinha capaz de fazer arrepiar o mais corajoso dos caminheiros. Gente valente aquela que não desiste de trilhar por caminhos e lugares entregues ao esquecimento dos homens. É tão bom ouvi-los falar destas aventuras! Direi mesmo que já é parte integrante destas caminhadas ouvir falar esta gente que faz destes percursos uma missão! Um bem haja a todos eles!
Seguindo as instruções de um dos chefes do Grupo dos Amigos, não iríamos descer pela conhecida vereda que liga a Boca das Torrinhas ao Lombo do Urzal. Iríamos sim antecipar a descida por uma vereda que muito pouca gente conhecia e nos trouxe de encontro ao largo principal do Lombo do Urzal.
Tempo ainda para tomar um “vinho do bom” em casa do Sr. Arlindo, velho conhecido dos caminheiros da “casa”. Gente simples esta que oferece tudo o que de melhor tem sem pedir nada em troca. Bem diferentes dos hábitos das grandes urbes.


Escusado será dizer que já muita gente esperava alegremente, junto ao “braseiro”. As espetadas estavam mesmo a sair e as batatas já estavam em cima da mesa! Os garrafões de vinho também espreitavam de cima da carroceria duma velha furgoneta que debitava do velho rádio uma musica tão distorcida, bem ao jeito dum arraial típico madeirense!
Enfim, se a boa disposição já reinava durante a caminhada, escusado será dizer que depois do vinho fazer efeito a “coisa” melhorou substancialmente!
Um bom fim de passeio. Ainda com uma paragem por São Vicente que serviu para alguns “arejarem” e tomarem um “desanuviador” café antes do regresso a casa. Outros se calhar nem tanto. Verificou-se isso mesmo no regresso ao Funchal dentro do autocarro.
Assim terminou a nossa caminhada - convívio.
Até uma próxima caminhada na nossa terra, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta bendita terra!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Encumeada - Pico Grande – Chão da Relva - Encumeada (30-05-2009)


Sábado dia 30 de Maio de 2009.
Dia perfeito para uma caminhada. Tinham feito uns dias magníficos pela nossa Ilha desde quinta-feira. Seria uma oportunidade para, com um grupo mais restrito fazermos uma caminhada bem ao nosso gosto. Uma chamada do meu amigo J. durante a semana alterou-me os planos para este dia. Que bom que isso aconteceu.
Dizia-me o J. que surgiu-lhe a ideia desta caminhada com o passeio da semana passada com os Amigos da Natureza. Exactamente quando estávamos sentados a usufruir das magníficas vistas sobre o Curral no lugar do Chão da Relva ou Relvinhas.
Não me disse nada na altura. Era hoje o dia escolhido para subirmos ao magnífico Pico Grande!
É disto que gosto! Do improviso! Da surpresa!
O Pico Grande é de facto enorme! Tem 1657 metros de altitude!
O encontro far-se-ia junto ao bar-restaurante da Encumeada pelas oito horas. Cheguei ao local referido eram oito menos um quarto. O dia adivinhava-se esplêndido! Logo depois chegavam os primeiros elementos, depois o J. junto com os que faltavam. Depois de feitas as apresentações, estava reconhecida a equipa que faria a “escalada” ao Pico Grande.
Tempo ainda para tomar o café da “ordem” e uns minutos depois já estávamos a caminho.
Começamos pela Vereda que liga esta localidade ao Pico Ruivo. Eram cerca das oito e meia da manhã. Começamos a subir. Que vistas arrebatadoras sobre o Vale de São Vicente meus amigos!
Embora o tempo fosse excelente, estávamos na vertente Norte da Ilha. O ar fresco da manhã proporcionava os elementos perfeitos para uma caminhada. Caminhamos assim nas calmas numa amena cavaqueira.
A boa disposição entre este grupo de seis pessoas (eu incluído) era uma constante. E desengane-se quem pense que a conversa iria diminuir com o cansaço da subida. Nada disso! Isto é malta com “muita rodagem”! Os andamentos eram diferentes. O humor era comum a todos. Perfeito!
O Pico Grande lá ao fundo parecia inalcançável! Sublime! O sol dava-lhe uma magia especial! Lá estava ele com a sua coroa! Imponente!

Paramos para comer onde a Vereda se divide com a que continua para a Boca das Torrinhas e Pico Ruivo, e a que desce em primeira instância de encontro ao nosso objectivo.
Durante a paragem ainda nos cruzamos com dois atletas que possivelmente treinavam para o “X Raid Madeira Lés a Lés” promovido pelo Clube Aventura da Madeira que terá lugar nos dias 10, 11 e 12 de Junho, ou então lá mais para a frente para o “Madeira Island Ultra Trail” organizado pelo Clube Montanha do Funchal a ter lugar nos dias 4, 5 e 6 de Setembro. Boa sorte para eles!
Depois da pausa para colocarmo-nos em “paz” com o nosso estômago, voltamos ao trilho. Devo dizer que a descida é algo atribulada. A Vereda quase que desaparece por entre as urzes. Na descida de encontro ao vale, as vistas são arrepiantes! Numa determinada zona o cabo de aço que era suposto ajudar a descer com mais segurança, simplesmente está solto em grande parte. Com cuidado lá seguimos. Com cuidado tudo se ultrapassa.
Ele continua lá! O Pico Grande! Alguém comenta em tom jocoso que “quer subir ao Pico Grande” e “não é a descer que vai conseguir lá chegar”. Caso para dizer: Tivemos de parar para rir a bom rir sobre este mesmo comentário! Hilariante!


A vereda entre as urzes e as giestas desaparece a espaços por completo. Mais um ano ou dois e esta vereda desaparece do mapa se não for convenientemente limpa. É pena se isso mesmo acontecer. Não deveriam ser só os trilhos turísticos a merecer limpeza e cuidados! Existem tantos outros espalhados por essa ilha a merecer que alguém responsável não os deixe desaparecer! Por enquanto são só os caminheiros “errantes” que insistem em mantê-los vivos! Daqui por uns anos ninguém sabe.
A subida é íngreme! Vale mesmo a pena! A “escalada” final ao cume do Pico é de cortar a respiração! Espectacular! O tempo está magnifico! O Curral lá em baixo continua sereno!
No cume deste Pico sentimo-nos no centro do mundo! No centro desta Ilha maravilhosa! O Pico do Areeiro, o Pico das Torres, o Pico Ruivo, a Boca das Torrinhas, O Pico Casado, Pico Ferreiro, Pico da Encumeada. Meus amigos! Fenomenal!
Lá o fundo São Martinho. O dia continua excelente! O sol magnífico! A companhia muito boa!
Ficamos lá em cima algum tempo. A contemplar todas estas maravilhas. Lá em cima tudo se relativiza! É de facto impressionante.


Chegados os últimos dois elementos da “comitiva”, lá tiramos as fotos de “família” e iniciamos a descida. De encontro ao Chão da Relva. Pelo caminho de descida pudemos verificar que o mesmo está também com muita falta de limpeza. E é pena. Neste quilómetro que separa o Pico Grande do Chão da Relva, encontramos alguns grupos de estrangeiros a caminho do cume. Vindos do Curral e da Boca da Corrida e alguns da Encumeada pela vereda que agora haveríamos de descer. O que por si só confirma que este percurso é muito procurado por muita gente de “cá de dentro” e de fora também. Merecia este trilho um pouco de cuidado.
Atingido o Chão da Relva ou Relvinhas, meus amigos é como chegar ao paraíso. Aquele sitio como disse no post anterior é de facto mágico! O dia também estava a ajudar. Descansamos lá cerca de vinte minutos. A sombra dos castanheiros com a sua folhagem tenra, fazia deste sítio o lugar perfeito para um pintor, para um músico, para um pensador. Perfeito para dar inicio a uma qualquer obra-prima!



Enfim, tempo de fazermo-nos ao caminho. Faltavam ainda cerca de oito quilómetros para atingirmos a Encumeada. Parte do percurso que tínhamos feito com os Amigos a semana passada com os Amigos da Natureza. As vistas com as giestas em flor continuavam magnificas. As perspectivas na descida de encontro ao Curral Jangão, são de facto diferentes das que temos quando efectuamos o percurso no sentido inverso. Um percurso de facto pode ter duas perspectivas dependendo do sentido dado ao mesmo percurso.
Chegamos ao bar da Encumeada eram quatro horas. Cheios de sede. Há muito que se acabara a água. A cerveja bem merecida acabaria por saciar essa mesma sede. E que bem que soube!
Momentos de boa disposição seguiram-se ainda dentro deste bar! A contar algumas peripécias do percurso e a comparar fotografias captadas durante este.
Enfim, um dia bem passado, num percurso que teve um bocado de tudo. Com boa gente e magnificas paisagens.
Obrigado J. por esta sugestão. Fico com toda a certeza a aguardar por outras!
Um abraço e até um dia destes, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta magnifica terra!