terça-feira, 25 de julho de 2017

Achada do Cedro Gordo - Cruzinha (Faial) - Fajã da Murta - Cova da Roda - Lombo do Curral - Santana (centro) - 04-02-2017

Sábado, dia 4 de Fevereiro, foi dia de percorrer mais um dos belos trilhos da Madeira.
Com um grupo restrito de amigos lá partimos em direcção ao Norte da Ilha.
Desta vez iríamos percorrer parte da antiga Estrada Real que ligava o Funchal (Igreja do Carmo) a Santana.
O percurso seria então parte da Estrada Real Nº 24, entre a Achada do Cedro Gordo, São Roque do Faial e Santana.
O propósito seria percorrer o outrora, muito concorrido e mais rápido caminho entre o Funchal e Santana. Na base da construção deste caminho estaria, porventura, a importância de Santana como destino turístico e também porque, por vias de outras calendas, haviam muitas terras no Faial e Santana que eram propriedade de gentes do Monte e Funchal, logo era preciso uma forma de lá chegar rapidamente, pensamos nós.
Relativamente ao propósito turístico, Santana foi mesmo a primeira freguesia rural da Madeira a possuir hospedarias e pensões. Em 1844/1845, William Reid, instalou uma sucursal do seu hotel no Funchal no Pico Tanoeiro na antiga e histórica casa do Capitão-Mor Joaquim Francisco de Oliveira, comandante das milícias daquela freguesia. Este hotel foi gerido por Domingos Figueira que, anos mais tarde, fundaria o famoso hotel/pensão Figueira no sitio do Barreiro, hoje Centro/Pousada da Juventude de Santana. Esta casa senhorial está actualmente em ruínas.
Um percurso para viajar pela 'Madeira profunda' onde subsistem indícios de um passado longínquo, mas que resiste na memória das gentes.  
Depois de algumas considerações sobre as possíveis razões que estiveram na origem da construção deste caminho e depois do café tomado, lá nos apresentamos no sítio acima para assim iniciarmos a nossa caminhada. E foi junto à novel capela de São João Baptista que foi concluída em 1980, que demos início à mesma.


Este sítio é pertença da freguesia de São Roque do Faial, que teve a sua primitiva igreja construída no sitio dos Terreiros em 1551 por iniciativa de Cristóvão Pires.Esta igreja foi destruída em 1883, como era hábito na altura, pelo caudal das ribeiras em dias de tempestade. Em sua substituição foi construída no Chão do Cedro Gordo a nova igreja dedicada a São Roque que foi benzida em 1927.
O dia estava bonito, com uma temperatura que convidava a caminhar. Partiríamos assim do lugar que ganhou importância por ter fornecido através de um só cedro, madeira suficiente para a construção da primitiva igreja do Faial na confluência das ribeiras da Ametade e Ribeira Seca ou do Faial, no ano de 1519. A tradição diz que Nossa Senhora teria aparecido no dia 8 de Setembro, dia que foi assim designado como a festa do orago, Nossa Senhora da Natividade. Foi construída  por António Teixeira, mais tarde alcunhado de 'Rei Pequeno'. O Cedro Gordo era assim rico nesta madeira, de tal forma que teria sido também a partir daqui que saíram os cedros para a construção dos tectos da Sé  Catedral do Funchal.



Partindo assim da Achada do Cedro Gordo, e logo depois do Bar Zeca, tomamos a entrada à esquerda, começando a descer suavemente para Fajã Grande. Pela frente, e com os Picos da cordilheira central por detrás em jeito de cenário, tínhamos a Fajã do Cedro Gordo, brilhantemente alcantilada entre as altas empenas.
À nossa direita, a Cruzinha, com as suas casas próximas, desafiava-nos com o seu sol radiante.





Na Fajã Grande e junto à velha ponte sobre a Ribeira da Ametade, visitamos o Moinho do Comandante. Este moinho, construído por volta de 1899 por João Pereira da Silva, ficou posteriormente na posse da família Mendes, tendo esta família cedido os seus direitos a Carlos de Melo Vidal, piloto da TAP, que o transformou em alojamento local de grande qualidade.




Depois de passar pela velha ponte sobre a Ribeira da Ametade é tempo agora de subir em direcção à Cruzinha. É imperativo fazer um pequeno desvio para superarmos os 90 metros de desnível que nos leva ao topo do Pico da Cruz, onde está sediado o Cruzeiro (ou o que resta dele) construído por João Augusto de Sousa com "com auxílio da Junta Geral da Câmara de Santana e de várias pessoas".



O local idílico, conserva alguma nobreza. É uma pena que o Cruzeiro esteja destruído há vários anos e que nenhuma entidade, até ao momento, tenha resolvido dar-lhe outra dignidade. Dali avistam-se, em dias bons, como foi o caso, desde os picos da cordilheira central até ao mar.
Depois de apreciar o local, é novamente tempo de voltar ao pequeno e ancestral núcleo de casas da Cruzinha. 
Será fácil encontrar o posto de transformação de electricidade, junto ao qual continua o caminho. Não perca a oportunidade de apreciar de perto esta construção dos anos 50/60 do século XX, da autoria do Arquitecto Chorão Ramalho, que deixou várias marcas na arquitectura madeirense, inclusive nestes simples e duradouros Postos de Transformação. Atente-se no aproveitamento do "basalto" tão característico da Madeira.


Descendo agora em direcção ao Limoeiro e à Fajã da Murta, passamos por pequenos núcleos de casas que pararam no tempo. Talvez no tempo em que este caminho era a única ligação com Santana e o Funchal. Cada pormenor  é observado com vários comentários. Uma adega aberta com as suas pipas aninhadas em cima de um estrado, convida a uma espreitadela no tempo que não passou por ali.
Na Fajã da Murta e sempre dentro do trilho da Estrada Real Nº 24, visitamos o Museu da Família Teixeira. Este museu de família é uma homenagem de Anaclet Teixeira de Freitas aos seus pais, Albino e Conceição, nascidos e criados naquele sítio. É um espaço digno de ser visitado, apesar das memórias que temos a possibilidade de ver, serem de família.





Porque o caminho está sempre à nossa espera, continuamos. Agora seria a subir até à Cova da Roda. Primeiro pela Ladeira do Coxo, depois pelo Lombo do Galego, sempre com paisagens de cortar a respiração sobre a costa norte da ilha.
Pelo caminho, duas vetustas pontes resistem ao tempo e ao quase total abandono.









O Lombo do Galego ganhou o nome do seu primeiro sesmeiro, Manuel Vieira (o Galego). Foram os descendentes deste sesmeiro os responsáveis pela introdução do 'linho galego' na Ilha da Madeira, tão importante para a economia da Ilha. O caminho correcto é o, hoje denominado, Caminho do Pico do Lombo Galego. Depois de encontrarmos de novo o alcatrão damos de caras com o velho moinho, ou o que resta dele. O velho caminho outrora passava à sua beira. Hoje este troço está interditado e é pelo alcatrão que devemos seguir até à próxima bifurcação. Da memória do moinho apenas a pedra que descansa junto ao mesmo. Depois do Moinho, na bifurcação viramos à esquerda, em direcção à Cova da Roda.



De relevar, a passagem fantástica sobre a Ribeira da Abelheira pela vetusta ponte, que resiste sob um espantoso manto verde. Lugar fantástico para algumas poses para a posteridade, devidamente registadas em fotografia.




A chegada ao Miradouro da Cova da Roda é apoteótica. O local sempre aprazível permite vistas sobre a costa norte da ilha que se estendem até à Ponta de São Lourenço. Oportunidade para merendar e trocar mais algumas impressões acerca do local e da sua importância no passado, como cruzamento de caminhos para outros destinos, entre os quais, o Pico Ruivo de Santana.



Depois de descansarmos e preenchermos a alma com a vista soberba que se alcança desde o Miradouro da Cova da Roda, seguimos caminho, agora em plano. O trilho por "Santana dentro" agora faz-se por um caminho quase imaculado. Não fossem duas viaturas que estão há mais de um ano junto a esta via, restando somente as respectivas carcaças para caminheiro ver, diríamos que o tempo, também,  não passou por ali... Uma pena.


O empedrado tão característico deste caminho termina antes de atingirmos o Parque Empresarial. As obras para o mesmo e alargamento da respectiva via colocaram um fim ao tradicional caminho a partir daqui. Há que seguir pelo alcatrão, contra a nossa vontade. A levada da Silveira ou de Santana continua ali à nossa esquerda. 
Apesar de caminharmos agora pelo sempre desagradável asfalto, o percurso é polvilhado aqui e ali por alguns motivos de interesse paisagísticos que, apesar de tudo, mantêm a sua originalidade.
No Ribeiro do Eixo, persistem ainda alguns sinais da incúria das pessoas que não concluíram ainda que os electrodomésticos no fim da vida, não 'desaparecem' nas águas calmas do ribeiro. De lamentar, uma vez mais.
Atingindo o Lombo do Curral, é tempo de percorrermos os últimos metros da Estrada Real Nº 24 no seu estado original, antes desta interligar-se com a Nº 23 na Achada de Simão Alves. Possibilidade ainda para contemplar uma velha casa típica de Santana com a sua entrada ladeada de buxo. O famoso buxo que ladeava caminhos e casas de Santana num passado que deixou memórias para sempre registadas em velhas fotografias e pela pena dos escritores que por lá passaram.


O nosso percurso termina na Rua Dr. Albino de Menezes, junto à escola, precisamente onde esta antiga estrada tinha o seu terminus.


Trata-se de um percurso agradável, que pode ser feito em qualquer altura do ano. Não apresenta perigos de vertigem sendo apenas de salientar a necessidade de algum cuidado onde o piso é algo escorregadio dado a humidade sempre característica das terras a Norte.
Foi um prazer tê-los por companheiros em mais esta caminhada na Madeira. Uma caminhada diferente. Que procura reviver o caminho percorrido pelos nossos antepassados entre o Funchal e uma das mais pitorescas terras do Norte da Madeira.

Uma abraço e até à próxima caminhada. 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Stª Quitéria - Levada do Curral e Castelejo - Curral das Freiras - 30-12-2015

Hoje, venho aqui relatar-vos uma das últimas aventuras feitas por este "torrão abençoado" a meio do Atlântico. 
Vou falar-vos da última caminhada de 2015, aquela caminhada que ano após ano, serve para deixar um "até já" breve, no que respeita a caminhadas, pelas veredas e levadas da Madeira.
A escolha seria feita em conjunto com uma amiga destas andanças. Iríamos assim fazer a Levada do Curral e Castelejo.


Eu faria o percurso pela primeira vez no sentido Santa Quitéria - Curral das Freiras ao longo deste fabuloso canal.
Esta levada, já a tinha percorrido no sentido Curral das Freiras - Santa Quitéria, algumas vezes. Uma das quais, já aqui relatada neste Blog em 2009. No entanto, a última vez que a percorri em 2012, estava em tão péssimo estado, ainda com consequências da aluvião de 2010, que jurei a mim mesmo, nos mesmos termos em que o padre Ângelo de Freitas teria dito nos anos 50 do século passado: "a minha alma virá cá, mas o meu corpo nunca mais passa aqui". O senhor padre ao ser chamado para prestar os últimos sacramentos a um pequeno grupo que teria sucumbido devido a uma derrocada que se abateu sobre eles numa zona de difícil acesso, aquando da construção da levada do Norte, disse esta já famosa frase no seu regresso do ermo lugar. 
Mas, para meu contentamento, tive conhecimento que a referida levada tinha sido alvo de alguns melhoramentos e arranjos de forma a torná-la mais segura. Apenas uma chamada de atenção para a zona onde uma grande derrocada destruiu a levada levando-a ribeira abaixo deixando unicamente um "corte" na escarpa. Isto, tornar-se-ia à partida, o maior empecilho no que respeita a passagens inseguras e vertiginosas. 
Foram estes assim os motes para fazermos então, nesta levada, o nosso último percurso do ano 2015.
O dia não tinha começado da melhor forma. Uns contratempos que não cabem aqui nesta narração, atrasaram para a parte da tarde o percurso. Acabou por ser vantajoso porque o sol, já mais alto, iluminava todo o vale da Ribeira dos Socorridos.


A Levada do Curral foi, em tempo idos, uma das mais bonitas da Madeira. John e Pat Underwood dizem mesmo que foi esta levada a inspirar a primeira edição do seu livro de percursos por esta ilha. Em 1974 dizem mesmo que na Fajã do Poio, haviam ainda louças em cima das mesas e roupas nas camas das casas que agora estão completamente abandonadas ao seu destino, ou seja, engolidas pelo silvado.
Iniciamos então a caminhada em Santa Quitéria, eram 14h20m. 
Depois de passarmos a Ribeira do Arvoredo através duma pequena ponte (acima do viaduto da nova estrada de acesso à Viana) contornamos as últimas casas deste sítio entrando numa zona muito agradável. A água corre alegremente dentro da levada. Do lado esquerdo os socalcos enaltecem a tenacidade dos madeirenses, do lado direito sobe a pique o Lombo do Três Paus. O caminho é em frente. 
Do lado de Câmara de Lobos até ás zonas altas do Estreito, as casas encavalitadas no cimo e os socalcos cultivados quase até ao fundo da ribeira compõem o resto do quadro magnífico que nos acompanha.


Avista-se o casario da Fajã das Galinhas e por detrás dela, imponente o Pico Grande envolto por umas nuvens que parecem feitas de algodão.


Meia hora depois ultrapassamos um pequeno túnel para o qual não precisamos de lanterna, mas constitui uma escultura engenhosa feita pelo homem para permitir a passagem da levada e dos homens, logo depois, podem observar-se na levada, a nobreza da sua construção ainda com os remates sinalizadores que demonstram um cuidado extremo na sua concepção.




Trinta e cinco minutos depois de começarmos, damos com uma casa solitária (habitada) à sua direita. A levada corre por momentos debaixo dos esqueletos de umas figueiras e umas "latadas" de vinha que em dias de calor fazem muito jeito para um merecido descanso. Nesta altura estão despojadas de folhas, tanto as figueiras como as vinhas. Não faz mal porque embora o tempo esteja óptimo para andar não faz calor absolutamente nenhum. Continuamos. 



Cinquenta minutos depois de começarmos, damos conta da pequena aldeia da Fajã do Poio. O telhados avermelhados sobressaem do silvado avassalador que domina tudo à sua volta. 
Logo depois encontra-mo-nos com um casal de norte americanos que, com semblante aterrador, nos aconselham a não continuar porque é demasiado dangerous! Agradecemos o cuidado e iniciamos um pequeno diálogo com estes dois caminhantes. Falamos um pouco da história daquele canal e da sua importância. Ficaram mais descansados quando lhes dissemos que éramos locais e sabíamos bem ao que íamos. Se não estivesse transitável, é óbvio que voltaríamos atrás, por muito que isso custe sempre a um caminheiro. 
Mais dez minutos e entramos na garganta da Ribeira da Lapa. A zona anterior às escadas onde a levada muda de nível é muito escorregadia, mesmo no Verão. Escusado será adivinhar que nesta altura, apesar das poucas chuvas, aquela zona encontra-se de facto muito perigosa. Existem os varandins, que devem ao menos servir de barreira psicológica e depois as referidas escadas. Íngremes e estreitas e claro nesta altura com o respectivo varandim. Lá subimos as mesmas com muito cuidado. Depois é necessário ligar a lanterna. O túnel não é grande e tem janelas, mas contorna a garganta da Ribeira da Lapa por debaixo da mesma e a claridade falta em alguns momentos. Para não ser apanhado desprevenido ligue a mesma antes de entrar no referido túnel.




Depois de sair do mesmo, pare um pouco e observe a zona que acabou de atravessar do outro lado. É simplesmente impressionante observar a levada que corta literalmente uma "empena" altíssima literalmente a meio! Trabalho hercúleo o dos nossos antepassados para transportar o precioso líquido até onde ele era necessário. Logo depois deparar-se-à à direita com a data da construção da levada - 1943.

Depois de deixar a referida garganta, não vai encontrar à sua esquerda a Fajã do Poio como em tempos idos. Desta parte da levada só uma casa sobressai com o seu telhado com vista para o canal. É pena que assim seja.


As vistas continuam soberbas! O tempo ajuda e começam a aparecer alguns troços mais expostos para os quais se exige mais cuidado. Nalguns locais foram colocados novos varandins, mas mesmo com estes, um descuido pode ser fatal. A noção de abismos que temos desta levada quando a percorremos em sentido inverso é completamente diferente. Neste sentido os abismos, embora estejam lá, ultrapassam-se com maior facilidade para os mais vertiginosos. Nesta altura estamos com duas horas de caminhada depois do começo.
É de observar que toda a esplanada foi consertada, o que representa um acréscimo de confiança no percurso. A levada recebe nesta zona grande parte do seu caudal, além do que recebe anteriormente na Ribeira da Lapa. 






Daqui por diante a água que eventualmente corra é fruto de algum pequeno corgo desviado para a mesma ou mesmo de alguma nascente.
Nota-se a partir daqui que a vegetação infestante (abundância e outras) é mais intensa. Tenha cuidado onde coloca os pés. Terá de percorrer ainda umas zonas abismosas e sem qualquer tipo de protecção. A esplanada no entanto encontra-se reparada.



Pelas 16h50 começamos a ver as primeiras casas do Curral e logo depois passamos por um pequeno túnel no Lombo da Partilha (por ser a zona de separação entre as terras de Santo António e Curral das Freiras) e por onde passa a levada, que mais uma vez ultrapassa o pequeno corgo por debaixo do mesmo. Não necessita de lanterna para este. Dez minutos depois, estamos perante a grande derrocada que fez desaparecer grande parte do canal e respectiva esplanada. Trata-se duma grande extensão de terras e rochas que se desprenderam das encostas do Pico do Serrado. É uma pena que isso tenha acontecido. Contingências da Natureza.


A partir daqui a levada está, em muitos locais, destruída. No entanto não é perigosa para a passagem. 
Fica um lamento quando dez minutos depois passamos pelo souto que tanta beleza dava àquele troço de levada. 


Os castanheiros lá estão, a levada a espaços também, mas falta-lhe a vida de outros tempos, não corre  a preciosa água! 


Chegamos assim ao Curral eram 17h30m.
Foram três horas e dez minutos de puro deleite e alguma adrenalina.
A levada NÃO DEVE SER PERCORRIDA POR PESSOAS COM VERTIGENS OU POUCA SEGURANÇA DE PÉS!


Foi um passeio fantástico a rematar um ano difícil. 
Resta esperar que o novo ano nos traga a paz que tanto necessitamos e que continue a vontade de percorrer esta terra abençoada em que vivemos!
Um abraço e até à próxima caminhada!