quinta-feira, 18 de março de 2010

Chão das Feiteiras – Ribeiro Frio – Lamaceiros – Santo da Serra - Ribeiro Serrão – Figueirinhas - 31-01-2010

Domingo, 31 de Janeiro de 2010
Apesar da noite de chuva que se tinha feito sentir, foi com surpresa minha que vi muita gente comparecer á caminhada de hoje.
O percurso delineado era fácil. O tempo, esse é que prometia não ajudar em nada. Assim foi.
Faltavam assim quinze minutos para as oito da manhã quando partimos em direcção ao Poiso.
Deveria ser aí que começaríamos a caminhada segundo o programa. Tal não viria a verificar-se porque a chuva tinha tornado demasiado escorregadio o Caminho Velho que passa pelo Chão das Feiteiras. Então desceríamos até a este chão para então aí iniciarmos a caminhada de hoje.
A chuva e o nevoeiro, conforme o previsto já estava “à nossa espera”! Estaria connosco até ao fim!
Sendo assim houve logo que colocar todos os impermeáveis possíveis e imaginários! Havia que retardar ao máximo a penetração da água!
Depois de devidamente (?) preparados, lá seguimos pelo caminho velho que atravessa o Chão das Feiteiras derivando logo abaixo á esquerda em direcção ao Ribeiro Frio. Eram oito horas e cinquenta minutos.
A chuva continuava. A vereda, essa, para nossa surpresa estava em muito bom estado. Não evitou alguns escorregões. Nada de especial. Um quilómetro de puro deleite! Até serviu para umas gargalhadas a sério!
Uns minutos depois chegamos ao Ribeiro Frio. Foi tempo para o primeiro café da manhã. E que bem que soube.
Depois de algumas conversas de circunstância lá seguimos em direcção á Levada da Serra do Faial ou do Furado. A chuva caia cada vez mais intensamente. O percurso decorria a bom ritmo apesar da água.


Continuamos caminho na levada. O percurso é bonito. A chuva e o nevoeiro não nos iria deixar desfrutar de quase nada. Digo quase nada porque, no que respeita a quedas de água, elas seriam por todo o lado, imensas. Qual delas a mais bela?
Cerca de uma hora depois e tempo de cruzarmos a Ribeira do Poço do Bezerro. Ela vinha cheia de água.
Pelo caminho algumas peripécias. Alguém que completamente distraído vai literalmente para dentro da levada e molha o resto de roupa seca que possuía! Risada geral! De facto só rimos com a desgraça alheia!


No Cabeço do Furado passamos por um pequeno túnel que nos dá algumas tréguas em relação á chuva! Por momentos não queremos sair dali! Mas há que continuar! E à saída, lá temos a chuva a cair copiosamente! Os precipícios são enormes!
Ao atingirmos a casa de divisão de águas dos Lamaceiros, paramos um pouco para reagruparmos e comermos um pouco. Sempre com a chuva por nossa companhia!
Logo de seguida encontramos a descida para a Portela, que passa pela casa Florestal dos Lamaceiros.
Continuamos caminho até á segunda caixa divisória de águas. Aí foi tempo de fazermos as despedidas do resto do pessoal. Eu e o J. Iríamos continuar caminho pela Levada da Serra do Faial. Faríamos assim o percurso delineado previamente. Iríamos assim passar pelo Ribeiro Serrão.
Com alguma surpresa dos nossos camaradas caminheiros, lá seguimos debaixo duma copiosa carga de água! Como já estávamos molhados, a roupa já não contava! Seriam á partida mais cerca de quinze quilómetros extra percurso!

Na minha óptica é um percurso algo monótono a partir daqui. A Levada quase sem água, com alguns troços onde a vegetação quase esconde por completo o trilho, misturado aqui e ali por algum excesso de lixo, deixado ao acaso após algumas provas de BTT deixa algo a desejar. A merecer melhor atenção por parte das autoridades locais responsáveis por estes percursos. Surpreendentemente alguns destes troços são muito frequentados por turistas que nos visitam. A ter em conta portanto.
Quatro estradas, João Frino, Águas Mansas, Ribeiro Serrão. Aqui, temos de sair do trilho junto á Levada e fazer o mesmo pela estrada.
Casais de Além, Vale Paraíso. Atravessamos aí a estrada nº203 e fomos até á Quinta com o mesmo nome para aí descermos pelo caminho em frente de encontro á estrada nº 102. Cruzamos esta estrada e descemos então até ao Pinheirinho, por uma vereda. Depois das Eiras, finalmente as Figueirinhas onde chegamos muito cansados. Faltavam quinze minutos para as cinco da tarde.
Foram oito horas a andar. Quase mesmo, sem parar.
Um percurso feito quase exclusivamente sob uma chuva persistente, teimosa. Mas teimosos também somos nós! Concluímos aquilo a que nos propusemos dias antes. O objectivo de completar este trajecto fora conseguido. As vistas sobre a paisagem, iriam ter de ficar para outra oportunidade.
Nós, meus amigos, continuaremos por aqui. Numa qualquer vereda, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta terra.
Abraço e até á próxima!


(Uma vez mais, poucas fotos! A fartura de água caída do céu assim condicionou – foi o que pôde arranjar, espero que gostem)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Poiso – Levada do Blandy – Lagoa do Blandy – Poiso - 24-01-2010

Como não era fim-de-semana de passeio com os Amigos, a falta da montanha fazia-se sentir com, muita intensidade.
Precisava respirar. Os afazeres da “vida normal” não deixam muito tempo disponível para deambular pelas serras. Havia que remediar isso. E é tão fácil por aqui, meus amigos. Em qualquer nesga de terreno se encontra um sítio mágico para apaziguar o espírito.
Sendo assim, então, nada como subir até às serras do Poiso e procurar um desses sítios.
Iria assim fazer parte da Levada do Blandy, até ao Poço – Lagoa e, se o nevoeiro me deixasse iria até ao Cabeço da Lenha.
Seria um percurso fácil. Feito em plena solidão. Perfeito. Eu e a Natureza.




Sendo assim, junto á grade metalica na estrada logo a seguir ao Poiso, a caminho do Pico do Areeiro, virei á direita pela pequena levada. Contra a direcção da água. O nevoeiro começou a fazer-me companhia ligeiramente. Até dava um ar especial, misterioso, a esta pequena caminhada. Eu até gosto do nevoeiro. É como se por momentos o mundo se limite a tudo o que vejo. Nada existe além deste. Coisas minhas.
A levada corre alegre por entre as Uveiras da Serra que, nesta altura, apresentam uma bonita cor avermelhada. O mês de Setembro já vai lá bem longe e as uvas da serra, tão boas para comer e para outros fins, já lá não moram.
O caminho faz-se com silêncio quase absoluto. Só o som da água a correr alegremente traz-me de volta á realidade do que me rodeia.
Continuo.
De encontro ao poço no Cabeço da Agua das Bicas. A vereda é fantástica. O ambiente que nos envolve, magnífico!




Ao chegar á lagoa, uma decepção. Esta estava vazia. Não consegui verificar a razão, mas toda a vida á volta desta mesma lagoa estava mais triste. Alguns arbustos, mesmo já sem vida. Uma pena! A visão estupenda que tive deste mesmo local aquando da minha última passagem fazem-me por momentos pensar que não estou no mesmo sítio. Enfim.
À procura de melhor sítio para pensar, resolvi continuar até ao Cabeço da Lenha. O caminho “mágico”, como lhe chama um meu amigo e eu agora também, hoje com nevoeiro quanto baste, estava sublime!
Os Pinheiros de Douglas (pseutotsuga menziesii) e os Pinheiros de Monterrei (pinus radiata) plantados pelos Serviços Florestais na década de cinquenta do século 20 dão um “ar” de “floresta encantada”, mais uma, a este sítio. O trilho é encantador e não apetece sair dali nunca!
Foi isso que fiz durante algum tempo. Mantive-me por ali. A “inspirar” aquele local e esquecer a vida.

Continuo. O nevoeiro também. Cada vez mais intenso. Começa a chover levemente.
A mudança de tempo foi repentina. Havia que voltar para trás. De volta ao Poiso.
Fica uma sensação boa. Da solidão perfeita. Da perfeita comunhão entre mim e aquele espaço mágico.
O espírito estava assim alimentado.
Era hora de voltar a casa. Para mais uma dura semana!
Abraço, até á próxima caminhada.

terça-feira, 9 de março de 2010

Ribeira Brava - Capela da Gloria - Vereda da Vigia - Vereda do Paço - Estrada M. das Fontes - Cabo Girão - Câmara de Lobos -17-01-2010

Domingo, 17 de Janeiro de 2010
Depois de passada toda a azáfama das festas de Natal e fim de ano, era tempo finalmente de voltar a caminhar pela minha terra!
Era tempo de “queimar “ alguns excessos acumulados com os encantos natalícios próprios da época.
Não pude acompanhar os Amigos na sua primeira caminhada do ano, dado que ela coincidia exactamente com o dia em que eu ficava “mais velho” um ano!
Não haveria autocarro para nos transportar ao início da caminhada deste fim-de-semana. Era assim que ditava o programa.
Sendo assim, previamente combinei com uns amigos boleia até ao sítio de início da caminhada. Ou seja, até á Ribeira Brava. O meu carro ficaria assim, á nossa espera, em Câmara de Lobos.
Sensivelmente á hora marcada, lá rumamos á Ribeira Brava. As conversas pelo caminho foram animadoras. Tratava-se de uma caminhada fácil. Própria para um início de ano, onde a preparação deixava muito a desejar. Enfim, cerca de vinte minutos depois, lá chegamos á Ribeira Brava pela via rápida.
Enquanto aguardávamos pelos camaradas caminheiros que vinham no autocarro da carreira, “vagueamos” pela baixa Ribeirabravense. Fomos assim ao bar do costume, á sandes e ao café do costume.
Um pouco depois, junto ás traseiras da igreja matriz da Ribeira Brava começaram a aparecer pouco a pouco os restantes caminheiros que fariam connosco grande parte da caminhada deste dia.
Tempo para alguns cumprimentos efusivos. Estranho este sentimento que une esta gente de diversos pensares! Votos de bom ano novo e de boas caminhadas também, acima de tudo!
Faltavam dez minutos para as dez horas quando iniciamos a referida caminhada.


Num grupo animado, próprio de amigos que não se viam há muito tempo, seguimos a subir pelo caminho antigo da Ribeira Brava.
Em direcção ao miradouro sobranceiro á Ribeira Brava onde temos uma panorâmica excelente sobre esta localidade. O grupo continuava animado. Foi tempo para algumas poses de grupo para as fotografias do costume.
Depois, continuamos caminho fazendo ainda parte dum troço da antiga Estrada Real e depois na Estrada Regional. Descemos assim o Caminho da Pedra Nossa Senhora de encontro á Capela de Nossa Senhora da Gloria. Faltavam vinte minutos para as onze horas.
Junto a esta simpática capela, descansamos um pouco e demos alívio ao farnel.



Logo depois, foi subir novamente. De encontro ao sítio da Vigia. Seria aí que tomaríamos a vereda com o nome deste sítio de encontro ao Calhau da Lapa. A vereda carece de algum cuidado por parte das autoridades competentes. Nota-se a olhos vistos a degradação da mesma relativamente a minha última passagem por ali no dia um de Maio do ano passado.
O lixo amontoado já lá não anda, mas a degradação, essa é, por demasiado evidente.
No Calhau da Lapa houve tempo para apreciar as ondas do mar que fustigavam o pequeno cais. A força da Natureza a fustigar o pequeno cais semi-destruído.
A Fajã dos Padres lá ao fundo, acantonada entre as rochas e o mar. Um pequeno paraíso de acesso difícil.


Depois de reunirmos mais uns elementos, foi tempo de começar a subir a penosa Vereda do Paço. Esta difícil subida só é atenuada pelas vistas sobre a cascata que desagua no Calhau da Lapa. É de facto uma cascata linda de se ver e as paragens quase que obrigatórias nesta subida em boa medida se devem também ao facto da sua existência. A propósito diga-se e bem que esta cascata já se encontra equipada para a pratica do Canyoning. Uma modalidade em crescente na nossa Ilha, mas desconhecida para a maior parte do chamado “grande público”. A merecer a nossa melhor atenção.
Chegados quase ao inicio da Vereda do Paço, o grupo digamos “partiu-se”! Os mais resistentes (?) continuariam a subir o morro que desembocaria na Estrada Municipal das Fontes.
Pela subida alguns poços abandonados denotam que por ali os terrenos devem ter sido cultivados em tempos idos.
Chegados ao cimo foi tempo de descansar mais um pouco. A subida tinha sido agreste para alguns. Havia que descansar um pouco para seguir caminho. Nuns terrenos junto á berma da estrada, um grupo de homens cavava a terra. Trazendo á luz do dia as batatas (semilhas) que depois de limpas eram espalhadas junto á estrada para serem arrumadas. A caminho dum qualquer mercado do Funchal.
Seguimos então por este caminho até a um sítio onde ele se bifurca com uma estrada sem saída á direita, ainda em construção.
No fim deste caminho subimos á esquerda, por um terreno que deve ter sido em tempos de cultivo. Agora é um bonito manto amarelo com o trevo em flor! A natureza com a sua simplicidade, consegue dar um ar da sua graça mesmo através desta erva comum em flor! Lá ao fundo o Campanário, mais ao fundo a Ribeira Brava.
No cimo deste morro há que transpor um pequeno núcleo de pedra para mais adiante tomarmos a Vereda das Fontinhas.
Mais abaixo, passamos por cima da Via Rápida de ligação do Funchal á Ribeira Brava para assim acedermos a estrada de acesso ao elevador da Fajã dos Padres. Aí, fizemos mais uma paragem.




Faltava-nos subir até ao Cabo Girão. Levaríamos cerca de meia hora a atingir este local. Atingíamos assim o segundo cabo mais alto do mundo! Com cerca de 580 metros de altura! Quem se debruça sobre a sua varanda colocada no promontório que também serve de Miradouro privilegiado, fica literalmente “sem respiração”!
Depois de usufruirmos das vistas magnificas que este miradouro natural nos proporciona, foi tempo de separar-nos e junto com um pequeno grupo já previamente acertado, rumamos agora, desta feita a descer, em direcção ao Caminho Velho do Rancho. Os terrenos cultivados na zona da Caldeira dão a este lugar um aspecto de um “jardim cuidado”. Impressionante como até os terrenos cultivados dão um ar tão bonito a estes socalcos dificilmente conquistados á “terra mãe”.


Fomos assim descendo este velho caminho de encontro ao sítio do Rancho. Aí deveríamos tomar a Vereda da Areia. Do sitio das Tabaibas seguimos pela Rua Ricardo Ferreira César, ilustre câmaralobense homenageado pela sua terra, com o nome dado a esta rua, pelo seu importante contributo na luta pela irrigação do seu concelho. Diga-se que, como sócio fundador do Sindicado Agrícola de Câmara de Lobos, juntamente com Dr. João Artur Soares Henriques, esteve nos primeiros esforços desenvolvidos para a irrigação do Concelho de Câmara de Lobos. Posteriormente com a vinda á Madeira da Missão Técnica de 1939 foi este homem de estrema importância, na elaboração dos planos da Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira, entidade construtora da Levada do Norte, inaugurada em 1 de Junho de 1952.
Descemos assim depois, pelo caminho das Preces, para a casa (lagar) de um Amigo, para onde tínhamos sido previamente convidados para provar um petisco previamente preparado.

Foi um final de passeio "comemorado" com muito boa disposição junto a um velho lagar de uma fazenda típica desta terra. Houve mesmo quem apreciasse por demasiado o petisco gentilmente oferecido, de tal forma, que foi o “cabo dos trabalhos” para encontrar o caminho de saída de encontro á Cidade Nova de Câmara de Lobos.
Tudo foi levado a bom termo.
Um passeio digno de permanecer na nossa memória. Pela disposição ao longo de todo o percurso. Pelo percurso diferente, sempre com o mar como cenário.
Amigos, resta-me agradecer terem estado comigo em mais esta caminhada.
Abraço e até á próxima caminhada, num qualquer caminho, numa qualquer vereda desta magnífica terra!

terça-feira, 2 de março de 2010

A Resiliência no verdadeiro espírito Madeirense


Algures, alguém disse que o "esquecimento" era o melhor mecanismo que o ser humano desenvolvia para enfrentar as adversidades e seguir em frente.

Pode até ser uma visão "poética" da situação. O certo é que, para ultrapassar determinadas situações e seguir em frente é preciso mesmo uma determinada dose de "esquecimento". Não um "esquecimento" que nos afaste da dor dos "nossos irmãos" falecidos em plena catástrofe e daqueles que sofreram e ainda sofrem na pele as consequências dos últimos acontecimentos, mas um "esquecimento" que nos faça sair desta letargia que se apoderou de nós todos, própria de quem viveu um autentico pesadelo.

Estou em crer que a limpeza das ruas, lugares e habitações, é somente a parte "visível" do tal "esquecimento" que precisamos para seguir de facto em frente. A todos os que têm contribuído para que isso mesmo seja uma realidade de facto, não nos devemos cansar de agradecer profundamente!
Estou plenamente convicto que o espírito resiliente dos madeirenses ultrapassará mais este período negro da sua história.

A todos os que por aqui passam, e que, de tantas formas manifestam a sua força, a sua solidariedade, agradeço do fundo do coração.