sábado, 9 de maio de 2009

Fajã dos Cardos – Lombo do Urzal (05/04/2009)

Domingo. Dia de caminhada com o Grupo Pés Livres.
O dia começou bem cedo como de costume. Havia a expectativa de chegar ao Curral das Freiras logo pela manhã. Coisa que já não apreciava desde há muitos anos.
Junto ao Palácio da Justiça lá nos reunimos como de habitual para a contagem dos elementos que iriam fazer esta passagem desde o Curral ao Norte da Ilha. Mais propriamente á Boaventura. Feito o controle, lá se arrumaram os bordões na bagageira do autocarro. O som característico desta arrumação faz-nos sentir que o arranque está próximo. O arranque para a nossa caminhada.
A subida por Santo António, minha freguesia, faz-se lentamente. Pico dos Barcelos, Courelas, Vasco Gil, Estrela, túnel, e finalmente o Curral aos nossos pés.
Ao descer até ao centro para o café matinal e mais alguma confraternização deparamo-nos com a Procissão do Domingo de Ramos. Havia que acompanhar a procissão. Pelo menos até á zona do café.
Das traseiras deste simpático Bar/café, tempo ainda para umas fotografias sobre os sítios abaixo do Curral, Seara Velha, Lombo Chão, Terra Chã. Lá no cimo A Boca dos Namorados. O dia estava magnífico para uma caminhada. E ela iria ser um pouco dura, diga-se de passagem.
De volta ao autocarro, subimos até á Fajã dos Cardos. E foi junto á Vereda da Fajã Capitão que iniciámos a nossa marcha. Logo á entrada á nossa esquerda, os tanques para cozer o vime para uma industria em completo declínio, que só sobrevive porque há gente que teima em fazer o que sempre soube fazer e bem.

O caminho de princípio faz-se suavemente. Por entre uns terrenos cultivados. Uns palheiros aqui e ali denotam a presença de gado entre portas bem á maneira madeirense. Alguém observa á porta de um deles a perguntar-se certamente o que faz tanta gente se levantar tão cedo da cama para “deitar” caminho serra acima.
O trilho utilizado pelos nossos antepassados da costa norte para deslocar-se á costa sul e vice versa, a dada altura começa a empinar-se serra acima. Os eucaliptos que não se aguentaram de pé desde o ultimo inverno atravessam-se no trilho como que a dizer-nos que a subida não será fácil. Mas a nossa perseverança é grande e a vontade de chegar lá cima maior ainda. Então tronco após tronco, curva após curva, caminhamos lentamente com o Curral nas nossas costas sempre cada vez mais distante e mais bonito. Á nossa direita em, plano inferior, o sitio da Fajã do Cardos, ao longe o Pico Cidrão, Pico do Areeiro. O sol brilha lá em cima. É lá para cima que caminhamos. O nosso objectivo é a Boca das Torrinhas. Perto já desta, as vistas de outro ângulo sobre o Pico Jorge são magníficas.




A chegada a referida Boca das Torrinhas é de certa forma apoteótica. Há que estender-se um pouco. Esperar pelos mais lentos. O tempo, digamos, é bem gasto na espera. Um “assalto” ao farnel e as respectivas fotos preenchem bem os minutos de espera. A vista é fantástica desde este local sobre o Curral. O sítio digamos que é mágico. Aquela “encruzilhada” de caminhos e mágica! Foram cerca de uma hora e quarenta e cinco minutos a subir.
Após a chegada dos mais lentos, mandadas as “bocas” da praxe, lá seguimos o nosso caminho. A caminho da das terras da Boaventura. Ao encontro do Lombo do Urzal.
Fascinante como tudo muda quando iniciamos a descida pela costa norte. A vegetação é mais densa. Os Eucaliptos dão lugar ao tis, os loureiros, os paus brancos, os folhados e os adernos. Alguns ranúnculos e algumas estreleiras, fazem a festa da cor por estas paragens nesta altura. É a Primavera no seu alvor. A humidade através dos nevoeiros dos ventos alísios é uma constante naquelas alturas. Para quem tem dúvidas sobre a diferença do clima ente a costa Sul e a Norte basta fazer esta pequena mudança neste sitio. A descida meus amigos: é LINDA! Difícil, mas linda! Um trilho que merecia ser mais cuidado! Uma descida linda numa floresta mágica!





Algumas quedas que fazem rir todo o pessoal interrompendo o silêncio dos caminheiros que, cada um por si, interioriza aqueles momentos como se fossem só seus. Eu pelo menos senti-me assim. E não há ninguém com alguma sensibilidade capaz de ignorar tanta beleza junta.
Após várias curvas e contra curvas, lá começamos a avistar lá em baixo o Lombo do Urzal, com a Achada da Madeira um pouco mais acima.
Ao cruzar-nos com a Levada dos Tornos (um dia deste iremos até á sua madre), fica pelo menos a ideia que o Lombo do Urzal está próximo. Já vemos ao longe a camioneta. Já o estômago imagina como estará o “macarrão” prometido para o fim da caminhada.

Após a mudança da camisola da ordem, tempo de preparar o prato para dar que fazer ao garfo e á faca! E que bom estava o macarrão! Parabéns as senhoras cozinheiras que muito se esmeraram na confecção deste delicioso prato!
Na volta ao Funchal tempo ainda para uma cerveja fresca no Santo António.
Mais uma caminhada pela minha terra para não esquecer e uma serie de ideias para outros percursos a fazer brevemente!
Até lá meus amigos! Encontrar-nos-emos num qualquer caminho, um dia destes!
Até a próxima caminhada na minha terra!

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