Primeiro passeio do ano.
Era a primeira caminhada do ano. Iríamos caminhar nas serras da Fajã da Nogueira, local de verdadeiras preciosidades botânicas e não só e que fazem parte do Parque Natural da Madeira. Possuidora de um dos melhores núcleos de Floresta Laurissilva da Madeira que por sua vez e pela sua diversidade foi classificada pela UNESCO em Dezembro de 1999, Património Natural da Humanidade. Iríamos assim visitar um santuário.
Era a primeira caminhada do ano. Iríamos caminhar nas serras da Fajã da Nogueira, local de verdadeiras preciosidades botânicas e não só e que fazem parte do Parque Natural da Madeira. Possuidora de um dos melhores núcleos de Floresta Laurissilva da Madeira que por sua vez e pela sua diversidade foi classificada pela UNESCO em Dezembro de 1999, Património Natural da Humanidade. Iríamos assim visitar um santuário.
O dia começou bem cedo. Mochila arrumada no dia anterior ás costas e rumei ao Funchal. Junto ao palácio da Justiça já alguns elementos habituais dos Pés Livres aguardavam em amena cavaqueira. Aguardei pelos meus amigos Lucélia, Gonçalo e o Miguel. Eram eles os parceiros mais chegados para a minha primeira caminhada do ano.
Pelas oito horas já o grupo estava bem composto. Aguardamos pela velha camioneta da CMF que nos iria levar á Fajã da Nogueira para aí iniciarmos a caminhada em redor da dita Fajã.
Parámos, como parece que é habito quando o passeio é por aquelas bandas, em Machico para o primeiro café matinal. Tempo para umas projecções para o que eventualmente nos esperava. O dia estava cinzento, carregado. E assim foi. Chegados a Fajã da Nogueira, mais propriamente, junto a ponte sobre a Ribeira da Metade, começou a chover ligeiramente. Impermeável vestido e estrada acima que se fazia tarde. Uma quebrada acabou por bloquear a estrada de acesso á central logo no inicio, pelo que deveríamos chegar lá acima, ao local de início da caminhada, como não podia deixar de ser, a pé. E assim foi. Uma hora depois, sensivelmente, estávamos junto á lagoa da Central. Começamos a subir. A chuva não parava de nos fazer companhia. Cada vez mais intensa. A subida íngreme, primeiro até a Casa dos Levadeiros, depois até a Câmara de carga da Central da Nogueira, fazia algumas pernas fraquejar. Pelo peso da chuva e não só. O silêncio imperava. Só ouvíamos os passos surdos sobre as folhas molhadas que cobriam o chão. Na casa dos Levadeiros, descansamos um pouco para logo depois seguirmos caminho. Foram cerca de duas horas a subir.
No miradouro no qual se deveria avistar as montanhas do Areeiro e o Pico das Torres, não pudemos usufruir dessas visões. O nevoeiro, alternado com a chuva não nos deixaram ver coisa nenhuma. Ficou, com toda a certeza o desejo de lá voltar e confirmar as vistas que os nossos companheiros de viagem não se fartavam de comentar.
A chuva era cada vez mais intensa e já junto á Levada que trás a água desde o Caldeirão do Inferno para a Central da Fajã da Nogueira, caminhando em direcção á sua nascente, podíamos verificar que ela vinha rasa. Cheia até á esplanada. Umas quedas de água lindas de morrer ajudariam a molhar o pouco que ainda tínhamos seco. Quase duas horas depois chegámos ao caminho de terra que nos traria de volta á Central. Pelo caminho de descida, uma visita incontornável aos dois tis gigantes (Ocotea foetens) que resistem ao tempo. Ao tempo anterior á descoberta da Madeira. Um momento de silêncio é obrigatório perante estes dois bons gigantes que muito já sofreram, mas que se mantêm de pé, como que a mostrar-nos a nós pobres humanos que a vida apesar das dificuldades e adversidades, pode ser vivida em cada nesga de oportunidade desde que haja perseverança. Continuamos a descer em direcção ao ponto de chegada. Deveria ter sido até ao Ribeiro Frio, mas a chuva aliada a quebrada que nos “obrigou” a um esforço suplementar acabou por mudar o ponto de chegada desta caminhada para exactamente o nosso ponto de partida. Diga-se de passagem que a chuva nem nos deu uma trégua para podermos apreciar o farnel tão gentilmente preparado em casa.
A vingança far-se-ia dentro já da camioneta enquanto esperávamos pelos caminheiros mais lentos e durante o percurso até ao Funchal: Malassadas a rodos com e sem mel para toda a gente. Ainda no caminho de regresso, paramos num bar no Faial. Foi, como disseram alguns para tomar o “xarope” para não adoecerem com gripe.
Chegamos ao Funchal pelas 17 horas. Depois das despedidas da praxe, voltamos cada um á nossa vida. Durante nove horas estivemos juntos. Num objectivo comum. Apreciando o santuário da Fajã da Nogueira. Com a certeza de ter de lá voltar. Sem chuva. Para convenientemente apreciar cada recanto deste lugar, destes caminhos.
Até á próxima Caminhada na Minha Terra.
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