terça-feira, 11 de agosto de 2009

Lameiros – Maruja - Lombada das Vacas – Topo da Queimada – Chão dos Louros – Lameiros - 05-07-2009

Domingo. Fazia dias que estava a pensar se iria acompanhar os “Amigos” nesta caminhada pelas serras de S. Vicente e Ponta Delgada. Tratava-se, segundo o programa de uma caminhada de “quatro botas” o que logo á partida fazia adivinhar um trajecto difícil.
Tudo se decidiu dois dias antes, quando em contacto com um dos elementos mais antigos do grupo, acertamos como iríamos deslocar-nos ao ponto de agrupamento que seria no Rosário, junto á igreja. Não havia transporte até ao inicio da caminhada portanto tudo fazia prever que pelo traçado da mesma e pela falta do mesmo transporte iriam comparecer muito poucos “Amigos”.
Ás sete e meia saímos de S. Martinho. Eu e o meu irmão, demos assim boleia a mais três “amigos” e seguimos viagem na companhia de mais cinco amigos que seguiram noutro automóvel.
A paragem para café matinal desta feita fez-se num dos cafés a caminho da Serra de Agua. O dia adivinhava-se bom para caminhar. Fazia já algum sol e a boca da Encumeada avistava-se clara!
Serviu para as primeiras conversas do dia e para trocar algumas impressões com alguns elementos mais experientes do grupo sobre o que nos esperava em S. Vicente.

Eram oito e meia da manhã e junto á referida igreja, já estavam alguns elementos dos amigos á nossa espera. Dois ou três diga-se de passagem. Entretanto chegaram mais, um ”assustou-se” com as descrições de alguns troços que teríamos de fazer e desistiu ali mesmo. Eu e o meu irmão estávamos decididos a fazer a caminhada. Custasse o que custasse. Ao todo, reunimos vinte e cinco elementos. Algumas mulheres de coragem á mistura.
Sendo assim, e porque nenhum “chefe” oficial compareceu á partida (uns andavam por terras açoreanas e outros com afazeres inadiáveis) dirigimo-nos ao ponto de partida “orientados” por dois ou três dos caminheiros “habituais da casa”.
Iniciamos a nossa caminhada eram oito horas e cinquenta minutos no Caminho do Foro em direcção aos Lameiros. Começamos assim logo a subir. O nosso primeiro objectivo era a Lombada das Vacas. Levamos assim cerca de uma hora e vinte e cinco minutos a fazer esta difícil subida. Algumas vezes a ter de recorrer ás “patas da frente” para sentirmo-nos em segurança de forma a tingir o patamar seguinte. Mas, como digo tantas vezes e aqui não é excepção, o que custa a conquistar tem sempre outro sabor e meus amigos o que se avista desde aquele sitio faz qualquer um perder a respiração! Todo o vale de S. Vicente com todo o seu esplendor, o caminho florestal dos Estanquinhos-Ginjas com o seu traçado ao zig-zag, lá ao fundo o Seixal, mais ao fundo o Porto Moniz…fantástico! Nunca eu alguma vez sonhava estar ali naquele sítio, quando, não poucas vezes visitava a simpática localidade dos Lameiros em S. Vicente!



Continuamos caminho agora nas serras sobranceiras á Ponta Delgada nomeadamente as três Lombadas. Foi duro ver a acção dos incêndios que têm devastado ao longo dos tempos esta zona. Alguns troncos de pinheiros completamente queimados mantêm-se teimosamente de pé como que a servirem de testemunha dos infernos passados. Uma imagem a reter. Para muito boa gente ver… Felizmente um loureiro aqui e ali fazem-nos acreditar que a regeneração pode ser um facto se não houverem mais “desgraças”.
Eram treze horas e cinco minutos quando alcançamos um sítio que eu lhe chamaria de “mágico” Um local magnífico donde se avista o Lombo do Urzal lá em baixo, bem no fundo! Por uns momentos as nuvens deixaram-nos maravilhar com as vistas do Pico Ruivo e o Pico Canário.
Foi tempo para descansar um pouco e dar-mos um “assalto” ao farnel trazido de casa. Tempo para ouvir já algumas queixas…mal sabíamos o que nos esperava ainda! Continuando na subida, foi-nos explicado por um dos caminheiros experientes, que a vereda por ali há dois três anos atrás encontrava-se numa perfeita “avenida” devido á limpeza efectuada pelos serviços florestais há quatro anos. Para isso foi-nos muito atentamente mostrado o local onde foi improvisado um heliporto que transportava os trabalhadores a partir deste local para a limpeza da Vereda da Maruja. Pena que esse trabalho não tivesse nenhum tipo de manutenção ao longo dos anos seguintes deixando o trilho quase que completamente escondido pelo meio da vegetação. Mas era neste trilho que devíamos seguir. Nem a giesta, nem o silvado (maldito silvado) nos faria desviar ou desistir da nossa rota!



A partir daqui o ritmo era mais lento…ouviam-se as queixas em alto som, a falta de água de alguns era colmatada prontamente por quem a tinha em maior quantidade. Impressionante o espírito de grupo desenvolvido neste tipo de situação. Eu continuava sereno. Cansado mas ao mesmo tempo satisfeito comigo mesmo. O silvado insistia em me “riscar a pintura”. Já não importava! Como dizia um camarada meu, “isso só doem os primeiros”! Assim foi!
A descida depois do Topo da Maruja, faz-se com muito cuidado por uma crista de rocha íngreme! A descida que se segue é também muito traiçoeira com muita pedra solta e muito musgo á mistura. Começamos a descer faltavam dez minutos para as duas horas da tarde. Atingimos o leito da Ribeira perto do Chão dos Louros eram dezasseis horas e trinta minutos. Foi bom descansar um pouco enquanto esperávamos pelos mais lentos junto ao leito da ribeira. O som da água límpida a correr era como um “bálsamo” para a nossa mente e nosso corpo! Foi óptima essa sensação! Foi bom partilhar esse sentimento com outros que ali mesmo sentiam o mesmo que nós!
Recuperado um pouco assim dessa “alma” perdida na descida, continuamos caminho até atingirmos uns “poços” junto ao leito da ribeira num patamar mais inferior. Levamos cerca de meia hora nessa descida. Faltava-nos ainda cerca uma hora e quinze minutos para alcançar-mos os carros deixados no começo do Caminho do Foro. Antes de aqui chegarmos, passamos ainda pelo Caminho do Cascalho/ Caminho da Ribeira Grande no sitio com este mesmo nome.




Foi uma caminhada magnífica! Com muita emoção, esforço e boa disposição á mistura! Diria eu uma caminhada completa! Das melhores feitas até agora por mim.
Não posso deixar de agradecer aos caminheiros “habituais da casa” do Grupo Amigos da Natureza” que tão bem nos guiaram pelas difíceis serras de S. Vicente e Ponta Delgada. Foram magníficos neste esforço. Embora saiba que fazem por puro gosto não custa nada agradecer estes “ricos ensinamentos” que nos vão deixando caminhada após caminhada!
Quanto a mim meus amigos cada vez continuo mais maravilhado com a minha terra e com as magnificas surpresas que ela me revela pouco a pouco…Sinto-me tão pequenino e com tão pouco tempo para absorver tanta beleza!
Um abraço e até um dia destes! Já sabem, vão continuar a encontrar-me por aí, num qualquer caminho, num qualquer lugar desta abençoada terra que é a nossa!

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