sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Curral das Freiras - Lombo Grande - Pico Coelho - Pico Milhafre - Pico Canário - Miradouro das Voltas - São Jorge -30-08-2009

Domingo 30 de Agosto de 2009
Mais uma vez com os Amigos da Natureza para mais uma caminhada.
Desta vez o objectivo era o Pico Canário. Confesso que tinha grandes expectativas para o percurso de hoje. Muitos companheiros de caminhadas já me haviam falado muitas vezes dessa ascensão. Subir a um qualquer pico ou monte é para mim sempre aliciante. A dificuldade da subida é sempre compensada com o simples respirar lá no alto. Enfim, coisas que certamente só eu entendo.
Á hora certa lá nos reunimos para a partida. Rumo ao Curral das Freiras.
O percurso de autocarro seria assim curto até esta pitoresca freguesia da Ilha da Madeira que se desmembrou da freguesia de Santo António em 1790. O Curral das Freiras, que deve o seu nome primeiramente pelos terrenos abundantes em pastagens, depois, por estas mesmas terras virem mais tarde a pertencer ás freiras do Convento de Santa Clara. Tal posse foi possível porque, o segundo capitão donatário do Funchal, João Gonçalves da Câmara comprou estas mesmas terras aos antigos proprietários Rui Teixeira e Branca Ferreira residentes no Campanário para assim dotar as suas filhas D. Elvira e D. Joana quando estas mesmas professaram neste mesmo convento. Só por curiosidade, em 1794 componham esta paroquia cento e dez pessoas . Os seus principais sítios são Lombo Chão, Serra Velha, Balseiras, Terra -Chã, Capela, Murteira, Casas Próximas, Achada, Ribeira do Cidrão, Fajã dos
Cardos, Pico do Furão, Colmeal e Fajã Escura.

Posto este breve quadro sobre a freguesia que serviria de ponto de partida para a nossa caminhada de hoje, resta-nos dizer que chegamos ao Curral bem cedo. Resquícios da festa havida no dia anterior notavam-se por cada canto desta freguesia. Alguns excessos ainda mal disfarçados pela brisa da manhã faziam alguns de nós esboçar alguns sorrisos. O café da manhã tomado em amena cavaqueira num dos cafés do centro da freguesia, com um cenário esplendido logo por detrás faziam adivinhar um dia excelente. Estranha esta sensação que nos predispõe para um dia de caminhada.
O recorte perfeito das montanhas que circundam o Curral logo pela manhã num dia limpo, é meus amigos um espectáculo por si só, digno de ser ver e adorar. Inigualável!



Faltavam cinco minutos para as nove horas quando depois do café nos pusemos realmente a caminho.
O dia começava fresco, óptimo para caminhar. A vontade como sempre era imensa. Pelo caminhar e pela novidade. O tempo como costumo dizer, estava magnifico e eu pronto para esquecer as agruras do dia a dia. Pronto assim para alimentar o espírito.
Sendo assim dirigimo-nos ao sítio da Fajã do Cardos. Começamos a subir na Vereda da Fajã Capitão que nos leva de encontro a Boca das Torrinhas pelo Lombo Grande. Era a segunda vez, este ano, que subia esta Vereda. No entanto não a faria até ao fim, pelo menos na forma que o fiz na primeira vez. Sensivelmente um pouco antes de atingirmos a referida Boca das Torrinhas, viramos á direita, de encontro á vereda Encumeada - Pico Ruivo




Levamos cerca de duas horas a subir até esta zona. As vistas ora sobre o Curral que deixávamos para trás, ora sobre o Pico do Areeiro sobre a nossa direita eram soberbas. O sol, que despontava sobre as montanhas fazia adivinhar que o tempo fresco para a subida tinha os minutos contados.
Antes de atingirmos a zona da Vereda Encumeada – Pico Ruivo fizemos uma breve pausa para dar um pequeno “assalto” ao farnel. Um refrescante gole de água compôs este pequena pausa antes de seguirmos caminho. Era tempo agora de continuar a subir de encontro até ao Pico Coelho. A partir daqui a Vereda complica-se. Digamos, para os menos entendidos. Ainda tempo para umas ultimas vistas sobre todo o vale do Curral. Magnifico lá ao fundo!




Cerca das dez horas e vinte e cinco minutos atingimos a já “famosa” seta de pedra, que nos indica a entrada – continuação da vereda para o Pico Canário. Pausa para ainda avistarmos o Pico Ruivo. Á nossa direita, a Vereda da Aquada, que liga o Pico Coelho ao Pico Ruivo. Ainda houve quem falasse em fazer por esta mesma vereda um desvio de modo a alongar um pouco mais o percurso. Não seria no entanto desta feita que faríamos esta aventura. Continuamos assim de encontro ao nosso objectivo.
Depois do Pico Coelho foi a vez de passarmos pelo Pico Milhafre.
Passamos a subir por uma zona algo difícil para quem sofre de vertigens. Mas com uma vista sobre uma paisagem soberba! Foi com alguma adrenalina que víamos os nossos camaradas a galgarem os velhos e débeis degraus de madeira, coadjuvados por um útil cabo de aço que faz precaver algum percalço. Depois a foi a vez de atingir o Pico Canário. Não chegamos a ir ao cume. Disseram-me que a vereda que chega até lá esta intransitável. Seguimos então caminho rumo a S. Jorge. No norte da ilha. Ao encontro do caminho florestal que nos leva até ao miradouro da Boca das Voltas.





A vereda na parte final, mesmo antes de atingir este caminho florestal está meus amigos em muito mau estado. Disseram-me inclusive que só mesmo este grupo dos Amigos mais o Grupo do Pés Livres ainda se atrevem a fazer este percurso. Tivemos assim de enfrentar o nosso “amigo” silvado que domina já grandes áreas. Pelo caminho tivemos ainda oportunidade para apreciar uns loureiros plantados há cerca de dois anos mas que infelizmente parece que foram abandonados á sua sorte, ou seja, muito dificilmente sobreviverão á ditadura do Silvado e á falta de cuidado lactentes. Tivemos ainda a possibilidade, antes de atingirmos esta zona de provar as uvas da serra fruto das Uveiras da Serra (Vaccinium Padifolium) que por esta altura estão muito boas fazendo a delícia dos muitos caminheiros e de eu proprio. Era vê-los que nem abelhas junto aos pequenos arbustos a saborear os frutos amadurecidos neste fim de Agosto.
Continuando assim no caminho florestal o nosso pequeno grupo digamos que “despistou-se” e falhou a entrada que liga este mesmo caminho ao outro caminho Florestal que nos levaria muito mais rapidamente ao local onde nos esperava o transporte para o Funchal. Fomos assim muito alegres e contentes até ao Miradouro da Boca das Voltas. O percurso de hoje não passava por ali. Uma chamada telefónica para um dos caminheiros mais experientes deixou-nos algo apreensivos. Tínhamos andado em sentido contrário e para recuperarmos levaríamos cerca de uma hora no mínimo.



Não nos demos por vencidos. Paramos no referido miradouro, que eu não conhecia e desfrutamos das bonitas vistas sobre as Falcas, Achada da Madeira, Lombo do Urzal e mais ao fundo sobre a foz da Ribeira do Porco. Depois de aliviado também um pouco mais o farnel, pusemo-nos a caminho. Levamos cerca de meia hora a recuperar o resto do “pelotão” que tinha trilhado pelo caminho certo. Viemos assim a recupera-lo junto ao Posto Florestal do Cascalho, bem perto da entrada para a Levada do Ribeiro Bonito.
Depois de ultrapassadas as “bocas” do costume ( “ah e tal vieram a correr para fazerem o caminho em metade do tempo…pois, pois”) nada que umas boas gargalhadas em conjunto não resolvessem.

A partir daí o caminho fez-se em ritmo de festa porque afinal esperava-nos no final deste percurso uma prova das iguarias típicas desta terra. Eu como sempre, despistado para estas particularidades, não contava com uma surpresa destas.
Paramos ainda para confraternizar com alguns amigos mais velhos junto a um velho bar desta localidade de S. Jorge.
Mais abaixo já nos esperavam grande parte dos caminheiros. Alegres e contentes. No Restaurante Snack Bar “Adega Jardim” lá estavam todos em festa.
Tempo para colocarmos em dia toda a conversa com a boa disposição inerente ao facto de estarmos todos juntos. Cansados, mas contentes por mais esta caminhada.


Depois foi sentar á mesa e provar as “massarocas” o “feijão” e as “semilhas” regados é claro com o tradicional vinho da região.
Um dia em cheio. Um bom passeio. Excelente companhia. E um bom convívio para rematar.
Resta-me meus amigos, agradecer humildemente, a todos os que têm visitado este humilde espaço e pedir desculpa por alguma falta de actualização a que o mesmo tem sido sujeito nestes últimos tempos. Tentaremos corrigir isso a partir de agora.
Quanto a nós já sabem. Continuaremos por aí. Num qualquer caminho. Numa qualquer vereda, desta linda terra que é a Madeira!
Abraço e até uma próxima caminhada na minha terra!

5 comentários:

  1. Oi Ilídio.
    já estou bem.
    e aproveitei para passar por aqui e fazer esta caminhada com vocês. Para reforçar meu espírito, com estas belas paragens.
    pelo que entendi alguns quase se perderam nas trilhas, (isso me assusta uma pouco, a possibilidade de se perder), mas depois tudo correu bem e vocês se reencontraram.
    as fotos estão lindas, principalmente aquelas com a neblina a encobrir os vales, deixando a mostra os picos banhados pelo sol.
    senti falta da foto dos tais degraus de madeira com corrimão de cabo de aço.
    e antes mesmo de te pedir levei uma foto para guardar no meu pc, na pasta lugares lindos do mundo.
    imagino que depois destas caminhadas o trabalho da semana seguinte flui muito melhor, como a vida num todo, com a alma alimentada e reenergizada tudo é mais leve.
    eu também depois de presentear o espírito com toda esta caminhada, me despeço.
    Já aguardando novo passeio, por esta tua bela terra.
    beijinho.
    Rosan

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  2. Boa noite. Maravilhosas as nossas ilhas, nao sao?
    Gostei das fotos e do texto.
    Abraco

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  3. Ilidio,
    Nas caminhadas do dia-a-dia também é assim.
    Lutar descomunalmente para nos deleitarmos com um sopro de encantamento, que seja, após ao árduo caminho percorrido.
    É isto que torna tudo tão único.
    É isto que faz tudo ter valido a pena.
    Aposto que enquanto caminhas meditas em ti e por toda uma gama de possibilidades e, não apenas para desbravar os caminhos precisos e tão evidentes.
    Esta tua caminhada reportou-me à história de João e Maria, a casinha branca, as pedras no caminho...
    Também perdi-me pelas neblinas e fiquei imaginando o que poderia haver por debaixo delas.
    Belas fotos!
    Magnífico diário de bordo, como sempre.
    Beijinhos, meu querido

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  4. Ilídio,
    ficarei muito feliz se mandar a foto, meu email está no perfil.
    eu já viajo em pensamento até aí só de ler teu díario, e com as fotos literalmente me sinto aí.
    e se estivesse mais perto com certeza faria uma caminhada com vocês, por estas trilhas, lindas, e não ficaria com medo de me perder, pois já percebi que vocês são feras nas caminhadas, me sentiria segura e em paz.
    abraço além mar.

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  5. lindas fotos, caminhada maravilhosa, parabéns pelo blog, excelente, já virei seguidor e fã

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