quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pico do Areeiro – Ninho da Manta – Pico do Gato – Pico das Torres – Pico Ruivo – Túneis – Pico do Areeiro - 04-08-2009

Terça-feira dia 4 de Agosto de 2009
Fazia alguns dias que estava de férias. O J. que inicialmente iria fazer esta caminhada junto comigo, por afazeres de última hora não pôde comparecer. Eu estava decidido. Era dia de fazer esta travessia desde o Pico do Areeiro ao Pico Ruivo. E nada me faria demover do meu objectivo. A primeira intenção, caso fosse acompanhado, seria descer depois do Pico Ruivo para a Ilha. Como tal não seria possível, teria de voltar ao ponto de partida.
Fiz-me á estrada cedo, como convêm. Estacionei o carro junto a “cadavérica” pousada do Areeiro eram nove horas e dez minutos. Uma nostalgia imensa ver todo aquele complexo votado ao quase total abandono. É certo que desde que foi construída aquela pousada cedo se viu que não se iria enquadrar de forma agradável na paisagem envolvente. Mas um radar em sua substituição? Não sei. Não consigo avaliar a necessidade desse mesmo radar. Por mim nem em toda a região haveria lugar para ele. Mas ali? Naquele sítio? Para maior drama anda toda esta zona envolvida por umas horríveis protecções de obra que começam a tombar pelo abandono e pelas intempéries a que estão sujeitas dando ainda um aspecto mais desolador ao local. Um local visitado por imensos turistas diariamente.


Às nove e vinte, estava eu já equipado e com café tomado a caminho da vereda do Pico Ruivo. O dia adivinhava-se abrasador! Excelente e ao mesmo tempo penoso para o percurso que iria fazer.
Dez minutos depois estava eu no Miradouro do Ninho da Manta. Pelo caminho á nossa esquerda o Pico Furão no Curral das Freiras. Do miradouro as vistas são deslumbrantes! Daqui avista-se a Fajã da Nogueira que esconde uma grande parte da nossa floresta indígena. Não consigo esquecer os velhos Tis anteriores á descoberta da Madeira…


Dez minutos depois atinge-se S. Gonçalo. Uma zona bonita onde os seus bancos esculpidos na pedra convidam a uma contemplação da paisagem e a um pequeno descanso. Continuando caminho, nesta altura os líquenes cor de laranja dão ainda mais graça ás formações rochosas que encontramos. Os ensaiões com as suas verdes rosetas sobrevivem nos mais impensáveis locais. As ervas de coelho dão um colorido diferente á vereda. De facto, numa paisagem que á partida pensamos ser muito pobre, com um pouco mais de observação, verificamos que assim não é. Bem sei que estas observações não serão possíveis para aqueles que fazem este percurso em contra relógio, eu por mais que me esforce a não ser por obrigação de acompanhar um grupo, não consigo. Perco-me com a maquina fotográfica descobrindo ângulos e motivos de interesse em tudo o que me surge pela frente. É já quase doentio. Diz-me já o J. na brincadeira que qualquer percurso comigo leva mais uma hora para as fotografias. Paciência J. é por uma boa causa!



Eram dez horas quando atingi o Túnel do Pico do Gato. O pequeno túnel com cerca de cem metros atravessa-se facilmente quase sem lanterna. Antes do Túnel tempo de avistar o Pico Cidrão. Mais ao fundo o Pico Grande. Lembram-se? À saída do Túnel avistamos a Ribeira da Fajã da Nogueira. Continuamos a descer. Dez minutos depois o sítio da Fonte. As dedaleiras continuam a enfeitar-nos o caminho.
A subida para o Pico das Torres é algo penoso. O calor não ajuda nada. A água fresquinha trazida de casa sim. Pelo caminho encontramos umas pequenas grutas que serviam de abrigo aos homens que cuidavam do gado e ao próprio gado que andava pelas serras. A subida é íngreme. Os degraus escavados na rocha vermelha não facilitam a ascensão. A chegada ao pico das Torres faz-se com satisfação. Mais umas fotografias. Sobre a Achada do Teixeira. E o caminho continua. Agora a descer. O que também não é lá muito fácil!







Depois de encontramos a saída do último túnel para quem pretende fazer o percurso duma forma mais rápida, continuamos na vereda. Numa parte muito bonita, completamente escavada na rocha. Eram onze horas e dez minutos.
Continuamos caminho a subir em direcção á casa do Pico Ruivo. Umas urzes contorcidas pelo tempo e pelo peso dos anos fazem-nos novamente parar para apreciar cada contorno. A natureza de facto é sublime! Continuo a subir! Um simpático casal de ingleses ao ver a minha cara de “sofrimento” dizem-me muito simpaticamente “ don`t worry, you`re almost there!” A transpiração que escorria pela minha face certamente motivou esta solidariedade! O meu interior estava radiante, não cansado!
Atingi a casa eram onze horas e cinquenta minutos! Doze horas estava eu já a dar cabo do meu farnel encostado ao marco geodésico aproveitando a sua sombra! Que dia magnifico! Estive lá quarenta e cinco minutos. Completamente estendido. Parte á sombra, parte ao sol. Não apetecia nunca sair dali. Ali estamos “acima de tudo”!
O Curral das freiras continuava lá em baixo. Sereno. O Paul da Serra imponente! Um mar de nuvens mágicas isolava-nos do resto do mundo!





Mas infelizmente era tempo de fazer o percurso de volta. Alegrava-me o espírito saber que poderia variar um pouco no caminho de volta. Iria agora pelos túneis. Um percurso diferente sem dúvida. Faz-se a maior parte ora pela fresquinha dos túneis ora pela sombra de ouro das montanhas!
A subida até ao Pico do Gato faz-me mais lentamente. O cansaço dava algumas mostras. Para atingir novamente S. Gonçalo este revela-se com mais intensidade. A subida final até ao Pico do Areeiro é quase apoteótica! Eram catorze horas e trinta minutos!
Uma caminhada soberba! Um passeio, como diria o meu amigo J. muito higiénico!



Enfim, um percurso magnífico! Duma beleza surpreendente! Que aconselho vivamente!
Nós meus amigos continuaremos por aí. Numa dessas inúmeras veredas que percorrem cada canto desta terra magnífica! Surpreendendo-nos com cada pormenor por mais insignificante que ele seja! Alimentando o espírito como diria alguém que conheço!
Um abraço e até á próxima caminhada!

2 comentários:

  1. Ilídio.
    Pelo jeito fartaste teu espírito, nesse dia.
    Sabes que nesse dia estava eu a ficar mais velha.
    Que passeio magnífico, adorei as fotos e que belas flores, e aquelas nuvens niveladas com as montanhas....que espetáculo.
    ñunca viste se por acaso nessas rochas não tem algum cacto diferente para me mostrar.
    por favor diga ao J. que as fotos são impresindíveis para que seus amigos do outro lado do oceano possam fazer a caminhada junto aconpanhando cada passo em palavras e imagens.
    Obrigada por mais esse passeio e por alimentar meu espírito com tanta beleza.
    desculpa meu intusiasmo, não parei mais de escrever.
    Abraços do Brasil.

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  2. Fiz esta caminhada o ano passado mas alguém do grupo tinha o carro já na achada do teixeira por isso não tive de voltar para tráz....achei piada e ri-me mesmo quando falou da "cadavérica"pousada do areeiro,tenho a mesma opinião é uma vergonha,só quem vai ao pico pela manhã é que vê o movimento de turistas que todos os dias ali vão,e pelos vistos as obras não arrancam ao menos que façam algo decente........
    Gostei muito da descrição desta caminhada e como o compreendo no que respeita ás fotos eu também quase me perco pelo caminho....
    não conheço é aquela parte que nos mostrou no regresso escavada nas montanhas...
    No dia em que fiz esta caminhada encontrei muitas espécies floridas acho que foi em Maio,um autêntico jardim nas montanhas....
    Continuação de boas caminhadas....

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