" A FLORESTA ENCANTADA"
Sábado 15 Agosto de 2009
Meus amigos, esta caminhada deveria chamar-se: Passeio na Floresta Encantada. Não há nada, mesmo nada, que eu abaixo possa escrever, que consiga transmitir tamanha beleza. Tentarei, como sempre tenho tentado, dando o meu melhor. Que tantas vezes sabe a pouco!
A terminar as minhas férias e aproveitando o dia santo, eu e o J. aproveitamos para mais um dos “seus” percursos. Haviam já alguns dias que me vinha falando nisso. Dum sítio magnífico. Com umas árvores (tis) centenárias magníficas, junto ás quais nos sentíamo-nos literalmente, pequeninos.
Saímos do Funchal eram já sete horas e quarenta e cinco minutos. Em direcção a S. Vicente. Paramos na famosa padaria, tão falada por outros caminheiros amigos nossos, pelo seu pão de “rosquilha”. Tomamos café. O dia estava algo sombrio. Tinha-me deitado um pouco mais tarde porque na véspera tinha ido visitar o famoso Arraial do Monte. A disposição, essa, estava no auge. Um passeio com o J. significa cumplicidade, boa conversa, tempo para parar onde de facto é preciso. Tempo para as fotografias (não me livrando das bocas do costume sobre o tempo extra necessário). Enfim os condimentos perfeitos para uma caminhada perfeita.
O Porto Moniz lá ao fundo visto de S. Vicente estava envolto numa bruma. Metemo-nos no carro e lá fomos. Em direcção á Ribeira da Janela. Passamos pela Igreja. Logo acima onde estão agora nuns arranjos “urbanísticos”, mais propriamente um miradouro, numa das zonas mais bonitas da Costa Norte da Ilha a Eira da Achada, estacionamos o carro. Era aí que começaria o nosso passeio. Eram oito horas e cinquenta minutos. Preparamos o impermeável. Era quase certo que iríamos apanhar chuva.
Meus amigos, esta caminhada deveria chamar-se: Passeio na Floresta Encantada. Não há nada, mesmo nada, que eu abaixo possa escrever, que consiga transmitir tamanha beleza. Tentarei, como sempre tenho tentado, dando o meu melhor. Que tantas vezes sabe a pouco!
A terminar as minhas férias e aproveitando o dia santo, eu e o J. aproveitamos para mais um dos “seus” percursos. Haviam já alguns dias que me vinha falando nisso. Dum sítio magnífico. Com umas árvores (tis) centenárias magníficas, junto ás quais nos sentíamo-nos literalmente, pequeninos.
Saímos do Funchal eram já sete horas e quarenta e cinco minutos. Em direcção a S. Vicente. Paramos na famosa padaria, tão falada por outros caminheiros amigos nossos, pelo seu pão de “rosquilha”. Tomamos café. O dia estava algo sombrio. Tinha-me deitado um pouco mais tarde porque na véspera tinha ido visitar o famoso Arraial do Monte. A disposição, essa, estava no auge. Um passeio com o J. significa cumplicidade, boa conversa, tempo para parar onde de facto é preciso. Tempo para as fotografias (não me livrando das bocas do costume sobre o tempo extra necessário). Enfim os condimentos perfeitos para uma caminhada perfeita.
O Porto Moniz lá ao fundo visto de S. Vicente estava envolto numa bruma. Metemo-nos no carro e lá fomos. Em direcção á Ribeira da Janela. Passamos pela Igreja. Logo acima onde estão agora nuns arranjos “urbanísticos”, mais propriamente um miradouro, numa das zonas mais bonitas da Costa Norte da Ilha a Eira da Achada, estacionamos o carro. Era aí que começaria o nosso passeio. Eram oito horas e cinquenta minutos. Preparamos o impermeável. Era quase certo que iríamos apanhar chuva.
Viramos para o caminho Ribeiro Escuro, até encontrarmos a Vereda da Tranquada, que salvo erro é a vereda que sobe desde a Ribeira Funda em direcção à Eira da Achada e ao Fanal. Foi fácil.
Cerca de vinte minutos depois de termos percorrido esta mesma vereda damos de caras com o seu “fim de percurso”. Então e tempo de flectir á direita e começar a subir a vereda que vem da Ribeira Funda em direcção ao Fanal. Uma subida íngreme. Uma subida ao Paraíso. Faz-nos transpirar em catadupa.
Cerca de vinte minutos depois de termos percorrido esta mesma vereda damos de caras com o seu “fim de percurso”. Então e tempo de flectir á direita e começar a subir a vereda que vem da Ribeira Funda em direcção ao Fanal. Uma subida íngreme. Uma subida ao Paraíso. Faz-nos transpirar em catadupa.
Á medida que subimos, pela zona do Castanheiro, o nevoeiro começa ligeiramente a fazer-nos companhia.
Começamos a maravilhar-nos com a floresta que vamos encontrando. Digo-vos que subir esta vereda é penetrarmos nas entranhas de um dos núcleos importantes da Floresta Laurissilva. Os reis desta floresta , os Tis e os Loureiros centenários, envolvidos pelo nevoeiro, trazem-nos á nossa memoria os mais variados contos sobre a Floresta Encantada. Um cenário perfeito para um desses contos. Perdi-me com a máquina fotográfica. O J. pacientemente lá esperava sentado. Eu francamente não sabia para que lado me havia de virar. Os pontos de interesse eram imensos. O nevoeiro pintava e transformava o mesmo cenário, em breves momentos, das mais diversas cores e formas. Havia que captar tudo. Á volta dos velhos tis deixamo-nos ficar por largos momentos em silêncio. Não era de facto preciso mais nada. O nevoeiro carregava ainda de mais silêncio todo o espaço á nossa volta. Estávamos em pleno paraíso encantado. Não meus amigos, não exagero. Era tudo real. Um dos sítios mais bonitos encontrados por mim nas minhas caminhadas. Só sentindo. A magia daquele sítio é de facto inexplicável. O J. tinha de facto razão.
Depois do espírito alimentado, foi tempo de alimentar o corpo. Depois, foi continuar caminho. Com muita pena nossa. O nevoeiro continuava a fazer-nos companhia cada vez com mais intensidade. Silenciosamente.
Começamos a maravilhar-nos com a floresta que vamos encontrando. Digo-vos que subir esta vereda é penetrarmos nas entranhas de um dos núcleos importantes da Floresta Laurissilva. Os reis desta floresta , os Tis e os Loureiros centenários, envolvidos pelo nevoeiro, trazem-nos á nossa memoria os mais variados contos sobre a Floresta Encantada. Um cenário perfeito para um desses contos. Perdi-me com a máquina fotográfica. O J. pacientemente lá esperava sentado. Eu francamente não sabia para que lado me havia de virar. Os pontos de interesse eram imensos. O nevoeiro pintava e transformava o mesmo cenário, em breves momentos, das mais diversas cores e formas. Havia que captar tudo. Á volta dos velhos tis deixamo-nos ficar por largos momentos em silêncio. Não era de facto preciso mais nada. O nevoeiro carregava ainda de mais silêncio todo o espaço á nossa volta. Estávamos em pleno paraíso encantado. Não meus amigos, não exagero. Era tudo real. Um dos sítios mais bonitos encontrados por mim nas minhas caminhadas. Só sentindo. A magia daquele sítio é de facto inexplicável. O J. tinha de facto razão.
Depois do espírito alimentado, foi tempo de alimentar o corpo. Depois, foi continuar caminho. Com muita pena nossa. O nevoeiro continuava a fazer-nos companhia cada vez com mais intensidade. Silenciosamente.
Cerca de uma hora e vinte depois de termos atingido a “Floresta Encantada” atingimos a zona do Fanal circundante da Casa Florestal.
Estávamos na esperança de encontrar alguns dos Amigos que iriam acampar nesta zona. Era o fim de semana do “acampamento do grupo” . Iriam subir desde o Chão da Ribeira pela Vereda da Cavaca. Quando chegamos o local ainda estava deserto. Não havia lá ninguém. Descansamos um pouco. De repente, ouvimos algumas vozes. Era o amigo M. e a respectiva esposa que vinham assim “preparar e guardar” o lugar para o resto dos Amigos que, mais hora menos hora haveriam de ali chegar. Ficaram contentes de nos ver .E nós a eles. O M. não perdeu a oportunidade de nos dar a provar um dos seus petiscos já preparados. Conversamos um pouco, rimos a bom rir e fizemos as despedidas. A nossa caminhada tinha de continuar. Agora de encontro á Levada dos Cedros. Sendo assim, ao sairmos da zona da Casa Florestal derivamos para a nossa esquerda. Na estrada Regional 209, na direcção do Paul, seguimos uns metros á frente até encontrar-nos a vereda que nos levará á Levada dos Cedros e depois ao Curral Falso.
Estávamos na esperança de encontrar alguns dos Amigos que iriam acampar nesta zona. Era o fim de semana do “acampamento do grupo” . Iriam subir desde o Chão da Ribeira pela Vereda da Cavaca. Quando chegamos o local ainda estava deserto. Não havia lá ninguém. Descansamos um pouco. De repente, ouvimos algumas vozes. Era o amigo M. e a respectiva esposa que vinham assim “preparar e guardar” o lugar para o resto dos Amigos que, mais hora menos hora haveriam de ali chegar. Ficaram contentes de nos ver .E nós a eles. O M. não perdeu a oportunidade de nos dar a provar um dos seus petiscos já preparados. Conversamos um pouco, rimos a bom rir e fizemos as despedidas. A nossa caminhada tinha de continuar. Agora de encontro á Levada dos Cedros. Sendo assim, ao sairmos da zona da Casa Florestal derivamos para a nossa esquerda. Na estrada Regional 209, na direcção do Paul, seguimos uns metros á frente até encontrar-nos a vereda que nos levará á Levada dos Cedros e depois ao Curral Falso.
Começamos assim a descer. Num percurso lindíssimo, muito bem arranjado. Com degraus aos zig-zag que em dias de chuva não devem ser lá muito agradáveis de descer. A não ser que já tenham inventado botas com ABS. As minhas infelizmente não têm essas “modernidades” mas “agarram-se” bem. Isto é, quase sempre.
Começamos assim a descer esta vereda eram onze horas e quarenta e sete minutos.
Tis (Ocotea foetens) , Folhados (Clethra arborea) , Loureiros (Laurus azorica), Vinhaticos (Persea indica), Uveiras da Serra (Vaccinium padifolium) são apenas algumas das espécies endémicas que encontramos nesta linda descida. A velha Levada dos Cedros, a mais antiga obra de hidráulica chegada até aos nossos dias, já desactivada, lança-nos um olhar de saudade. Abandonada, a velha levada que nasce no Lombo dos Cedros a cerca de 1000 metros de altitude, faz-nos parar por breves instantes. Trata-se duma levada datada do século 17 que irrigava os terrenos agrícolas da freguesia da Ribeira da Janela. Dez minutos depois de termos iniciado a descida deparamo-nos com uma simpática ponte de madeira. Eram doze e dez minutos quando atingimos a Levada Nova dos Cedros ou agora, como somente é chamada, Levada dos Cedros, que corre paralela a antiga levada mas a 200 metros numa cota mais baixa. É neste ponto que a vereda se encontra com a levada. São vinte minutos de descida de puro deleite.
Começamos assim a descer esta vereda eram onze horas e quarenta e sete minutos.
Tis (Ocotea foetens) , Folhados (Clethra arborea) , Loureiros (Laurus azorica), Vinhaticos (Persea indica), Uveiras da Serra (Vaccinium padifolium) são apenas algumas das espécies endémicas que encontramos nesta linda descida. A velha Levada dos Cedros, a mais antiga obra de hidráulica chegada até aos nossos dias, já desactivada, lança-nos um olhar de saudade. Abandonada, a velha levada que nasce no Lombo dos Cedros a cerca de 1000 metros de altitude, faz-nos parar por breves instantes. Trata-se duma levada datada do século 17 que irrigava os terrenos agrícolas da freguesia da Ribeira da Janela. Dez minutos depois de termos iniciado a descida deparamo-nos com uma simpática ponte de madeira. Eram doze e dez minutos quando atingimos a Levada Nova dos Cedros ou agora, como somente é chamada, Levada dos Cedros, que corre paralela a antiga levada mas a 200 metros numa cota mais baixa. É neste ponto que a vereda se encontra com a levada. São vinte minutos de descida de puro deleite.
Agora na levada viramos a esquerda, contra a corrente da água. É tempo e visitar a nascente da levada. Passamos pela Ribeira do Corgo, onde a Levada dos Cedros recebe a sua primeira água. Subindo um pouco ribeira acima deparamos com outro cenário do “outro mundo” . Meus amigos, mais um sítio em que não encontro palavras suficientes para descrever tamanha beleza. Simplesmente maravilhoso. Uma queda de água lindíssima. A água escorre por tudo quanto é sítio alegremente, escondendo-se entre as pedras, reaparecendo aqui e ali por entre o musgo dum verde estonteante. É simplesmente um local que “não existe”. Lindo!
Depois de “inspiráramos” toda a paz e a”alimento” daquele lugar, tínhamos de voltar á esplanada da Levada dos Cedros. Um longo caminho ainda nos esperava até ao Curral Falso. Diga-se de passagem que a placa informativa do percurso diz-nos que do Fanal até ao Curral Falso são 5,4 km. O podómetro do J. Indicou 7,1Km.
Depois de “inspiráramos” toda a paz e a”alimento” daquele lugar, tínhamos de voltar á esplanada da Levada dos Cedros. Um longo caminho ainda nos esperava até ao Curral Falso. Diga-se de passagem que a placa informativa do percurso diz-nos que do Fanal até ao Curral Falso são 5,4 km. O podómetro do J. Indicou 7,1Km.
Eram doze horas e vinte e cinco minutos quando começamos a percorrer a referida Levada, desde a sua nascente, que corre alegremente pela margem direita da Ribeira Janela. Nós, seguimos com ela. Ao sabor da água. Percorrendo cada contorno.
A dada altura a chuva que nos “ameaçava” desde o início do percurso, parecia que ia finalmente fazer-nos companhia. Mas felizmente não passou de uma ameaça. Continuamos caminho. Por vários momentos temos a sensação que anoitece repentinamente tal é a densidade florestal desta zona envolvente da Levada. Os Folhados em flor, tingem a paisagem com um branco ligeiramente rosado. A esplanada da Levada, cobre-se com as suas flores caídas, misturadas com a folhagem.
Chegamos ao Curral Falso eram treze horas e quarenta minutos.
A dada altura a chuva que nos “ameaçava” desde o início do percurso, parecia que ia finalmente fazer-nos companhia. Mas felizmente não passou de uma ameaça. Continuamos caminho. Por vários momentos temos a sensação que anoitece repentinamente tal é a densidade florestal desta zona envolvente da Levada. Os Folhados em flor, tingem a paisagem com um branco ligeiramente rosado. A esplanada da Levada, cobre-se com as suas flores caídas, misturadas com a folhagem.
Chegamos ao Curral Falso eram treze horas e quarenta minutos.
Seguimos em frente. Pela Vereda da Ribeira da Janela. Acompanhando a levada que aqui mantém a traça centenária, escavada simplesmente na rocha. São mais cerca de 2,7 km de vereda sempre a descer.
Eram catorze horas e quarenta minutos quando atingimos o Caminho da Terra da Fonte. A velha tradição das pessoas enfeitarem os seus quintais e jardins com plantas com flores bem garridas mantêm-se por estas bandas. É um prazer olhar para estes pequenos “festivais de côr”!
Atingimos assim o local onde deixamos o carro, a Achada da Eira faltavam dez minutos para as quinze horas.
Seis horas caminhada por locais indescritíveis por palavras. O espírito estava repleto.
Dirigimo-nos ao Funchal. Calmamente. Não sem antes fazermos um desvio até á Encumeada. Pela velha subida do Rosário, passando pelo Chão dos Louros. Para a cerveja do costume, servida pela empregada do costume.
Nós, meus amigos, mesmo sem qualquer “engenho e arte” continuaremos por aqui. Tentando transmitir emoções. Por estes caminhos e lugares desta terra abençoada. Encontramo-nos por aí, num qualquer caminho, numa qualquer vereda.
Um abraço e até á próxima.
Atingimos assim o local onde deixamos o carro, a Achada da Eira faltavam dez minutos para as quinze horas.
Seis horas caminhada por locais indescritíveis por palavras. O espírito estava repleto.
Dirigimo-nos ao Funchal. Calmamente. Não sem antes fazermos um desvio até á Encumeada. Pela velha subida do Rosário, passando pelo Chão dos Louros. Para a cerveja do costume, servida pela empregada do costume.
Nós, meus amigos, mesmo sem qualquer “engenho e arte” continuaremos por aqui. Tentando transmitir emoções. Por estes caminhos e lugares desta terra abençoada. Encontramo-nos por aí, num qualquer caminho, numa qualquer vereda.
Um abraço e até á próxima.
Ilídio.
ResponderEliminartambém eu estou sem palavras para descrever o contentamento dos meus olhos ao apreciar as fotos desta caminhada....
só posso dizer ESPETACULAR.
meus filhos estam por aqui brigando enquando lia e via tua caminhada, e assim nem me encomodei com eles...
aproveitei para alimentar meu espírito por estas paragens...
tenho duas perguntas.
não é facil de se perder por estes caminhos, ou as trilhas são seguras?
e gostaria de te perguntar se posso copiar uma foto daquelas árvores com neblina, apaixonantes...
por hora vou indo, não sem antes dizer-te que foi um prazer acompanhar esta caminhada.
abraço.
São zonas fantásticas, esses locais recônditos da nossa ilha, lugares que já tive o previlégio de caminhar em passeio e fazer até alguns treinos de trail. Espero que um dia destes possa me acompanhar num desses treinos longos.
ResponderEliminarAbraço
Passei por aqui por conta do blog da Rosan.
ResponderEliminarAchei linda a descrição que fizeste e dos lugares maravilhosos que mostraste.
Conhecemos o mundo pelos nossos olhos e pelosolhos de quem sempre está disposto a nos mostrar...
Além do mais teu LIVRO é o Livro do Desassossego que é meu LIVRO também...
Volto mais vezes.
Abraços