quinta-feira, 20 de junho de 2013

Fajã dos Cardos - Boca das Torrinhas - Pico do Jorge - Chão do Alecrim - Encumeada - 16-02-2013

De volta ao Curral das Freiras. Freguesia mais extensa do Concelho de Câmara de Lobos. Deve eventualmente o seu nome a ter sido de facto um centro de pastagens. Longe da civilização existente. Longe do mundo. Daí ter servido de guarida às freiras foragidas do Convento de Santa Clara aquando do saque do Funchal pelos corsários Franceses.
Outrora pertencente à Freguesia de Santo António, só a 17 de Março de 1790 é que, por Carta Régia assinada pela Rainha D. Maria I, o Curral das Freiras adquire o estatuto de paróquia separando-se em definitivo de Santo António.
Relembrada então, em poucas palavras a historia desta freguesia, situada no "centro da ilha", vamos descrever um dos muitos e bonitos passeios que se podem fazer, começando, acabando ou mesmo passando por esta belíssima terra!

O de hoje começaria no sitio da Fajã do Cardos. Iríamos subir o Lombo Grande até à Boca das Torrinhas.
Toda a gente sabe que subir pelo Lombo Grande até às Torrinhas é tarefa árdua. Logo, há que fazê - lo bem cedo pela manhã. Antes que o sol "faça" das suas e dificulte ao máximo a ingreme subida.
Foi isso que fiz. Eram 8h40m quando estava na Fajã dos Cardos. Pronto a arrancar para a subida! O dia seria quente, logo não haveria tempo a perder!

A paisagem rural do Curral é do mais bucólico que pode haver meus amigos! Ver os primeiros raios de sol a tentarem passar os picos circundantes é do melhor!
A paisagem, quase que adormecida ainda, vai ficando aos nossos pés, lentamente ao ritmo da nossa subida! Vale cada momento em que nos voltamos para trás. Em cada momento que olhamos para o cimo dos picos à nossa volta! Nestes momentos iniciais perco-me pela paisagem. Paro imensas vezes para interiorizar cada raio de sol! Cada cantar de galo! Parece que somos só nós àquela hora, perdidos no sopé da montanha, por entre terrenos cada vez mais cultivados e cuidados! Mas não somos! Primeiro que nós, já há gente na labuta da terra! No cuidar dos animais dentro dos característicos palheiros!


Os primeiros cumprimentos e continuamos a subir. Por enquanto ainda por entre terrenos cultivados, depois embrenhados nos primeiros eucaliptos que caracterizam infelizmente esta longa subida. Quarenta minutos depois de ter iniciado a subida, primeira paragem para apreciar o sitio da Fajã dos Cardos visto de cima!


Os picos da Cordilheira Central continuam a "fintar" o sol nascente! O espectáculo é lindo! Vale a pena sentar-se um pouco! Retomar forças, respirar fundo! Apreciar cada momento!
Continuamos no caminho. Sempre a subir! Curva após curva!
Convém lembrar que este era um importante caminho de ligação entre as gentes do Norte da ilha e o Sul. Nomeadamente entre a Boaventura e o Curral e vice-versa. O caminho mais curto e doloroso para transpor as duas vertentes da ilha.
Eram 10h20m quando atingi a derivação da vereda que nos encurta o caminho para quem vai para o Pico Ruivo ou Pico Canário, sem passar pelas Torrinhas. Não seria o caminho de hoje. Hoje seria pelas Torrinhas que teria de passar! E assim continuamos! Em frente!


Por aqui a paisagem, antes lindíssima, está agora desoladora. Depois dos malditos incêndios quase nada sobreviveu. Uma tristeza autêntica até à Boca das Torrinhas.
Eram 10h35m quando atingimos a Boca das Torrinhas. O dia tinha-se tornado abrasador já àquela hora. Adivinhava-se o pior, no "assalto" seguinte! A subida ao Pico do Jorge!

Antes disso, tempo para desfrutar de uma das mais belas vistas sobre todo o Curral das Freiras! Um ida ao farnel completam estes momentos de contemplação e descanso neste magnífico lugar! Nesta encruzilhada de caminhos!
Aqui se cruzam os caminhos vindos do Pico Ruivo, Lombo do Urzal, Curral, donde vínhamos e Encumeada para onde íamos!

Eram 10h50m quando nos lançamos à subida final do Pico do Jorge. Vindo do Curral o sentido a tomar é o da esquerda!  A subida, foi penosa. O sol dificultava ao máximo já aquela hora!
Pela subida uma "escrita" irónica numa parede de basalto intriga os passantes...outros tempos...


Às 11h50, atingimos o cruzamento onde esta vereda se entronca com a vereda dos Currais, que vem do Pico Grande.

As vistas vão se alternando! Ora sobre o vale da Serra de Água, ora sobre o vale de São Vicente! Uma vista furtiva apresenta-nos a Boca da Encumeada! Parece perto! Infelizmente não é na realidade!
Ás 12h30 atingimos o marco de freguesia! Uma breve paragem impõe-se pelas vistas!
Eram 12h40 quando passamos o tão característico "portal de madeira" (já sem porta). Depois, ainda há que subir as belas escadas, antes de chegar ao "famoso" Chão do Alecrim.

Eram 12h50m quando chegamos ao chão do Alecrim. Embora ele não esteja em flor nesta altura, basta sentar-nos junto ao chão e o cheiro do alecrim da serra invade-nos! É relaxante! À nossa esquerda temos o Pico Grande! Imponente! À nossa direita todo o imponente vale de São Vivente. Primeiro com o Chão dos Louros aos nossos pés, depois até onde a vista alcança! Até ao mar! Estonteante paisagem! Vale a pena guardar uns momentos para este local!

O relógio marcava as 13h10m, quando iníciamos a descida final à Encumeada.
As escadas feitas de blocos de basalto que parecem "talhados" à medida de cada degrau, dão um ar "civilizado" à ingreme descida que nos espera! Um bom teste aos joelhos!


Pelas 13h40, atingimos a Encumeada! Um breve olhar sobre a placa, quase dissimulada na paisagem, que marca a inauguração desta vereda em 1949.

Um breve descanso e repasto no restaurante da Encumeada e foi aguardar o autocarro da Rodoeste que por ali passa impreterivelmente ás 15h45 rumo ao Ribeira Brava!
Foi um passeio curto. De apenas cinco horas. Dificuldade moderada, devido ás subidas. Sem perigo de abismos. Aconselhável a quem tenha alguma capacidade física. Fantástico pelas vistas arrebatadoras!
Nós, já sabem. Encontra-mo-nos por aí. Num qualquer caminho, levada ou vereda desta abençoada terra!

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