domingo, 12 de julho de 2009

Bica da Cana – Estanquinhos – Levada Velha do Caramujo – Rocha do Pacinho – Vargem - 21-06-2009

Domingo, 21 de Junho de 2009
Estava um domingo cheio de sol, optimo para uma caminhada.
Novamente com os Amigos da Natureza. E que quantidade de “amigos” compareceram! Dois autocarros completos ou quase. Completamente surpreendente.
O motivo de fazer este percurso, era de facto o desejo de voltar a percorrer a Velha Levada do Caramujo. Falavam de uma recente recuperação. Tinha de ver isso pelos meus próprios olhos.
Como sempre pelas sete e quarenta e cinco os dois autocarros (o”chefe” e o “avião”) seguiram rumo à Ribeira Brava. Lá parámos para o café habitual e alguns para comprar o farnel de última hora.
Posto isto, seguimos Encumeada fora. No ritmo já conhecido. Viramos neste local para o lado do Paul da Serra. Ao encontro da Bica da Cana. Seria lá que começaria a nossa caminhada.
Foi impressionante ver tanta gente a chegar ao portão de acesso à Casa Florestal da Bica da Cana. Iríamos subir desta feita ao respectivo miradouro  Em dias limpos tem umas vistas soberbas sobre todo o vale de S. Vicente e não só.





O tempo por lá, não estava dos melhores. O nevoeiro resolvia vez em quando “roubar-nos” o que de mais belo aquele miradouro tem. Enfim, sempre houveram umas abertas e tempo para uns disparos das muitas máquinas fotográficas. Posto isto era hora de descer. Em direcção aos Estanquinhos. Seguimos por uma vereda junto ao planalto. Passamos pelas novas torres eólicas. As montadas e as desmontadas. Engraçado foi ver a curiosidade dos caminheiros junto as torres por montar! Pareciam autênticos “engenheiros”! Eu incluído. Se por um lado alegra-me ver que a minha terra aposta nas energias renováveis, por outro entristece-me ver uma paisagem sublime “infestada” de torres estranhas…enfim, mais divagações minhas. Tento convencer-me que são um mal menor.
Chegados aos Estanquinhos, junto á casa Florestal, tempo para um refresco, com água e algum manjar porque afinal já levava-mos cerca de uma hora e vinte minutos nos pés, de caminhada.
Depois do descanso, era tempo de tomar a vereda de encontro ao Pico Ruivo do Paul. Chegamos a sua base onde a vereda se divide pelo acesso ao Pico Ruivo do Paul, Fontes Ruivas e claro está, Levada Velha do Caramujo. Era por lá que deveríamos descer. Assim foi. No inicio um pouco de carqueja faz-nos maldizer o caminho tomado. Depois um pouco mais á frente verificamos que um grupo restrito de Amigos caminheiros já se tinham adiantado para limpar, e meus amigos digo mesmo; limpar, a referida vereda. Incrível o espírito de missão desta gente que não me canso de enaltecer. Gente que abdica do seu passeio normal de domingo, descontraído, para limpar trilhos quase completamente desaparecidos para que eles mesmos e outros igualmente interessados, não lhe percam o rasto. Completamente surpreendente. Levamos por isso a descer cerca de uma hora e meia um trilho que depois de limpo não levará mais que quarenta e cinco minutos. Valeu no entanto a “lição” dada por esta gente. Como ouvi de um “deles”, este sacrifício é valido porque” pretendo passar cá mais vezes” ! Completamente esclarecedor! O meu bem-haja a todos eles!




Feita a limpeza, era tempo de seguir pela velha vereda junto a velha levada há muito desactivada. Verificamos que tinha sido recentemente limpa do matagal que provavelmente a devia envolver. Foi fácil fazer este percurso até á zona onde a vereda se cruza com o caminho florestal das Ginjas-Estanquinhos. Aí paramos para um pequeno reagrupamento. Depois seguimos em frente. A partir daqui, meus amigos, posso dizer-vos que seguimos por uma autentica “avenida”! A vereda a partir deste ponto até á Rocha do Pacinho encontra-se em excelente estado! Pena o tempo ter-nos pregado uma pequena partida ao roubar-nos as vistas na Rocha do Pacinho. O trilho talhado na crista duma rocha proporcionam umas vistas espectaculares sobre o Curral dos Burros de um lado e sobre o Monte de Trigo do outro. Fica para outra vez! Desta feita fica-nos o prazer de trilhar por um sítio mágico! Continuamos a descer para um sítio chamado de Amazónia. Uns degraus algo exigentes mas muito bem concebidos em consonância com a paisagem envolvente, fazem-nos chegar a este sítio. Depois ao encontro à Ribeira do Loural,  à Levada de João Rodrigues e finalmente até ao sitio da Vargem, no Rosário, São Vicente!



Um breve desvio para umas ameixieiras que deixavam os seus frutos à mercê de qualquer um culminavam uma caminhada fácil.
Tempo ainda para uma refrescante cerveja numa velha mercearia do Rosário! Uma das únicas que resiste contra a ditadura das grandes superfícies…como nos dizia a senhora, a mercearia continua aberta por “teimosia” dela e da família. Os clientes, a maior parte, prefere os grandes supermercados, porque segundo ela, "lá, eles podem tocar e levar as coisas” com a sua própria mão…aqui sou “eu que lhes dou na mão” e eles já não gostam disso…sintomático! O velho telefone a um canto, sinal de uma civilização que tardou em chegar…o velho rádio por cima da caixa registadora, o velho balcão com artigos bem recentes e a preços mais competitivos dos que se vendem por aí em muito sítio, mantêm em suspenso um tempo que já passou há muito! Estar ali é como estar numa qualquer mercearia da Madeira de há vinte e cinco anos atrás! Um verdadeiro tesouro! Um verdadeiro retrocesso no tempo! Impagável esta experiência!
Saímos do Rosário pelas dezasseis e cinquenta minutos, rumo ao Funchal.
Tivemos de aguardar por um grupo de caminheiros “dissidentes” que resolveram e muito bem prolongar a caminhada até ao Chão dos Louros, passando antes pela Rocha Branca. Não sem antes jogar-mos umas animadas partidas de “matraquilhos” num outro bar da localidade!
O regresso fez-se tranquilamente até ao Funchal. De encontro ás nossas famílias. Cheios de uma alma nova para enfrentar a semana!
A “gente”, como já sabem saber meus amigos, encontra-se por aí…num qualquer caminho, num qualquer lugar desta magnifica terra que é a nossa!

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