quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Levada do Rei - Ribeiro Bonito - 13-09-2009

Domingo, 13 de Setembro de 2009
Contra a lógica deste domingo, muito especialmente deste dia, tinha planeado um passeio curto. Um convite a um amigo destas andanças para me acompanhar foi recusado por impossibilidade deste. Eu, quando tenho as coisas planeadas, nada me faz demover dos meus intentos.
Havia um compromisso familiar que teria de cumprir da parte da tarde. Mas até aí teria “muito tempo” para calcorrear mais uma levada/vereda desta terra.

A minha escolha era a Levada do Rei até ao Ribeiro Bonito. E, meus amigos, bonito é deveras muito pouco para descrever semelhante local. Mais um local que, muito dificilmente por palavras, conseguirei transmitir da sua real beleza. Só vendo e sentindo.
Sendo assim e porque ia só, cedo levantei e pus-me a caminho. A caminho de São Jorge no norte da Ilha da Madeira. O dia estava esplêndido. A minha energia ao máximo!
Chegado a São Jorge, parei para o primeiro café da manhã no conhecido Bar/ Adega Jardim. Fui assim o seu primeiro cliente do dia. O café estava bom! Pus-me assim a caminho até á Estação de Tratamento de Águas, logo abaixo do Posto Florestal do Cascalho para aí iniciar o meu percurso solitário.
Faltavam cinco minutos para as nove da manhã quando me pus a caminho.








Umas escadas “certinhas” mas escorregadias levam-nos assim até á esplanada da levada principal.
Dez minutos depois de começarmos a percorrer a levada, penetrarmos noutro mundo. Um mundo encantado. O chilrear dos pássaros, só com o som da água a correr alegre e apressada na levada, deixa qualquer em êxtase!
Dois quilómetros á frente, encontramos, junto ao Ribeiro de Sebastião Vaz, o caminho de terra que vem desde o Posto Florestal do Cascalho. Seguimos em frente. Com a levada por nossa companhia. Contra a sua corrente.
De vez em quando, quando a vegetação nos deixa avistar uma nesga de paisagem, esta mostra-se magnífica! Imponente! De cortar a respiração!
Os fetos que nos adornam o caminho, junto com os musgos que servem de tapete no chão, fazem-nos pensar por breves momentos que estamos integrados num cenário irreal. Somente imaginado por alguém, numa busca incessante de perfeição. Sem palavras.
Momentos perfeitos para a divagar sobre a vida. Consegue-se de facto em locais como este ter uma dimensão perfeita dos nossos problemas. Relativamente ao ambiente que nos envolve tudo o resto parece ser tão pequeno…







Faltavam dez minutos para as dez horas quando atingi a zona onde a levada desaparece por um pequeno túnel, reaparecendo uns metros á frente. Num passe de mágica, diria eu, ela volta novamente a fazer-nos companhia.
Dez minutos depois, atravessamos um pequeno túnel numa curva. Não é preciso lanterna.
O caminho pela levada continua. Lindo! Com a rocha a querer proteger os caminheiros que marcham pela esplanada da levada! O sol, esse continua a querer fazer-me companhia. E que companhia! Era como se a mãe Natureza não quisesse me deixar só na minha caminhada. Então, aqui e ali, ia me mostrando através dum raio de sol, aquilo que eu deveria ver! Nada poderia passar ao acaso!
A sombra das frondosas árvores faziam-me penetrar momentaneamente numa escuridão repentina. A natureza no seu esplendor! Era só respirar fundo e seguir! Havia mais para ver neste Vale Encantado!



As dez e vinte, atingi a zona onde existe uma queda de água que precisamos mesmo atravessar. Mais pingo menos pingo, não há que ter medo. Muito trabalho para retirar o impermeável da mochila. O dia também estava quente! Vinha mesmo a calhar uns pingos de água límpida!
A zona é lindíssima. Logo a seguir á queda de água, uma árvore na margem direita da Levada mostra-nos, pela textura das suas raízes, os anos que por ali anda a ver a água passar…




As dez para as onze horas, atingi a zona do Ribeiro Bonito na madre da Levada. Que quadro magnífico! Os tons de verde, juntamente como som da água alegremente a correr ribeiro abaixo, deixam-me desconcertado! A beleza é tanta! Indescritível!
Os musgos que cobrem as pedras no leito do ribeiro, dão ao cenário um toque mágico! Os fetos, como que cuidadosamente colocados nas paredes laterais do ribeiro, dão ao local um ar que a Natureza, ali esmerou-se! Ali tudo foi colocado no devido lugar! Perfeito!
Demorei-me muito tempo por ali. Subi ainda o ribeiro, pedra em pedra…á procura de mais. Estava só. Um escorregamento seria perigoso. Não havia ninguém. O telemóvel ali não tinha rede. Isso mesmo tinha testado, momentos antes, quando tentava transmitir a um amigo, toda aquela beleza, antes de ali chegar.
Demorei-me mais um pouco. Não queria sair dali. Não tinha coragem de abandonar aquele lugar.


Mas a lógica cruel da rotina e do dever, fazia com tivesse mesmo de sair dali. Havia compromissos a cumprir. Havia pelo menos a compensação de ver todas estas maravilhas de novo, no caminho de volta. Assim foi. Como diz o nosso “guru” na “matéria”, há sempre uma perspectiva diferente que, com um pouco de atenção podemos captar, quando precisamos de fazer o mesmo caminho de volta. Havia assim esse consolo.
Cheguei ao meu ponto de partida eram doze horas e trinta minutos.

Fui ainda visitar um dos únicos moinhos movidos a água que existe na freguesia de S. Jorge. Sugestão de um amigo. O simpático moleiro fez questão de me mostrar cada canto do referido moinho. Contou um pouco da sua história. Uma história de trabalho árduo de pelo menos três gerações. A ele coube a tarefa de continuar a “profissão” da família. No local que deu nome á mesma família. A família dos “moleiros”. Não pude fugir á tradição. Comprei a farinha de milho para a minha mãe confeccionar o milho cozido. Que tão saboroso é. Para quem prefere pode sempre ser frito. Também é óptimo! Se for acompanhado da saborosa espetada, ainda melhor!
Enfim meus amigos, foi um passeio curto. De acordo com o tempo disponível. Lindo!
Um passeio “altamente higiénico” como diria o J.
Nós, continuaremos a nos ver. Num qualquer sítio lindo desta terra.
Abraço e até á próxima caminhada

1 comentário:

  1. um impermiavel na mochila durante o verão??nunca me passaria pela cabeça tal coisa...já está voce noutro nivel? ou é simplesmente um sinal de velhice?nop..sinal de experiencia concerteza.

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