quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Paul da Serra (Pico da Urze)- Levada do Alecrim - Levada da Beira do Paul - Lugar de Baixo - 18-10-2009

Outro domingo na companhia dos Amigos da Natureza.
Iríamos desta feira desde o Paul da Serra até ao Lugar de Baixo, passando por perto do Lombo do Mouro.
A saída fez-se com muita animação e muita gente no Funchal. Em direcção ao planalto do Paul da Serra. O dia estava esplêndido!
Paramos como sempre na Ribeira Brava, para o habitual café e para a habitual cavaqueira nos dias de passeio. O snack bar é sempre o mesmo! O café sempre feito da mesma forma. Saboroso. O cheiro das sandes, enche sempre todo o bar, que se enche também de caminheiros todos os dias de passeio. A bem dizer, transformamos o pacato espaço por breves momentos, com a nossa presença e boa disposição.
Posto isto foi subir até ao Paul da Serra. Paramos assim junto ao Restaurante Estalagem no Pico da Urze. Mais um tempo para uma amena cavaqueira. Ideias sobre a forma de prolongar este passeio, começaram a surgir por um dos elementos mais experientes. Em boa hora, diga-se. Iríamos assim, desviar-nos até á levada do Alecrim que nos levaria até ao inicio da descida para o Rabaçal. O início, foi um pouco atribulado com a malfadada carqueja a dificultar-nos ao máximo o caminho, logo na saída da estrada principal. Ainda por cima, uns desvios propostos por alguns, não se revelaram mais suaves. Era ver toda a gente ao pulos, literalmente, para evitar a "agressão" desta planta. Enfim, o que importava era que estávamos a fazer aquilo que gostávamos e sendo assim, a jornada lá teria de correr-nos de feição.
Íamos assim de encontro até á levada do Alecrim. Depois da carqueja foi fácil encontrar a vereda. O pinheiro sinalizador, numa manhã magnífica, indica-nos o ponto exacto onde está a referida vereda que nos levará sempre a descer até á referida Levada.
As vistas sobre a Ribeira da Janela mostram-se magníficas. O dia continuava excelente.
Não iríamos desta feita até á madre da levada. Um local lindíssimo que poderão comprovar em posts anteriores.
Depois de a atingirmos, foi tempo de seguir a sua corrente. Numa zona onde ela baixa de nível, paramos para umas fotografias de grupo. É sempre uma zona muito bonita para as fotografias.
Depois destas, seguimos caminho. Passamos assim pela Ribeira do Alecrim eram dez horas e quarenta minutos.





Passamos depois pela pequeno Nicho de Nossa Senhora e continuamos na Levada da Beira do Paul.
Agora eram as vistas sobre a costa sul da Madeira que se mostravam soberbas. Com o mar profundo e calmo como cenário.
Continuamos caminho até cruzarmos com a estrada que desce para a Calheta , desde o Paul. Eram onze horas da manhã. Nota negativa para os condutores de umas carrinhas de transporte turístico que lavavam as respectivas carrinhas com a água da levada junto á mesma. Sem qualquer tipo de cuidado, diga-se. Os tempos “mortos” têm de facto de serem preenchidos. Não daquela forma, a meu ver.
De referir que o trilho junto á levada faz-se na maior das tranquilidades. O silencio é “rei e senhor” por estas paragens. As vistas, soberbas. De vez em quando uma vaca resolve barrar-nos o caminho. Estranho, como ainda é possível encontrar estes animais junto a estas zonas que mereciam outro tipo de protecção? Adiante, que é o caminho.


Ás onze horas e quarenta e cinco minutos chegamos ao “Cristo Rei” ou simplesmente “Nosso Senhor da Montanha. Uma zona de culto.
Aproveitamos para aliviar o farnel. Mais uma ronda pelo local, Vale sempre a pena. O espírito enche-se. assim aqui, para o que ainda resta da caminhada.
Continuamos na levada. Longa e penosamente. Havia quem já se queixasse. Atravessamos a estrada antiga que ligava a Ponta do Sol ao Paul, eram doze horas e quinze minutos. E continuamos na levada. Alegres, bem dispostos e contentes.
Cruzamos novamente o caminho de florestal que nos dá acesso ás Rabaças, eram doze e trinta.
O nevoeiro a partir daqui começou a fazer-nos companhia ocasionalmente. É uma zona sempre muito complicada a esta hora da manhã.
Continuamos caminho. Um longo caminho.
Eram treze horas e quinze minutos quando atingimos uma zona de umas grandes pedras. Um desvio feito da vereda, uns metros antes, devido a sua perigosidade, leva-nos assim a uma zona completamente diferente do que estamos habituados. Autênticos blocos de pedra, amontoados, como se fossem aí colocados, abandonados á sua sorte, dão ao local, um toque extraterrestre. Esta é mesmo uma ilha plena de surpresas. Sem sombra de dúvida alguma.
Ultrapassada esta zona, damos de caras com uma zona de uns antigos currais. Por baixo de nós, lá bem debaixo da rocha, passa o Túnel das Rabaças! Impressionante!
Vinte e cinco minutos depois, passamos sobre uma bonita ponte rústica feita em pedra. Mais umas posições para as inevitáveis fotografias.



Começamos agora a descer. E que descida haverá de ser. Uma descida directamente do planalto do Paul da Serra a cerca de 1500 metros de altitude, para o Lugar de Baixo na Ponta do Sol, junto ao mar.
A principio sem nenhuns problemas, pelo caminho florestal. Depois por outro caminho florestal mas calcetado em pedra. Como o eram todas ou quase todas as estradas da Madeira há mais de trinta anos.
Pelas catorze e quarenta , esta mesma estrada bifurca-se. Seguimos pela via da esquerda. Sempre a descer.
Ao fazer-mos este percurso, voltamos atrás no tempo. Digo eu mesmo que, só faltavam as coroas de henrique ou agapantos e as hortênsias junto ás bermas desta bonita estrada. Para completar o quadro, o velhinho carocha do meu pai e o Peugeot 404 do meu tio, estacionados a um canto. E nós, crianças a usufruir da liberdade do campo. Colhendo, ramos, algumas flores para enfeitar os velhos carros, para o regresso á cidade.







Tomamos assim o Caminho da Quinta no Sítio com este mesmo nome. Paramos junto a uma casa, a primeira por sinal. Muito bem situada e pertencente a alguém amigo de um dos nossos amigos. E, como amigo não fecha a porta a amigo, lá tivemos de entrar e provar o néctar de Baco.
Seguimos caminho. A descer, digamos, violentamente. Os joelhos começavam a dar sinais de fadiga. Havia ainda muito para descer.
Chegamos junto aos poços de água, na Estrada Nova da Lombada, eram catorze horas e cinquenta minutos. Descemos pelo caminho de betão. Pelo caminho do Jangão. Daí para o Caminho do Pico do Gago. Depois para o caminho do Lombo da Casada. Pelo caminho cruzamos com a Levada Nova.
Finalmente atingimos a Estrada de Santo António. Estávamos finalmente perto do fim desta descida alucinante. Tempo ainda para apreciar os bananais bem cuidados desta zona. Os belos cachos de banana assim o demonstram. O clima faz o resto.


Chegamos ao fim, faltavam vinte minutos para as quatro horas da tarde.
Depois de bem refrescados e de mudadas algumas peças de roupa, juntamo-nos ao convívio. Havia que esperar pelos mais atrasados. O tempo seria, também aí bem aproveitado. Muito bem aproveitado, diga-se.
Voltamos, depois de todos reunidos, ao Funchal. Ao aconchego das nossas casas. Os joelhos cansados, não deixavam passar em branco esta caminhada. Por sítios incríveis. Inimagináveis. Assim foi. Com muita satisfação.
Nós, continuaremos a caminhar por aqui.
Apesar de alguns dúvidas, sobre se, deveria ou não continuar com este “diário de bordo” como alguém uma vez lhe chamou, depois de muito reflectir, resolvi continuar. Neste “meu espaço”. Onde sem qualquer tipo de pretensão, coloco, sensações minhas, olhares meus. Relatando as minhas experiencias de caminheiro. Sozinho ou acompanhado. Por cada canto desta terra linda que é a minha. Os propositos portanto, continuam assim a ser os mesmos como quando começei.
Abraço e até á próxima caminhada.

4 comentários:

  1. oi Ilidio.
    por começo obrigada por não desistir do teu diário de bordo "caminhadas", pois gosto muito de acompanhar mesmo que de tão distante estes caminhos tão cheios de beleza, e de história, por onde posso andar pela tela do computador, ("sem dor nos joelhos") e conhecer, acompanhar e crescer junto a natureza, e ainda enebriando meu espirito que precisa sempre de bom alimento para enfrentar as adversidades da caminhada diária.
    quero te perguntar o que é 'cavaqueira' li tudo mas não consegui associar o que seria.
    adorei as fotos 2,3,4 e as que mostram o leito do riacho, penso que sou meio apaixonada por montanhas, rios, quedas d'agua... são sempre o que mais me fascinam, alem dos meus queridos cactus é claro.
    volto em breve para acompanhar mais uma caminhada, junto a ti, ou ao grupo de caminheiros.

    beijo grande .

    Rosan

    ResponderEliminar
  2. Meu querido,
    Fernando Pessoa sabia o que dizia quando afirmou ser o poeta um grande fingidor...
    Quanto a estas paisagens que aqui encontrei,pude viajar em cad uma delas e extrair palavras mágicas de dentro das serras, do encantamento das brumas, das águas dos riachos...
    Um beijinho para ti e fico feliz que esteja de volta

    ResponderEliminar
  3. Para quem no coração da Amazonia nasceu,(MANAUS) ,perceber uníssona postura ecológica,me eleva,e faz sentir melhor pessoa,por comprovar que não só eu, a natureza propõe ´preservar,os porques dizendo,com documentos da NASA , e mesmo assim não agredido sendo por sempre acompanhado ir de grupos voluntários!
    merci!
    Viva a Natureza !

    Viva a Vida!

    ResponderEliminar